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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Vale a pena 'secar'? Badalado River pode dar adeus à Libertadores hoje

Solari, do River Plate, é marcado por Felipe Melo, do Fluminense, em jogo válido pela Libertadores - REUTERS/Agustin Marcarian
Solari, do River Plate, é marcado por Felipe Melo, do Fluminense, em jogo válido pela Libertadores Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Colunista do UOL

27/06/2023 04h00

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Candidato ao título da Libertadores da América, o River Plate tem hoje (27) uma verdadeira decisão. Precisa vencer o The Strongest-BOL às 21h (de Brasília) no Monumental de Núñez, com todos os 86.000 ingressos vendidos, para se classificar às oitavas de final da Libertadores.

Empatando, o gigante portenho dependeria do Fluminense, que recebe o Sporting Cristal-PER no Maracanã no mesmo horário.

Em caso de derrota e eliminação, esta seria a primeira queda do River na fase de grupos da Libertadores desde 2009, muito antes da "era Marcelo Gallardo", quando o treinador era Nestor "Pipo" Gorosito.

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Na mira do Flamengo, De la Cruz tem contrato com o River Plate até 2025
Imagem: Divulgação

Se deixar chegar...

Para manter a supremacia na Libertadores, os times brasileiros deveriam abertamente torcer para os bolivianos no melhor estilo "hoje o The Strongest é o Brasil na Libertadores" (em paródia ao famoso e polêmico bordão de Galvão Bueno nos anos 1990).

O River faz até aqui uma primeira fase abaixo do esperado, perdendo por 5 a 1 para o Flu no Maracanã, mas se recuperando com um convincente 2 a 0 em Buenos Aires, mostrando que tem chances no mata-mata contra qualquer concorrente desta Libertadores.

Com um meio-campo estrelado, aproveitando a versatilidade de Rodrigo Aliendro, a ótima fase de De La Cruz, a constância de Nacho Fernández, a habilidade de Esequiel Barco e a potência do atacante Lucas Beltrán, o River mostrou que tem um técnico competente (o estreante Martín Demichelis) e um banco de reservas repleto de opções, com Enzo Pérez, Miguel Borja, Pablo Solari, Agustín Palavecino e Matías Suárez, um craque que luta sempre contra as lesões.

O ponto fraco é a defesa, tanto que o time chega a esta decisão com saldo de gols negativo (11 sofridos e 9 marcados).

É a segunda pior retaguarda de toda a fase de grupos, empatada com o Patronato-ARG e à frente apenas do Cerro Porteño-PAR, que levou 12 gols.

Para complicar ainda mais, o sistema terá hoje um desfalque: Leandro González Pírez, que venceu a desconfiança e soube se fixar na posição, ganhando o respeito da exigente torcida do River.

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Time do River no Monumental de Núñez
Imagem: Twitter Juan Pablo Balbi

Monumental caldeirão

Outro ponto que pode complicar qualquer adversário do River na eventual sequência desta Libertadores é o insano Monumental de Núñez, hoje o maior estádio do continente, lotado tanto de gente e de euforia.

O River jogando em casa tem sido um dos maiores espetáculos do futebol argentino, como visto na vitória contra o Fluminense.

Os tempos dos clubes brasileiros temendo a Bombonera hoje deram lugar ao receio de pisar também no Monumental, "um estádio com estrutura europeia e paixão argentina", segundo a sua orgulhosa torcida.

Exemplos que mostram como o River historicamente pode superar uma primeira fase claudicante não faltam.

Mesmo o primeiro título de Gallardo na equipe, em 2015, teve uma difícil chegada ao mata-mata, apenas no último jogo e dependendo de resultados, reforçando que aquela "secadinha básica" dos brasileiros não está fora da realidade, não.

Outro ponto que chama atenção no país vizinho é que a classificação deste badalado River (líder do Campeonato Argentino com 10 pontos de vantagem para o segundo, o Talleres) é que a sua classificação viria quase certamente com a segunda posição do seu grupo.

Boca e Racing, afinal, entram na última rodada na liderança de suas chaves.

E o Argentinos Juniors, no grupo do Corinthians, precisa de um empate fora de casa contra o Independiente del Valle para garantir a ponta.

Dizer que é melhor encarar o River que o The Strongest na altitude de 3.625 metros de La Paz não faz muito sentido.

Os times bolivianos não têm tradição na Libertadores e seriam presas fáceis fora de casa, ao contrário deste River.

O histórico, porém, mostra que a vitória do gigante de Núñez na noite de ontem é das mais prováveis.

Em casa, o River recebeu times da Bolívia em 15 ocasiões, com 14 vitórias e 1 empate. O antecedente mais lembrado é o 8 a 0 no Jorge Wilstermann nas quartas de final de 2017, um dos pontos altos de Gallardo no comando da equipe.