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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro no Allianz Parque envergonha palmeirenses decentes e civilizados

Leila Pereira recebe Bolsonaro no Allianz Parque em mais uma mancha indelével à história alviverde: meus sentimentos aos palmeirenses decentes e, pois, indignados e ofendidos: se fosse o meu time, mesmo não tendo culpa, eu também morreria de vergonha - Reprodução Twittter
Leila Pereira recebe Bolsonaro no Allianz Parque em mais uma mancha indelével à história alviverde: meus sentimentos aos palmeirenses decentes e, pois, indignados e ofendidos: se fosse o meu time, mesmo não tendo culpa, eu também morreria de vergonha Imagem: Reprodução Twittter

Colunista do UOL

07/08/2022 17h58Atualizada em 07/08/2022 21h14

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Deixo para os amigos Alicia Klein e Danilo Lavieri, titulares do UOL nas lives pós-jogos alviverdes, a análise do jogo Palmeiras 3 x 0 Goiás, incluindo, claro, o golaço de Mayke e o "pênalti" absurdo criado pelo lixo escandaloso do VAR em favor do líder no tento que acabou com qualquer chance goiana de reagir na partida.

Este texto é para, honesta, sincera e verdadeiramente, prestar minha irrestrita solidariedade aos milhões de palmeirenses decentes, compreensivelmente envergonhados e enojados com o fato de, mais uma vez, o Allianz Parque servir de palco para o líder do desgoverno genocida usar o verde da esperança e o branco da paz fazer campanha pela continuação de um putrefato projeto de morte, que, só de "gripezinha", pandemia tratada (por militares locados no ministério da Saúde) a base de ignorância, descaso e cloroquina, matou mais de 680 MIL brasileiros.

Registro também que, então ainda na condição de presidente eleito (por confiáveis urnas eletrônicas), o cidadão abjeto que hoje (ainda) ocupa a presidência da República (eleito após dizer, aberta, orgulhosa e textualmente, ser favorável à tortura, homenagear torturador ao dar seu voto pelo golpe contra a presidenta Dilma, afirmar que não estuprava uma mulher porque ela não merecia, declarar que o erro da Ditadura foi matar pouco e que o filho não casaria com uma negra porque tinha caráter: viva a memória!) entrou no gramado do Allianz, com Felipe Melo e grande elenco de atletas ao lado fazendo arminhas com as mãos, para levantar o troféu de campeão brasileiro em 2018. Viva a memória!

Festa palmeirense em 2018 - Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas - Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas
Em 2018, Bolsonaro foi ao Allianz Parque, estádio do Palmeiras, para participar, no gramado, da comemoração pela vitória do clube no Campeonato Brasileiro
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas
Bolsonaro e Felipe Melo - reprodução/Instagram - reprodução/Instagram
Na festa pelo título brasileiro de 2018, Felipe Melo faz arminha com Bolsonaro no gramado do Allianz Parque e mata de vergonha os palmeirenses civilizados contrários à tortura, à ditadura e à política da morte
Imagem: reprodução/Instagram

O gesto absurdo e vergonhoso na festa do titulo de 2018, que mancha a história alviverde de forma indelével, aconteceu na gestão Mauricio Galiotte e é ainda muito pior do que o ocorrido agora na partida contra o Goiás.

Desta vez, agora sob a gestão Leila Pereira, Bolsonaro foi recebido em camarote na condição de presidente em exercício e ainda mereceu um post na rede social como se receber este presidente e tudo que ele representa não fosse algo vergonhoso e repulsivo. Ao publicar e eternizar esse momento na conta oficial do clube, a mensagem passada é que a recepção não é algo institucional feito a contragosto.

É claro que a indignação, contrariedade e vergonha, para a parcela decente da torcida, são as mesmas agora, mas, do ponto de vista institucional, são casos diferentes e em 2018 foi ainda pior.

É claro que os palmeirenses com caráter, espírito democrático e senso de coletividade não têm culpa nenhuma de o clube ter se sujeitado a essa papel pequeno nem de parcela da torcida apoiar essas cenas asquerosas. Vale registrar que manifestações contrárias à presença abjeta foram registrados por palmeirenses dentro e fora do Allianz e também em redes sociais. E, pois, essas pessoas, refiro-me à parcela decente, não devem se envergonhar! Não é só no Palmeiras que cenas lamentáveis encontram palco: em outros clubes usados por Bolsonaro para se promover e em todas as torcidas, sem exceção, há "gente" que compactua com os mesmos "valores", ou a falta deles.

Há também, em todas as arquibancadas, não só entre alviverdes, isentões covardes e acéfalos da falsa simetria com o papinho furado que futebol e política não se misturam e blá-blá-blá, mas que passam pano para a política (e desprezível) recepção a quem representa o oposto de tudo que um time de futebol como a Sociedade Esportiva Palmeiras (formado e amado por pessoas de todas as classes, origens, religiões e gêneros, inclusive negros, gays, trabalhadores, pobres, nordestinos, estrangeiros e mulheres) representa

Fica aqui, mais uma vez, meu abraço e minha solidariedade a todos os meus muitos amigos, colegas, conhecidos e aos milhões de alviverdes desconhecidos que sempre se posicionaram do lado da civilização contra a barbárie, do lado dos direitos humanos contra a tortura, do lado da democracia contra o fascismo, do lado da vida contra a morte, do lado da ciência e da cultura contra a ignorância e o fanatismo cego, do lado da igualdade contra o machismo, contra o racismo, contra a misoginia, contra a homofobia e contra todos os preconceitos.

Vocês, palmeirenses decentes, e me orgulho da amizade e admiro vários, não têm culpa nenhuma, mas eu entendo a vergonha. Se fosse o meu time (o time em que Sócrates liderou a Democracia Corinthiana) que recebesse isso em sua casa, eu também não teria culpa e também morreria de vergonha como morro de vergonha de ter um conselheiro como Mané da Carne e como me envergonho do ex-presidente Wadhi Helu e de tantos outros, mais ou menos anônimos, que representam tudo que o bolsonarismo representa. E que, graças a Deus, é o oposto de tudo que me representa.

Abraços democráticos, solidários e civilizatórios a todos os palmeirenses envergonhados com a presença de quem representa os valores opostos de quem tem a lealdade como padrão! Para a parcela que aplaude a tortura, a misoginia, o preconceito, a violência e a ignorância, independentemente do time de coração, reitero o mesmo desprezo e asco que tenho pelo líder de vocês.

Leila Pereira, Jair Bolsonaro e Maurício Galiotte no Allianz Parque durante o jogo entre Palmeiras e vasco -  REUTERS/Amanda Perobelli  -  REUTERS/Amanda Perobelli
Leila Pereira, Jair Bolsonaro e Maurício Galiotte no Allianz Parque durante o jogo entre Palmeiras e Vasco em 2019
Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli

Eu sou u o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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