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Dedé merece voltar a brilhar agora na Ponte

Dedé é apresentado como novo zagueiro da Ponte Preta - DIEGO ALMEIDA / Ponte Preta / Divulgação
Dedé é apresentado como novo zagueiro da Ponte Preta Imagem: DIEGO ALMEIDA / Ponte Preta / Divulgação

22/01/2022 04h00

Com Augusto Zaupa

Nas últimas horas de 2021, fiquei muito feliz ao saber que a Ponte Preta havia contratado o zagueiro Dedé, um dos atletas mais conhecidos do nosso futebol na última década. Apesar de ele não atuar desde setembro de 2019 por causa de sucessivas lesões, achei este acerto ótimo para ambos os lados.

A Ponte Preta poderá contar com um jogador de muita qualidade, técnico e com passagens pela seleção brasileira. São pontos importantes para o time de Campinas, que jogará o campeonato mais importante e equilibrado do país nos primeiros meses do ano, que é o Paulistão.

Já para o Dedé é válido ele poder voltar a jogar depois mais de dois anos inativo e ainda poder contar com o apoio irrestrito da Ponte. Acredito ainda que ele possa atuar em algum clube da Série A ainda nesta temporada caso ganhe ritmo e sequência de jogos na equipe do interior de São Paulo. Ele tem apenas 33 anos.

Mas é normal essa dúvida que paira sobre ele devido às contusões. Pela saúde, porte físico e velocidade que ele tem, vejo que o Dedé pode ainda estender a sua carreira por mais algumas temporadas, se aproximando dos 40 anos em atividade.

Dedé foi apresentado pela Ponte Preta e comentou sobre saída do Cruzeiro - GettyImages - GettyImages
Dedé em ação pelo Cruzeiro
Imagem: GettyImages

Não acredito que haja algum risco para a Ponte Preta contratar um zagueiro que não vai a campo há mais de dois anos. Foi uma oportunidade de mercado, pois, pelas atuais condições do clube, o Dedé teria que estar numa situação desfavorável, porque ele é atleta de ponta. A Ponte foi muito inteligente em ter acertado com um profissional tão capacidade como ele.

Dedé foi um dos principais zagueiros do futebol brasileiro, ganhou inúmeros prêmios de melhor atleta da posição e entrou na seleção do Brasileirão. O futebol dele é indiscutível, de alto nível. Ele só não jogou na Europa por opção pessoal, porque bola sempre teve.

O Mito, como a torcida o chama, não teve essa ambição de quase todo profissional de atuar no Velho Continente. Mesmo ao ser procurado por gigantes da Inglaterra e da Itália, optou seguir no Cruzeiro pela admiração e ótimo relacionamento com o time mineiro, assim como já havia tido anteriormente com o Vasco.

Muitos questionaram a integridade do Dedé quando ele entrou na Justiça pedindo rescisão de contrato com o Cruzeiro, em um momento que o clube lutava mais um ano para voltar à elite do Brasileirão. Em 2019, ainda houve o atrito com o Rogério Ceni, que achava que, por idade, os jogadores não renderiam como o treinador desejava quando esteve à frente do Cruzeiro. Aquela situação toda foi uma grande surpresa para mim, ver o Dedé sendo inquirido pelo seu caráter.

Ele tem um grande coração. Nunca coloquei em jogo a honradez dele porque pude o conhecer de perto. Parte desta polêmica deve-se ao fato de ele ter exposto a sua visão do ambiente que circulava a Toca da Raposa nestas últimas árduas temporadas devido à queda à Série B. Porém, ele sempre pensou no grupo, no global. Tem um caráter ímpar.

Atuamos juntos durante cerca de três anos e ainda tive a oportunidade de dirigi-lo por cerca de uma temporada, quando assumi o posto de gerente de futebol cruzeirense. Foi um baita momento conviver com o Dedé diariamente.

Fomos campeões brasileiros juntos em 2013 e 2014. Estávamos num grupo em que muitos jogadores já haviam conquistado algo relevante no futebol nacional e até da América do Sul, alguns com passagem pelo exterior. Era um grupo forte e encorpado, com personalidades vastas. Desta forma, claro que tínhamos as nossas divergências, mas administrávamos muito bem os nossos egos e emoções em prol do objetivo final, que era o título.

Espero ver o Dedé em campo logo nas primeiras rodadas do Paulistão, quem sabe já diante do Palmeiras, na próxima quarta-feira (26).