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Afiados, Boca e River podem romper domínio brasileiro desta vez
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O Boca Juniors surpreendeu ontem (29) à noite na Bombonera lotada. Menos pelo adversário, o Monagas, da Venezuela, varrido por 4 a 0, e mais por uma interessante mexida no time levada adiante pelo técnico Jorge Almirón, que assumiu a equipe há dois meses e duas semanas .
Almirón formou aquilo que os argentinos chamam de "tandenes", as "tabelinhas" entre os laterais e os meias.
Ele avançou o promissor Valentín Barco (de apenas 18 anos), lateral-esquerdo de ofício, e o colocou entre o meio-campo e o ataque, "segurando" Frank Fabra na última linha de defensores.
Tal tentativa já havia sido colocada em prática pela direita, com Weigandt e Advíncula (desfalque ontem por lesão).
O time encaixou contra o Monagas e mostrou uma formação que pode sim complicar a vida de qualquer adversário no mata-mata desta Libertadores. O Boca, vale lembrar, passou de fase como o primeiro do seu grupo.
Outro ponto alto da equipe é o volante Alan Varela, no alto dos seus 21 anos, que ontem à noite também brilhou. Ele vinha sendo pouco aproveitado pelos técnico anteriores e tem correspondido ao cartaz de ser uma das grandes promessas xeneizes dos últimos tempos.
A Bombonera em chamas vibrou com a sensação de que a penúria ficou para trás. Será interessante acompanhar como Almirón (vice-campeão da Libertadores com o Lanús em 2017) vai armar suas equipes daqui por diante.
O próximo mercado de passes é considerado o mais importante da gestão Juan Román Riquelme (no cargo de vice-presidente de futebol desde 2019). A chegada de atacantes e zagueiros é urgente. O ídolo máximo da história do clube sabe que só uma boa campanha na Libertadores vai assegurar sua vitória nas eleições presidenciais do Boca em dezembro.
River crescendo
Outro time argentino que começou mal e terminou bem a fase de grupos foi o River Plate.
O gigante de Núñez finalmente equilibrou sua defesa com o seu ataque. Nos últimos dois jogos, contra Fluminense e The Strongest, fez quatro gols (dois 2 a 0) e não sofreu nenhum. Aleluya.
O zagueiro Ramiro Funes Mori, que se destacou até pela seleção argentina, está de volta para suprir a carência do time no setor. Este River do meio para a frente joga um futebol refinado e combativo. É o melhor time do futebol argentino nos últimos tempos, comparável àquele River de Marcelo Gallardo em 2019, a sua melhor versão em oito temporadas e meia pelo clube.
O Monumental de Núñez com sua capacidade recorde, sempre lotado com 86.000 torcedores, é outro ponto de desequilíbrio nesta Libertadores. Nem dá para dizer que é um alçapão, tamanha a magnitude do estádio, palco de 12 vitórias nos 13 jogos de Demichelis no comando da equipe até aqui.
A sensação de novidade no clube, a famosa "fome de vitórias", também merece ser destacada.
O técnico é recém-chegado e, de todos os titulares, apenas o goleiro Armani, o lateral-esquerdo Casco e o meia Nacho Fernández são remanescentes dos títulos anteriores.
A sensação na Argentina é que desta vez há chances maiores de romper o domínio brasileiro na Libertadores do que nos anos anteriores.
É preciso ressaltar que o histórico é plenamente desfavorável aos argentinos.
Dos últimos dez mata-matas contra os brasileiros, os vizinhos perderam nada menos que nove (a exceção foi o Estudiantes x Fortaleza das oitavas do ano passado com classificação do time de La Plata).
Interessante observar também a diferença no calendário.
As oitavas de final vão começar no próximo dia 17, mostrando, até lá, o seguinte volume de jogos oficiais nesta temporada para River (34 jogos), Boca (34), Palmeiras (43) e Flamengo (47).
É uma diferença considerável que expõe os brasileiros ao cansaço e às lesões.
Argentinos Juniors e Racing deixaram times brasileiros para trás na fase de grupos.
O "Bicho da Paternal" eliminou o Corinthians, ganhando uma e empatando outra, provando que o time do técnico Gabriel Milito pode ter suas limitações, mas é, sim, um time. E bem treinado, por sinal.
O Racing comprovou aquilo que a coluna vinha dizendo desde janeiro: nas mãos de Fernando Gago, teria chances sim de surpreender nesta Libertadores.
O primeiro espanto veio na fase de grupos ao superar o Flamengo de Jorge Sampaoli e se classificando na liderança da chave.
Há uma incógnita para a sequência da Libertadores em saber como o time vai se comportar sem Matías Rojas, seu melhor jogador, acertado com o Corinthians.
Pelo que vem sendo visto até aqui, uma hipotética ordem de forças entre os argentinos para a sequência da Libertadores seria: River, Boca, Argentinos e Racing.
Que o torcedor brasileiro guarde bem esta ordem para o sorteio do mata-mata, na quarta-feira que vem, e cruze os dedos para que ocorram os possíveis Boca x River e Racing x Argentinos, diminuindo bastante os problemas dos times do país até a finalíssima de novembro no Maracanã.
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