Yara Fantoni

Yara Fantoni

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Estamos criando uma geração de robôs. "Ninguém foi consultado sobre jogar"!

A fala de Rafinha ao final do jogo é a prova de que os jogadores estavam sim com o psicológico comprometido com tudo que envolveu a morte de Izquiedo, tanto que alguns farão um bate-volta e estarão presentes no velório do jogador no Uruguai. " Isso mexe muito com a gente. A gente esquece o lado profissional. É um companheiro de profissão! Aí você olha pro lado profissional e é um cara que tem família. Foi pai recentemente. Um menino com uma carreira toda pela frente. Sai tranquilo de casa para um jogo e acaba não voltando mais. Isso mexe muito com a gente. Vou ser sincero, me consumiu muito mesmo" disse o lateral do tricolor.

A homenagem feita pelo São Paulo foi linda com a camisa com o nome do atleta, a fumaça em azul e branco na rua e o um minuto de silêncio, mas nada apaga o fato de que naquele mesmo lugar, menos de uma semana antes, um atleta era acudido por companheiros que ainda carregam o trauma do ocorrido. " Esse momento é muito sobre o lado pessoal. É o lado humano. Assim, não tivemos nenhuma consulta dessa. Temos que ser sinceros! Ninguém veio consultar a gente pra perguntar se a gente tinha cabeça pra jogar, se tinha clima pra jogar. Esses jogos envolvem outras coisas. Tem outras pessoas que estão mais preocupadas com outras coisas. Então, a gente que estava no campo e vê o lado humano da situação, sofre. Tenho certeza de que se fosse consultar a gente, o pessoal ia falar que não tava legal" afirmou o jogador.

O resultado de São Paulo e Atlético pouco importa perto da dimensão do que aconteceu na última quinta no Morumbi, mas até quando vamos seguir invertendo valores? Ah, Yara, mas a vida segue! Quantas pessoas morrem todos os dias? Não paramos quando deveríamos na Covid e na tragédia no sul do país e agora vamos adiar um jogo? A resposta é SIM! Não continuar errando e repetindo falhas para nos justificar. Por qual motivo os tropeços do passado vão seguir ditando como deveríamos nos comportar? Izquierdo caiu no campo diante dos meninos do tricolor que o acudiram, a partida de ontem aconteceu no mesmo estádio, os jogadores do São Paulo ficaram focados em dar suporte no hospital! Do que mais precisamos, gente? Que tipo de geração de robôs estamos construindo? Temos que ficar batendo ponto no calendários esportivo para mostrar que somos responsáveis o suficiente e comprometidos?

Vale lembrar que cada um reage de uma forma e que o respeito em um momento tão delicado é necessário. Até quando vamos selar pactos com agendas e calendários, antes de nos comprometer com os seres humanos? Falta empatia, compaixão e amor! Até quando o relógio da vida não vai mais esperar o relógio do campo? Tite, por exemplo, teve tempo de retornar da altitude! Quantos não terão a mesma sorte? Que a gente jamais se esqueça que somos de carne e osso e que o futebol vai muito além das quatro linhas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes