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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

VP e elenco do Corinthians são incompatíveis!

Vítor Pereira assumiu o comando do Corinthians nesta temporada - Marcello Zambrana/AGIF
Vítor Pereira assumiu o comando do Corinthians nesta temporada Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

08/04/2022 14h12Atualizada em 08/04/2022 14h23

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A coluna é de estreia no UOL, mas o tema é antigo: pressão, ameaça, corpo mole, crise, "ou joga por amor, ou joga por terror"...

O relato que obtive com pessoas, de diferentes funções, que trabalham no departamento de futebol corinthiano (com "th" como "corinthiano" sempre será grafado neste espaço em respeito à preferência da torcida e a forma como é grafado em todos os documentos oficiais do clube) e frequentam tanto o CT Joaquim Grava quanto a Neo Química Arena, é a que o futebol do elenco corinthiano é capaz de oferecer e o que Vítor Pereira pretende implantar é incompatível!

No entanto, a atuação vergonhosa na derrota na estreia da Libertadores, o 0% de aproveitamento em clássicos e o péssimo início da era Pereira, na avaliação dessas pessoas, não é motivada por uma tentativa de os jogadores derrubarem o comandante português.

A incompatibilidade é muito mais física e técnica do que comportamental! Fagner e Gil tiveram seus melhores momentos, que os levaram à Seleção Brasileira, atuando em linha de quatro posicionada atrás e bem protegida; Cássio se tornou o maior goleiro da história do clube pelas suas defesas que resultaram em títulos, não por iniciar as jogadas com os pés; Roger Guedes e Willian preferem atuar pelo mesmo lado esquerdo; Paulinho não é mais o 8 que o consagrou e nunca vai ser o mesmo atuando logo atrás do 9?.

A questão não é, ou não é apenas, má vontade e "panelinha"? Ou pessoal contra o treinador como foi em outros momentos, especialmente na trágica passagem Tiago Nunes e nos últimos momentos do último trabalho do campeão brasileiro e tricampeão paulista Fábio Carille.

Mas há acomodação, certamente? "Compadrio", "amizade", "convívio entre amigos" foram expressões relatadas à reportagem. Se é verdade, e é, que os donos do vestiário eram todos favoráveis a manutenção de Sylvinho, por atuarem e treinarem do jeito que gostam (e, como ficou claro, os adversários também adoravam), o fato de a resposta não estar acontecendo com Vítor Pereira passa muito mais por uma incapacidade física e tática do que por boicote: "O Vítor Pereira não está pedindo nada de diferente do que se pratica no futebol de hoje, o problema é que não tem como esses jogadores entregarem a intensidade necessária".

E, ainda que todo o mundo estivesse nas pontas dos cascos, há um fator prejudicial claro: o elenco, caro e velho, é muito mal montado: tem excessos de "camisas 8", mas não há um mísero "5", não há um "6" em condição de ser titular e Fágner não tem reserva minimante à altura!

Não se trata, pois, de crise de relacionamento. O Vítor Pereira, segundo relatos internos, não chegou de à Tiago Nunes, com os dois pés na porta, rifando burramente ídolos queridos dentro do elenco, terceirizando a culpa e chamando para si o protagonismo mesmo sem nenhuma história que desse a ele esse tamanho. Ao contrário, o português, apesar de chegar com cartaz internacional e aceitação da Fiel, conversou com o elenco, explicou seu método, mudou a carga em alguns treinos para que os atletas guardassem uma reserva física para os jogos.

O problema, aparentemente, não tem solução. Não com esse elenco jogando dessa forma! Ou não se treina como deve para aguentar jogar e aí joga sem intensidade, ou se prepara para jogar com intensidade e estoura os jogadores que, aí, nem vão jogar. E, óbvio ululante, para jogar pressionando no ataque, atacando dentro ou fora de casa, subir a marcação para a linha do meio-campo, atuar com o domínio da posse, é preciso muita qualidade técnica (que até há no elenco, apesar do claro desequilíbrio na montagem do elenco) e condição física, o que, definitivamente, não existe.

Vale registrar que o problema físico passa, além da média etária, pela mudança de preparação já com a temporada andando quando era evidente que Sylvinho Curso Uefa deveria ter sido demitido já no ano passado e começado a temporada com uma nova comissão.

O impasse: Vítor Pereira tem contrato só até o final do ano. E todos os donos dos vestiários tiveram seus contratos renovados e as estrelas recém-contratadas também vieram com contratos longos pela direção. O discurso da diretoria de que o treinador tem carta branca para renovar e mudar, pois, trata-se apenas de discurso. Como alguém que fica até dezembro vai mexer em quem vai ficar até 2024, tem história vitoriosa no clube e, mais, tem a receber pelos contratos vigentes e mais pelos atrasados dos contatos antigos...

TUDO ERRADO!

Não será na base da porrada e da ameaça que incompatibilidades técnicas, táticas e físicas serão solucionadas.

Partindo da premissa, inegociável, de que ameaça e intimidação (com agressão concretizada ou não) são crimes, não importa se a vítima é alguém como o Robson Bambu, cujo o aproveitamento é, no mínimo, polêmico (eu não o escalaria o zagueiro enquanto não ficasse esclarecido o caso em que foi ACUSADO de estupro de vulnerável), ou se a vítima é alguém como Cássio, o maior goleiro da história do clube, o "joga por amor ou joga por terror" é crime.

E não é de se estranhar que alguns jogadores estejam decepcionados com a diretoria pelo fato de abrirem o CT para receber líderes da organizada após a ameaça explícita presente na frase "ou joga por amor, ou joga por terror".

Há uma diferença gigantesca entre cobrar, vaiar, questionar, exigir transparência e se posicionar de cometer crime. Parece óbvio. E é! Como é óbvio que é mais fácil para cartolas questionados, casos de Roberto de Andrade e Alessandro, abrir o CT e deixar a torcida pressionar os atletas e sair do olho do furacão...

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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