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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Brasileirão vê disparada estrangeira e recorde de jogadores argentinos

Di Placido, argentino que joga no Botafogo - Wallace Teixeira/Futura Press/Folhapress
Di Placido, argentino que joga no Botafogo Imagem: Wallace Teixeira/Futura Press/Folhapress

Colunista do UOL

01/07/2023 08h35

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O Brasileirão de 2023 caminha para o recorde de atletas estrangeiros na competição. Prestes a abrir sua 13ª rodada de um total de 38, o campeonato conta até aqui com 98 jogadores nascidos fora do território nacional (14,4% do total de jogadores inscritos).

O recorde ao final da competição foi na edição de 2022, com 119 "gringos" (11% da quantidade total).

Os números são da base de dados "Transfermarkt", que apresenta 97 estrangeiros em 2021; 105 em 2020; 85 em 2019; e também 85 em 2018.

Vale destacar que o crescimento atual vem na esteira da iniciativa dos clubes de aumentar o limite de estrangeiros.

Em fevereiro deste ano, foi autorizada a ampliação de cinco para sete a "cota" permitida de atletas de outros países para cada partida.

O país com mais atletas no Brasileirão-2023 é a Argentina, a exemplo do ano passado.

Enquanto em 2022 foram 28 (na soma final), a atual edição já tem 32 nascidos no país vizinho, atual campeão do mundo, batendo o então recorde da edição anterior.

Outras 13 nações possuem representantes no Brasileirão-2023: Uruguai, Colômbia, Portugal, Paraguai, Equador, Chile, Venezuela, China, Bolívia, Bulgária, Itália, Nicarágua e Estados Unidos.

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Enner Valencia foi apresentado no Inter
Imagem: Reprodução/Instagram

Tradição

Um dos recém-chegados ao futebol brasileiro é o atacante equatoriano Enner Valencia, do Internacional.

"Temos grande expectativa com a chegada do Valencia. Vai nos ajudar muito. Além disso, ao longo da história do Inter, a equipe sempre foi muito receptiva com jogadores nascidos em outros países", contou à coluna Alessandro Barcellos, presidente do Inter.

"Desde quando o [Juan Pablo] Vojvoda começou a colocar seu trabalho em prática, observamos que havia um método diferenciado do que estávamos acostumados", afirmou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, que conta há dois anos com o treinador argentino.

"A intensidade das atividades foi elogiada logo no início e os atletas se sentiram bastante confortáveis. De lá para cá, estabelecemos um estilo de jogo eficiente, que nos gerou resultados relevantes."

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O Flamengo venceu no Brasileirão, e Jorge Sampaoli abriu o jogo sobre a evolução da equipe
Imagem: Reuters - SERGIO MORAES

Só o começo

"É importante para os clubes e para a futura Liga ter atletas e treinadores estrangeiros aqui, assim como brasileiros que fizeram sucesso no exterior, pois o mercado nacional quer se consolidar como provedor de conteúdo para audiências internacionais", analisa Alexandre Vasconcellos, da empresa End to End, especialista em gerar engajamento no mercado esportivo.

"Atualmente, o futebol brasileiro já vende direitos para vários países e atrai a atenção de quem se interessa por esses personagens de renome global. O próximo passo fundamental é consolidar uma só Liga em termos de gestão do produto e ganhar força comercial nesses países", conclui.

Tal tendência de abertura a estrangeiros se vê também no banco de reservas.

Até a surpreendente saída de Luis Castro do Botafogo nesta semana, 45% dos treinadores da Série A vinham de fora.

"O técnico e toda comissão técnica que possuem origem internacional devem receber um bom suporte, uma vez que o tempo de adaptação é fundamental para que o trabalho seja desenvolvido com êxito e alcance resultados esportivos positivos", pontua Júnior Chávare, executivo de futebol da Ferroviária, que trabalhou com Jorge Sampaoli (no Atlético-MG) e Diego Dabove (no Bahia).

Além dos trabalhos realizados pelos argentinos Juan Pablo Vojvoda, no Fortaleza, e Jorge Sampaoli, no Flamengo, neste momento, seis times da elite do futebol brasileiro contam com técnicos portugueses: Palmeiras (Abel Ferreira), Cruzeiro (Pepa), Bahia (Renato Paiva), Bragantino (Pedro Caixinha), Cuiabá (António Oliveira) e Goiás (Armando Evangelista), além do já citado Luis Castro, que deixou o Botafogo.

"O futebol brasileiro teve uma evolução tática muito grande, por conta disso buscamos um comandante com essa capacidade", cita Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá, justificando a escolha por um técnico de fora.

"A vontade dele de sair da zona de conforto, de buscar um novo desafio, alinhado ao entendimento que possui do futebol, nos levou à conclusão de que ele seria o nome ideal para comandar o nosso grupo", reforçou Paulo Rogério Pinheiro, presidente do Goiás, sobre a contratação do técnico português Armando Evangelista, que levou o surpreendente Arouca à quinta colocação do último campeonato de seu país.

Trazer estrangeiros de peso custa caro, e os clubes desenvolvem verdadeiras engrenagens financeiras para bancar as contratações.

Um exemplo é o Grêmio, que acertou uma cota de patrocínio com o Esportes da Sorte para garantir a verba destinada ao uruguaio Luis Suárez.

"Temos o objetivo de incentivar e participar do desenvolvimento das equipes que patrocinamos. Tais atletas [como Suárez], fazem diferença dentro e fora de campo, por isso ajudamos o Grêmio nesta aquisição", diz Darwin Filho, CEO do Esportes da Sorte.