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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rainha Isabel

Isabel Salgado, uma das maiores mulheres da história do Brasil - Reprodução
Isabel Salgado, uma das maiores mulheres da história do Brasil Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

16/11/2022 10h21Atualizada em 16/11/2022 10h26

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O texto "Rainha Isabel" foi originalmente publicado na coluna Caneladas do Vitão (AQUI), na edição de 26 de setembro de 2020

RAINHA ISABEL

Ah, anos 80. Imperatriz. Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós. E que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz.

Se é historinha primária para boi dormir e mugir que a princesa Isabel foi a responsável pela abolição da escravatura, está na história real, muito além do ginásio: rainha Isabel lutou pela mulher, pela igualdade, pela democracia e pelo Brasil. Atitude, plenitude. Hoje, ontem, já! Também no esporte, no vôlei. Direta! Sem perder a ternura e o charme, jamais!

( A charge é de Cláudio Oliveira)

Maria, Maria, Maria Isabel que é tão Flamengo quanto foi (e é sempre Flamengo) Marielle e que traz no corpo e na alma a marca franca de quem tem a estranha mania de ter fé na vida. Fé raciocinada com raça e gana, que mistura dor e alegria de desfilar sempre do lado certo da história contra a marcha ignóbil do atraso.

Isabel Salgado do corpo dourado do mar de Ipanema, mulher que vale ouro, prata, bronze. Liberdade de ser mulher. Musa. Craque. Filha. Mãe. Avó. Que atacou o machismo e levantou a bola para as filhas Maria Clara e Carol desnudarem o preconceito e vestirem o biquíni do vôlei de praia. E serem respeitadas como atletas da mesma forma que o irmão Pedro é respeitado no mesmo esporte. Todos juntos e misturados, justos e separados. Na arquibancada. Maria Clara do lado rubro-negro da mãe; Pedro e Carol, alvinegros, Botafogo, estrelas solidárias.

Ainda que canalhas lambe-botas do poder prometam (em nota oficial!) lutar para calar a voz democrática do esporte e dos esportistas, os súditos da rainha Isabel não serão calados. Quem sai aos seus não degenera. Mãe é quem, em esforço desumano, cria as crias espelhando os mesmos valores demasiadamente humanos, antirracistas e antifascistas.

O adversário da democracia é o time do atraso, que se defende com censura, que clama pela volta da abjeta ditadura. A equipe ignóbil que, na impossibilidade de amar, ri da tortura e faz arminha com a mão, violento símbolo da falta de amor.

Para quem não ameaça ser gente e é incapaz de marcar ou aplaudir um gol de placa, resta a pequenez de quebrar placa e rir de nervoso da própria ignorância, sordidez e brutalidade.

Fica, à Botafogo, o recado: ninguém cala esse nosso amor! Grite "fora, Bolsonaro" à vontade, princesa Carol. Grito censurado? Ele não! Aqui, não!

Viva, rainha Isabel!

Simone de Beauvoir: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher".

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Republiquei o texto "Rainha Isabel" em homenagem a uma das maiores mulheres da história deste país. Isabel é fundadora do Esporte Pela Democracia, grupo que faço parte e que me permitiu conhecê-la. Faço parte, pessoal e profissionalmente, da monocultura esportiva que sempre acompanhou futebol, mas Isabel me remete às lembranças da infância, daquele time dela e da Vera Mossa.

Há dois anos, trocamos mensagens, telefonemas e às vésperas do primeiro turno estive em um evento em que tive o prazer de conhecer, pessoalmente, ela e seu filho Pedro Solberg. Para além de Isabel, a rainha, fiquei fã e admirador do filho Pedro e das filhas Maria Clara e Carol por sempre se posicionarem e pensarem mais no bem coletivo e do país do que nas próprias carreiras.

Viva, rainha Isabel!

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

Veja:

AQUI a análise da seleção inglesa feita por Paulo Andrade, Bernardo Ramos, Rafael Oliveira, Rodrigo Coutinho e eu.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL