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Bombonera batizou Vítor Pereira como corinthiano, maloqueiro e sofredor
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A classificação corinthiana, maloqueira e sofredora na Bombonera foi impregnada de corinthianismo (com th) por todos os poros, exalando o DNA do clube até no suor de Vítor Pereira no emblemático pô-ró-pó-pó dançado no gramado em frente aos 3 mil corinthianos presentes no estádio, logo após a confirmação da classificação.
A arquibancada, talvez, seja o lugar que o conceito de "lugar de fala" faça mais sentido. Ninguém sente e torce por um time igual a torcedor de um rival. Dizer que torcedor é tudo a mesma coisa e blá-blá-blá é a maior confissão de analfabetismo futebolístico. Os times, como instituições, e suas respectivas massas, como coletivo, independentemente de diferenças individuais, têm alma e DNA próprios. Só quem é sabe o que é...
Voltando à épica classificação corinthiana na Libertadores, conquistada com uma atuação sofrível, sem um chute a gol, sobrevivendo no jogo graças à ruindade do ataque adversário que perde penalidade e gol embaixo da trave, tem tudo a ver com a forma alvinegra de entender o mundo e vivenciar o jogo.
Desenhando em português para quem tem dificuldade ou não quer entender, ninguém está dizendo que a Fiel ficaria triste e não faria festa caso o Coringão tivesse jogado completo, dado show e vencido bem durante o tempo normal. Claro que a vaga e a vitória seriam muito festejadas, mas...
Mas o sabor, ah, que bobos, de uma vitória acachapante e indiscutível não seria o mesmo de chegar à Argentina dizimado, esfacelado, perder gente durante o jogo, acabar com três laterais esquerdos, levar para os pênaltis, ver o adversário ter a bola da vitória nas penalidades e desperdiçar, ter por duas vezes a obrigação de marcar para não ver a eliminação chegar e, no único match-point, conquistar a vaga na cobrança de um zagueiro negro (Gil) que não sabe bater pênalti e bateu mal e a bola entrou chorando. Insisto, um herói negro e improvável calando um palco infestado de racistas, que imitiam macaco com a mesma naturalidade que cantam o nome de seus ídolos como se ofensa racial fizesse parte do jogo.
O Flamengo, que tem um elenco muito melhor que o Corinthians e acabou de apresentar Cebolinha, um grupo mais farto e rico, qualificou-se para ser o rival corinthiano nas quartas com emblemáticos 7 a 1 (8 a 1 no agregado) sobre o Tolima. O Palmeiras, o maior rival mosqueteiro, fez 5 a 0, 8 a 0 no total, sobre o Cerro Porteño, com direito a gol de bicicleta de Rony. Vitórias e desempenhos espetaculares.
Aqui não se trata de dizer que palmeirense e flamenguista não são fanáticos. Claro que são. Mas há fanatismos diferentes, sensações diferentes, quereres diferentes. Se, nos pontos corridos e, quase sempre, 1 a 0 é vida para corinthiano, no mata-mata da Libertadores o 0 a 0 foi mais Corinthians e, pois, mais saboreado do que seria uma goleada.
Quem não entendeu isso não entendeu absolutamente nada de Corinthians. Não entendeu que chuteira verde é proibida e ponto final, independentemente de fazer ou não gol. Alguns valores (e aqui não se trata dos números que vão para o placar ou para a conta bancária do funcionário que representa a Fiel em campo) são e sempre serão inegociáveis.
Vítor Pereira, com seu "vai, Corinthians" no vestiário e com o "pô-ró-pó-pó" no gramado da Bombonera, enfim, entendeu. Agora, pode ganhar, perder ou empatar, foi batizado. A Bombonera serviu como um genérico "ritual da biquinha" ao gajo que virou mano. Da série "ah, que bobos", não se trata de vitória, derrota ou empate, trata-se de ser Corinthians e representar o Corinthians. E não tem 3 a 0 que pague a delícia que foi para o corinthiano sofrer por 180 minutos, mais acréscimos, mais 16 penalidades para passar.
O Corinthians pode ficar no Flamengo. O favoritismo é rubro-negro. Mas uma coisa é certa: o Timão chega mais pronto para competir após o 0 a 0 épico do que chegaria caso tivesse dado um show de bola. Se eu que sou jornalista que não revela o meu time de coração de jeito nenhum (só o meu filho Basílio sabe) entendo isso, imagino quem seja corinthiano.... E o inverso é verdadeiro. O Flamengo chega muito mais confiante após massacrar o Tolima do que chegaria caso tivesse segurado o 0 a 0 no Maracanã.
O Corinthians não é nem nunca será mapa de calor, passes trocados no terço final, saidinha e um combo de estatísticas aleatórias sem alma. O Corinthians é um sentimento encarnado no "pô-ró-pó-pó" de VP no gramado.
O treinador já errou bastante e vai voltar a errar. mas, como todo torcedor, corinthiano até fica bravo, mas sempre aceita e perdoa um erro quando é de um dos seus. E, definitivamente, VP "é nóis", como dizem corinthianos, desde a Bombonera.
Dorival Júnior, com o 7 a 1, também começou a ser visto como alguém à altura do Flamengo pela massa rubro-negra que curte, gosta, ama e sente o futebol de forma diferente à alvinegra.
Cada um ama do seu jeito, o importante, corinthianos e flamenguistas, é que toda forma de amor vale a pena!! Não existe amor igual ao outro!
Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!
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