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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Santos massacra Lusa, chuta degola e ainda sonha com as quartas de final

Marcos Leonardo fez os dois primeiros na goleada santista sobre a Lusa, resultado que manteve o Peixe com chances de classificação e afundou a Portuguesa - ANDERSON LIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Marcos Leonardo fez os dois primeiros na goleada santista sobre a Lusa, resultado que manteve o Peixe com chances de classificação e afundou a Portuguesa Imagem: ANDERSON LIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

19/02/2023 17h53Atualizada em 19/02/2023 17h53

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10 pitacos após Santos 4 x 0 Portuguesa, jogo definido logo no primeiro minuto. Os gols foram de Marcos Leonardo (2) e Mendoza (2). Marzagão deixou a Lusa com um a menos ainda no primeiro tempo.

1) A chance de o fraco time da Portuguesa fazer frente ao Santos era segurar o ímpeto inicial dos mandantes e usar o nervosismo do time da casa e a cobrança da arquibancada a seu favor. A estratégia verde-encarnada, no entanto, fez água no primeiro minuto, com o primeiro gol de Marcos Leonardo. Aos 18 minutos, quando o centroavante santista fez o segundo, a vitória já estava definida. O Peixe sobrou no 11 conta 11 e no 11 contra 10. Fez 4 a 0, com mais dois gols de Mendoza, e ficou barato.

2) Ainda que tenha sido a realidade nas últimas duas armagedônicas temporadas, o santista tem de estar satisfeito pela ótima goleada sobre a Portuguesa, mas o Santos não tem o direito de "comemorar" o fato de ter escapado do rebaixamento do Campeonato Paulista. Caso a equipe realmente fique fora das quartas de final, que é a situação momentânea restando duas rodadas, será uma vergonha. Com todas as limitações técnicas, administrativas e financeiras, o Santos não pode ficar fora do grupo dos oito melhores. É o mínimo do mínimo! Por isso, domingo, contra o Corinthians, é vencer o maior rival e secar Botafogo e Bragantino.

3) Marzagão foi um péssimo profissional, tanto com a Portuguesa, que é quem paga o seu salário, quanto com o colega de profissão, o adversário Sandry. A cotovelada criminosa que o volante rubro-verde deu no santista, aos 38 do primeiro tempo, com a Portuguesa já apanhando de 3 a 0, deixou os seus colegas de time numa situação ainda mais difícil na Vila Belmiro, além de desfalcar a equipe na desesperadora sequência. E, mais, levou à nocaute Sandry, que precisou ser substituído. A diferença de um jogador profissional para um peladeiro de final de semana é, ou, no caso, deveria ser, o equilíbrio emocional em situações complicadas: Marzagão foi peladeiro.

4) O sistema defensivo santista (quase) não foi testado pela Portuguesa. O ataque, com Angelo, Marcos Leonardo e Mendoza, funcionou. Em relação ao Campeonato Brasileiro, competição em que todos os 19 adversários peixeiros são muito superiores à Portuguesa, o desafio de Odair Hellmann é arrumar a cozinha. Não acredito que será só com treino e entrosamento: para o setor, é preciso aumentar a qualidade.

5) Marcos Leonardo é muito bom jogador. Como todo atacante, no entanto, vive más fases, mas, insisto, é muito bom de bola. Se tivesse a sorte, por exemplo, de André Balada ou William Bartoré, que pegaram, respectivamente, os times de Neymar/Ganso e Diego/Robinho (ESTUPRADOR CONDENADO por curra), já teria tido chance na seleção brasileira e estaria jogando num grande time de uma grande liga europeia. Marcos Leonardo, por exemplo, é muito melhor que Kaio Jorge.

6) Mendoza, que já tinha sido fundamental ao dar um ponto à equipe em Santo André, teve, contra a Portuguesa, uma atuação que Soteldo assinaria.

7) É muito difícil, tanto para santistas quanto para lusos, não serem saudosistas. É só comparar a ficha técnica da decisão do Paulistão 1973 (26/8/1973), em que as equipes dividiram o titulo no Morumbi após o 0 a 0 no jogo e a lambança do juiz Armando Marques na contagem dos pênaltis, com as equipes que entraram em campo neste domingo de Carnaval.

Final Paulistão de 1973: Santos: Cejas; Zé Carlos, Carlos Alberto, Vicente e Turcão; Clodoaldo e Léo, Jair (Brecha), Eusébio, Pelé e Edu. Técnico: Pepe. Portuguesa: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco e Basílio; Xaxá, Enéas (Tatá), Cabinho e Wilsinho. Técnico: Otto Glória.

8) Torcedor, seja de que time for, é, na média, supersticioso e otimista. Quando a lógica aponta para o favoritismo rival, muitas vezes o torcedor se apega, por exemplo, a lei do ex para ter esperança. Como deve ser difícil ser torcedor da Portuguesa e tentar acreditar que Pará, ex-Santos, poderia ajudar a Lusa na Vila Belmiro. Por falar em torcedores, agora sob a ótica santista, é o caso de os alvinegros praianos brincarem com os amigos corinthianos e lembrarem que o Timão conseguiu a façanha de não vencer esta Portuguesa. Parabéns aos envolvidos!

9) Tenho 46 anos, filho de trasmontano, sou de uma família em que meus saudosos avós Damião e Adélia, padrinho Zé Luís e primo Alexandre eram torcedores da Portuguesa, cansei de ver (bons, médios, regulares e ruins) times da Portuguesa, mas a versão 2023 é a pior que eu já vi defender a equipe na elite paulista. Ainda assim, como a missão da equipe era apenas ficar com a 14ª campanha, dava para os técnicos Mazola Júnior e Gilson Kleina fazerem mais. Sergio Soares, que subiu a Lusa na última temporada, fez mais com ainda menos.

10) A Portuguesa não se preparou para retornar à elite paulista. Agora, muito mais importante, neste momento, do que constatar o óbvio, é focar nas próximas duas rodadas para tentar a (difícil e, neste momento, improvável) salvação. É vencer o São Bento, no próximo domingo, torcer contra Ituano, Ferroviária, Guarani e Inter de Limeira para chegar vivo à última rodada, em Mirassol. Haja fé em Nossa Senhora de Fátima!

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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