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Condenado por violência de gênero, Villa, do Boca, pode parar de jogar
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A sexta-feira (2) teve ares de dramalhão em Buenos Aires, apreensiva e frenética com o desfecho do "caso Villa".
Melhor jogador dos últimos tempos do Boca Juniors, clube mais popular da Argentina, o meia-atacante foi condenado a dois anos e um mês de prisão por violência de gênero. A denúncia foi feita em 2020 pela colombiana Daniela Cortés, sua ex-esposa.
(Difícil traçar algum paralelo do "caso Villa" com o Brasil. Quem teria, por aqui, a sua transcendência? O nome que surge é o de Gabigol, principal jogador do clube mais popular do país. O colombiano Sebastián Villa jamais foi ídolo do Boca, é verdade, mas atuava na equipe desde junho de 2018, e era um enorme protegido de Juan Román Riquelme, ídolo e atual vice-presidente de futebol azul e ouro.)
Fora da cadeia...
Pouco depois das 13h (de Brasília), quando a juíza Claudia Dávalos determinou a sentença de Villa, as rádios e TVs de Buenos Aires que se dedicam mais às celebridades que ao futebol começaram a discutir avidamente o caso do colombiano, que chorou ao conhecer sua pena —as imagens são um prato cheio para as emissoras, que repetem as cenas desde então.
Villa, que está com 27 anos, foi condenado por "ameaças coercitivas e lesões leves com violência de gênero". Não ficará na prisão, porque na Argentina as sentenças menores de três anos não são consideradas executáveis.
Bastará, ao colombiano, "regras de conduta, não manter qualquer contato com a vítima, não usar drogas ou abusar de bebidas alcoólicas, passar por tratamento psicológico e palestras sobre violência de gênero", segundo a juíza.
...mas também fora do Boca
O clube fez vistas grossas ao "caso Villa" e a possibilidade de ele ser condenado. O colombiano jogou normalmente nos últimos meses, causando a bizarra situação de entrar em campo e ouvir cânticos das torcidas rivais como "Villa vai preso" ou "O Boca é o time do estuprador".
O colombiano, por exemplo, foi titular anteontem (1º) na derrota do Boca para o Arsenal de Sarandí, posando coletivamente antes da partida com uma faixa contra a violência de gênero, para no dia seguinte ser condenado.
Surreal.
Assim que soube da decisão da Justiça, o Boca afastou o atleta do elenco, e Villa pode até mesmo parar de jogar para sempre.
"Ele não será integrado ao time até que haja uma decisão definitiva da Justiça", informou o clube xeneize por meio de nota oficial.
Convocado nos últimos anos para a seleção da Colômbia e despertando interesse de clubes médios da Europa, Villa encontrará muita resistência na busca por um novo empregador.
E há, ainda, a possibilidade de ele ser impedido de sair da Argentina, o que deve ser determinado na semana que vem, assim como a decisão da sua defesa de recorrer da sentença ou não.
O mais chocante de tudo é que Villa tem outro processo sobre si, de 2021, desta vez por "abuso sexual com acesso carnal".
Sendo condenado de novo, o colombiano será sim preso, interrompendo obviamente sua carreira.
Há um antecedente abordado na Argentina como última saída para Villa seguir a carreira: o exemplo de Alexis Zárate, ex-Independiente, condenado a seis anos e meio de prisão, que atuou no Liepaja, da Letônia, até enfim ser levado à cadeia argentina.
"Se Villa tivesse quebrado as duas pernas, não seria tão grave para a sequência da sua carreira", afirmou Fernando Burlando, advogado da vítima, dizendo que a condenação do atacante do Boca é um "divisor de águas na história da Argentina".
Procurados pela coluna, os advogados de Villa não foram localizados. Caso se manifestem, este texto será atualizado.
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