Yara Fantoni

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Opinião

Futebol feminino: titular ou não, Marta precisa ser respeitada

Dois jogos fora da Rainha, devido a uma punição, e duas vitórias do Brasil em jogos de mata-mata levantaram a pergunta: Marta deve voltar ao time titular agora que fica novamente à disposição? A opinião divide torcedores com as mais diversas opiniões. Afinal, o Brasil superou as carrascas França e Espanha sem a principal jogadora em campo.

Voltando um pouquinho, em 2023, na Copa do Mundo na Austrália, Marta só entra como titular na última partida do tudo ou nada para o Brasil, e Pia é fortemente criticada por ter colocado a Rainha para iniciar o duelo apenas naquela ocasião. O Brasil é eliminado e quem vai para a entrevista? Marta que bota a cara e precisa se explicar diante de tanta decepção. Vale lembrar que, no ano passado, o condicionamento físico dela era completamente diferente do que podemos ver hoje. Naquela época, a atleta ainda se recuperava de lesão tanto no Orlando quanto na seleção, ainda treinando de forma separada nos primeiros momentos na pré-temporada em Gold Coast.

Marta e Gabi Nunes comemoram gol da seleção brasileira diante da Nigéria nas Olimpíadas
Marta e Gabi Nunes comemoram gol da seleção brasileira diante da Nigéria nas Olimpíadas Imagem: Susana Vera/REUTERS

Em Paris, Marta chega em alto nível, com bons jogos nos Estados Unidos e assumindo a vaga de titular e capitã, mesmo quando muitos apostavam que ela seria opção de Arthur para o segundo tempo. Na estreia, ela joga os 90 minutos contra a Nigéria, e, diante do Japão, sai apenas aos 39 da etapa complementar, justamente quando a seleção toma a virada no jogo. Nessas duas primeiras partidas, é uma das melhores jogadoras da seleção, sendo fundamental no setor de criação da equipe e na dinâmica do jogo.

A expulsão de Marta vem apenas no terceiro jogo contra a Espanha, ainda no primeiro tempo, em um ato imprudente. Com a saída dela, o Brasil se perde muito no jogo e é derrotado. Apesar da ausência dela no campo, o Brasil vence os dois duelos seguintes e está em mais uma final olímpica! Eu digo saída do gramado, porque é inquestionável o que eu escuto sobre o papel fundamental dela dentro do grupo e de como as meninas estavam mais motivadas para jogar por ela tanto contra a França quanto diante da Espanha. Nas reações da atacante na arquibancada são nítidas as expressões de alguém que joga junto e que quer o triunfo. Ninguém queira ver o "last lance" da Rainha com uma expulsão. Não é assim que ela merecia. Por favor, que ninguém se esqueça que ela é seis vezes a melhor do mundo e que, mesmo com 38 anos de idade, tem caraterísticas únicas que fazem a diferença dentro do jogo.

É maravilhoso que a seleção esteja renovando e que consiga marcar quatro vezes em cima da Espanha sem as jogadoras mais experientes em campo (Tamires, cortada por lesão, também não atuou contra as espanholas). Entretanto, temos pela frente os Estados Unidos, algoz em 2004 e 2008, Atenas e Pequim. Um time que Marta conhece bem por jogar no país, no Orlando Pride, e por ter estado presente nas duas finais em que o Brasil ficou com a prata. É hora de nos unirmos e forcamos no que é melhor para seleção e não em achar motivos para que uma grande atleta possa ou não ficar fora de uma decisão. Enquanto esteve em campo em Paris, Marta jogou muito e fez o diferencial. O nosso desejo precisa ser na melhor escolha do treinador e que ele, diante de um elenco enxuto, saiba preparar as meninas que estão muito motivadas com sangue no olho!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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