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OPINIÃO

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Cobiçado por gigantes europeus, Raphinha pode chegar ao ápice no Barça

Raphinha comemora gol pela seleção brasileira contra o Paraguai, pelas Eliminatórias à Copa - Lucas Figueiredo/CBF
Raphinha comemora gol pela seleção brasileira contra o Paraguai, pelas Eliminatórias à Copa Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

26/03/2022 04h00

Com Augusto Zaupa

Na reta final da temporada europeia, o meia-atacante Raphinha deve respirar novos ares no segundo semestre de 2022. Por ainda transitar no meio do futebol, acredito que este gaúcho de Porto Alegre vai fechar com o Barcelona. A imprensa do Velho Continente noticiou que a oferta catalã para tirar o atleta de 25 anos do Leeds é de 35 milhões de euros (cerca de R$ 187 milhões). Outros quatro grandes europeus também querem contar com o futebol do hoje jogador da seleção brasileira: Chelsea, Arsenal, Liverpool e Manchester United.

Entre as ofertas que estão na mesa, uma é de 40 milhões de libras (mais de R$ 250 milhões) do Chelsea, possivelmente realizada antes da eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, pois os Blues estão proibidos de contratar atletas devido a punição da Fifa — o time londrino ainda pertence ao magnata russo Roman Abramovich.

Vejo o Raphinha entre os jogadores mais cobiçados atualmente no mercado da bola da Europa por estar maduro, pronto para desempenhar qualquer função que o treinador o solicitar. Obviamente, por serem mais jovens e midiáticos, Erling Haaland (Borussia Dortmund), Kylian Mbappé (PSG) e Vinícius Júnior (Real Madrid) estão à frente nesta corrida — como sempre digo: Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo estão em outra prateleira, então nem os comparo.

O Raphinha tem características particulares. Normalmente, os jogadores de lado atuam com o pé contrário da posição do campo em que se movem, trazem a mais bola para dentro, usam mais o drible...

Já o Raphinha consegue desempenhar bem nos dois lados, tanto do direito como no esquerdo, na profundidade, esticando o jogo. Quando atua com o pé contrário, é de uma forma mais agressiva, utilizando bem o chute, independentemente do setor do campo em que está. Isso tudo o torna especial. A seleção brasileira está muito bem servida de jogadores de lado, pois o Tite ainda conta com Antony e Vinícius Júnior. Sem falar do Neymar, que é hors-concours, fora da curva.

Cobiçado na janela de transferência que está próxima a abrir, Raphinha poderia muito bem seguir na Premier League, porque também recebeu propostas para jogar no Arsenal e no poderoso Manchester United. Mas a possibilidade de ele trabalhar no Barça, e ainda mais com o Xavi Hernández como treinador, vai acrescentar ao estilo de jogo dele. O Raphinha já ganhou bagagem por ter trabalhado com o Marcelo Bielsa no Leeds.

Apesar de ainda não ter longa experiência como técnico, Xavi, com certeza, mantém as ideias de estilo de jogo de quando ainda era um dos maestros do meio-campo do Barcelona. Vale também lembrar que, recentemente, o Tite tentou trazer o Xavi para ser seu auxiliar na seleção brasileira, tamanha é a experiência, capacidade e conhecimento que este espanhol tem no mundo do futebol.

Jogadores brasileiros mais técnicos, habilidosos, preferem viver a experiência de defender a camisa do Barcelona, como fizeram Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Ronaldo Fenômeno, Romário... Os nossos últimos melhores jogadores do mundo, tirando o Kaká, atuaram pelo time catalão.

O Raphinha tem tudo para engrossar esta lista, ainda mais neste período de evolução na carreira, pois o ápice do atleta ocorre aos 29, 30 anos, e ele tem mais cinco anos pela frente para progredir ainda mais.

Família que conheço muito bem

Raphinha durante jogo do Leeds United contra o West Ham em janeiro de 2022 - Mike Egerton/PA Images via Getty Images - Mike Egerton/PA Images via Getty Images
Raphinha durante jogo do Leeds United contra o West Ham, em janeiro de 2022
Imagem: Mike Egerton/PA Images via Getty Images

Raphinha, que, assim como eu, nasceu e cresceu na Restiga (bairro humilde da capital gaúcha). Tenho muito orgulho ao presenciar pessoas que conhecemos, que vimos crescer, se destacando mundo a fora e com grande chance de representar a Restinga na Copa do Mundo do Qatar. Meses antes de o Raphinha ter sido convocado pela primeira vez à seleção brasileira, escrevi aqui neste espaço no UOL o quanto é emocionante ver um guri que vi correr nas ruas do nosso bairro se tornar um jogar de ponta na Europa.

Conheço muito bem a família Belloli, são famosos por tratarem muito bem a bola. Convivi por anos com os tios e o pai do Raphinha, o Maninho. Até hoje jogamos juntos na várzea aqui de Porto Alegre. Recentemente, o Maninho esteve na minha loja e conversamos durante um café. Ele sempre foi um cara muito equilibrado, e essa força da família é muito importante em qualquer que seja a profissão.

Há duas décadas, quando se ouvia sobre a Restinga, a população de Porto Alegre ficava com os cabelos em pé porque eram só notícias negativas, com fatos violentos. Hoje, a história é outra. Além do Raphinha, há outras tantas do bairro que trabalham em outras áreas e nos enobrecem, apagando esse passado maléfico que tínhamos.