Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Cruzeiro de Ronaldo é esperança ao futebol brasileiro
Com Augusto Zaupa
Depois de alguns anos de sofrimento, com a queda à Série B e o insucesso ao não ter obtido o retorno à elite do Brasileirão nas duas últimas temporadas, o torcedor do Cruzeiro, enfim, teve um alento nos últimos dias com a notícia que impactou o mundo: a compra de 90% das ações da SAF por parte de Ronaldo Fenômeno pelo valor de R$ 400 milhões.
Achei sensacional este anúncio que surpreendeu a todos porque tenho um carinho e uma gratidão muito grande pelo Cruzeiro. Foi neste clube que me aposentei - talvez seja o processo mais importante na carreira de um atleta profissional - e exerci a função de gerente de futebol depois de ter conquistado dois títulos brasileiros (2013 e 2014).
Este processo de modernização no futebol brasileiro é tão importante que o Cruzeiro segue estampando as capas de jornais e páginas dos principais portais de notícias do mundo, tanto pelo tamanho do clube como pela grandeza de Ronaldo, por ter sido um dos maiores atacantes da história do futebol mundial.
É de exrema alegria testemunhar este processo de transição da Raposa, deixando o noticiário policial um pouco de lado - por todos os desvios de dinheiro e dívida bilionária - para ser destaque no noticiário esportivo pela esperança que Ronaldo & Cia trarão ao time mineiro, visto que desde 2019 o torcedor tem sido constantemente bombardeado com desgostos dentro e fora do campo.
A divulgação da compra do Cruzeiro pelo Ronaldo foi tão impactante que o lado azul de Minas Gerais ofuscou nestes últimos dias o fato de o Atlético-MG ter voltando a ser campeão brasileiro após 50 anos e de ter ganho o bi da Copa do Brasil. Acredito que novos casos com tamanha repercussão só ocorreriam se Ronaldinho Gaúcho comprasse o Grêmio, se Romário adquirisse o Vasco ou se Pelé se virasse dono do Santos - pelo início de suas trajetórias e conquistas mundiais que alcançaram ao longo de suas carreiras.
Este processo de reconstrução do Cruzeiro, no entanto, será longo e repleto de percalços. Mas acredito que Ronaldo e a equipe que o cerca têm a expertise mais do que necessária para conduzir o barco. O Fenômeno é atualmente um empresário de sucesso, influente, conectado com inúmeras frentes. É foi um jogador que nos trouxesse orgulho por tudo que alcançou no futebol europeu e pela seleção brasileira.
E os demais clubes?
Lógico que este advento Ronaldo/Cruzeiro despertou ainda mais o desejo de outros clubes de seguirem este caminho. Outros já ensaiavam (e ainda ensaiam) se tornarem SAF (Sociedade Anônima do Futebol), como Chapecoense, Vasco, Coritiba e Botafogo - o time carioca está negociando a sua venda ao dono do Crystal Palace, da Premier League.
Já escrevi aqui neste espaço que é preciso ter muita cautela com esta euforia causada por esta nova onda de agremiações desejando virar a chave ao se tornarem SAF. Existem empresas boas, medianas e péssimas. No cenário nacional, temos mais empresas passando por dificuldades do que lucrativas.
Ronaldo Fenômeno e sua equipe já chegaram ao Cruzeiro tomando decisões impactantes, entre elas o veto de Alexandre Mattos para assumir o posto de diretor de futebol. Trabalhei com o Alexandre na Toca da Raposa, temos uma excelente relação e ele é um executivo de sucesso. Mas, de forma imparcial, vejo que é preciso se adaptar a este novo modelo de gestão, uma vez que a voz ativa e última palavra serão do dono do clube. São providências que não podem ser levadas para o lado pessoal, visto que novas medidas também virão nos próximos dias.
O mercado brasileiro é carente de profissionais que saibam trabalhar em clubes que têm empresários como donos, pois ninguém assume a responsabilidade pelos danos causados por gestão pífias e que endividam o clube, vide o recente passado próprio Cruzeiro. Toda a cadeia interna do clube terá que se readaptar com este novo modelo (desde o porteiro ao cabeça da diretoria, assim como os próprios jogadores).
A imprensa também terá que rever a forma como encara a rotina de um time de futebol, visto que no atual modelo o presidente do time é cobrado a dar entrevista para se explicar depois de três derrotas. Esta metodologia não é comum na Europa, o dono de um clube não costuma conceder entrevistas aos jornalistas em um momento conturbado.
2022 será um ano de novidades e readaptação em toda a rede do futebol brasileiro.
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