Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Chapecoense é a escolha ideal para se tornar clube-empresa
No início de agosto, foi sancionado o Projeto de Lei 5516/2019 que tem como objetivo incentivar os times brasileiros a mudarem o modelo de associações sem finalidades lucrativas para clubes-empresa. Mas essa nova onda, com inúmeras agremiações desejando virar essa chave, achando que tudo será tratado da noite para o dia com mais seriedade e profissionalismo, sabemos que não é verdade.
Existem empresas boas, medianas e péssimas. No cenário nacional, temos mais empresas passando por dificuldades do que lucrativas. Ainda acredito que o melhor modelo para o futebol brasileiro é o que temos em vigência, mas conseguimos estragá-lo porque ninguém assume a bronca quando ocorre uma má gestão e ninguém é responsabilizado pelos rombos financeiros.
Já disse aqui neste espaço que não é a empresa que faz as pessoas, e sim as pessoas que fazem a empresa. Encontramos hoje no Brasil uma escassez de confiança, independentemente da qual seja a área. Talvez este seja o maior desafio, buscar personagens que realmente entendam de futebol, sejam íntegros e que passem confiança em um processo com transparência. Se as peças do tabuleiro seguirem as mesmas, o jogo não irá mudar se não buscarmos profissionais capacitados para esta transição.
Quero saber quantos profissionais do futebol criados há décadas neste modelo de futebol sem dono e sem responsabilidade estão preparados para viver uma empresa de verdade, com processos e cobrança? Mas não essa cobrança de ser xingado na rua, mas sim a cobrança com bens materiais, com a ameaça de ter o nome sujo no Serasa. Será uma nova busca por profissionais que tenham esses valores e ainda entendam do mundo da bola.
Há alguns dias participei de uma palestra em Chapecó (SC) e fui questionado sobre o meu ponto de vista em relação à Chapecoense se tornar clube-empresa. Acredito que a Chape é o melhor clube hoje a se investir, seja se tornando clube-empresa ou se for comprada por um grupo de investidores estrangeiros. A dívida do time catarinense hoje está em cerca de R$ 120 milhões, bem inferior a de outros clubes do Brasil — a do Cruzeiro passa de R$ 1 bilhão.
Outro fato a favor é que a Chapecoense é uma marca mundialmente conhecida, mesmo sabendo que a razão por este feito não ser das melhores — devido à tragédia do voo com a delegação da equipe e jornalistas em 2016. É importante ressaltar esta causa como um todo. Depois daquela fatídica tragédia que ocorreu há cinco anos, o povo brasileiro abraçou a Chape como o segundo time de coração. A empresa/grupo que assumir o clube, principalmente se for estrangeira, será recebida de braços abertos por todos os torcedores brasileiros, visto que os familiares daquela tragédia que ainda perpetua ficaram desamparados. Esta nova história pode ajudar a amenizar essa dor.
Caso este movimento realmente saia do papel e se torne sólido, os clubes pequenos e médios serão os mais beneficiados, porque serão menos problemas para resolver e dívidas para pagar, além de menor número de conselheiros para 'sentar numa mesa' e dar pitacos.
Mantendo as cores da camisa e respeitando a história do clube, o torcedor do povão não quer saber quem dá as ordens, quem é o dono. Ele está interessado mais em ter bons jogadores no time e na conquista de títulos, pois é isto que alegra o torcedor.
É balela essa história que o torcedor brasileiro não vai se adaptar, não cola, vide o sucesso na Inglaterra com Chelsea, Manchester United, Liverpool, Manchester City...
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