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Preparação conturbada vira fracasso em campo

A chance do Brasil conquistar o terceiro título consecutivo na Copa do Mundo acabou antes mesmo de a bola rolar. Apesar de todo o otimismo em torno da campanha pelo tricampeonato mundial, uma série incrível de trapalhadas fez com que a equipe brasileira viajasse à Inglaterra completamente desorganizada.

Arquivo Folha

Arquivo Folha

O fim de uma era
Veterano das três Copas anteriores, o lateral Djalma Santos se apresentava como uma das peças-chaves do esquema idealizado pelo técnico Vicente Feola para a Copa do Mundo de 1966.

Entretanto, aos 37 anos, o lateral já não tinha o mesmo brilho da conquista do bi mundial. Mesmo assim, ele foi escolhido pelo técnico como um dos líderes do grupo.

A experiência do lateral não foi suficiente para evitar o péssimo desempenho do Brasil na Copa, e a conseqüente eliminação precoce. Confusa, a seleção não foi nem sombra da equipe que dominara o mundo nos anos anteriores.

Acabava assim a era dos primeiros brasileiros campeões mundiais. A reciclagem viria quatro anos depois, no México, onde uma nova geração de craques - liderada pelo já "veterano" Pelé - encantou os espectadores.

O maior erro foi a indefinição do elenco que disputaria a Copa. Na fase de preparação, o técnico Vicente Feola convocou nada menos que 45 jogadores - o número subiria para 47 após o início dos trenos -, que se revezavam em quatro times.

Além disso, a seleção passou por cinco cidades diferentes antes de viajar para a Europa (Lambari, Caxambu, Teresópolis, Três Rios e Niterói). Todos queriam tiram uma "casquinha" do time tricampeão.

Outra novidade que não deu certo foi a troca do preparador físico. Paulo Amaral deu lugar ao professor de judô Rudolf Hermanny, cujos métodos não haviam sido testados no futebol. Resultado: o time brasileiro "morria" nos 20 minutos finais das partidas.

A equipe principal só foi escolhida às vésperas do torneio e reuniu craques dos dois Mundiais anteriores (como Pelé, Garrincha, Gilmar e Bellini) e jogadores que ainda iriam se destacar com a camisa do Brasil (casos de Gérson e Tostão).

A idéia de Feola não deu resultado. A seleção brasileira apresentou um futebol apático, sem criatividade, sendo facilmente dominada por equipes um pouco mais estruturadas, como Hungria e Portugal.

Insatisfeito, Feola alterou radicalmente o time no Mundial. Nada menos que 20 dos 22 jogadores entraram em campo pela seleção, numa época em que não eram permitidas substituições. Assim, apenas dois atletas (Jairzinho e Lima) disputaram os três jogos do Brasil na Inglaterra.

A estréia foi diante da Bulgária, e o Brasil ganhou bem: 2 a 0, gols de Garrincha e Pelé. Essa foi a última vez em que os dois maiores jogadores brasileiros atuaram lado a lado. Com os dois craques em campo, a seleção jamais foi derrotada.

Alvo preferido da violência búlgara, Pelé não pôde jogar a partida seguinte, contra a seleção da Hungria.

Sem seu maior astro, o Brasil sucumbiu diante dos húngaros, que venceram por 3 a 1 e acabaram com uma invencibilidade brasileira de 13 jogos em Mundiais - a última derrota havia sido justamente para a Hungria, em 1954, no jogo que ficou conhecido como a "Batalha de Berna" devido à briga generalizada entre os atletas das duas equipes.

A vaga para as quartas-de-final foi decidida na última partida, contra a seleção portuguesa. Pelé voltou a campo e mais uma vez foi caçado pelos adversários. Perdido em campo, o Brasil foi dominado, derrotado por 3 a 1 e eliminado da disputa.

A campanha em 1966 foi uma das piores da seleção brasileira em toda a história. Apenas em 1930 e 1934 a equipe não havia ultrapassado a primeira fase. Na classificação geral, o Brasil terminou em 11º lugar, melhor apenas do que a 14ª posição obtida em 34.
DATA FASE JOGOS
12/07/1966 Primeira fase
Brasil
2 x 0
Bulgária

Brasil

Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Altair, Paulo Henrique; Denílson, Lima; Garrincha, Alcindo, Pelé, Jairzinho.
Técnico: Vicente Feola

Bulgária

Naidenov; Chalamanov, Penev, Voutsov, Gaganelov; Kitov, Jetchev; Dermendjiev, Asparoukhov, Yakimov, Kolev.
Técnico: Rudolf Vytlacil

  • Local: Goodison Park Stadium, em Liverpool
  • Árbitro: Kurt Tschenscher (ALE)
  • Auxiliares: George McCabe (ING) e John Taylor (ING)
  • Público: 48.000
  • Gols: Pelé (BRA) 15min do 1º tempo; Garrincha (BRA) 18min do 2º tempo
15/07/1966 Primeira fase
Hungria
3 x 1
Brasil

Hungria

Gelei; Kapozta, Matrai, Meszoly, Szepesi; Sipos, Mathesz; Bene, Albert, Farkas, Rakosi.
Técnico: Lajos Baroti

Brasil

Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Altair, Paulo Henrique; Lima, Gérson; Garrincha, Alcindo, Tostão, Jairzinho.
Técnico: Vicente Feola

  • Local: Goodison Park Stadium, em Liverpool
  • Árbitro: Ken Dagnall (ING)
  • Auxiliares: Arturo Yamasaki (PER) e Kevin Howley (ING)
  • Público: 57.000
  • Gols: Bene (HUN) 2min, Tostão (BRA) 14min do 1º tempo; Farkas (HUN) 19min, Meszoly (HUN) 33min (pênalti) do 2º tempo
19/07/1966 Primeira fase
Portugal
3 x 1
Brasil

Portugal

José Pereira; Morais, Baptista, Vicente, Hilário; Graça, Coluna; Augusto, Eusébio, Torres, Simões.
Técnico: Otto Glória

Brasil

Manga; Fidélis, Brito, Orlando, Rildo; Denílson, Lima; Jairzinho, Silva, Pelé, Paraná.
Técnico: Vicente Feola

  • Local: Goodison Park Stadium, em Liverpool
  • Árbitro: George McCabe (ING)
  • Auxiliares: Ken Dagnall (ING) e Leo Callaghan (País de Gales)
  • Público: 62.000
  • Gols: Simões (POR) 15min, Eusébio (POR) 27min do 1º tempo; Rildo (BRA) 25min, Eusébio (POR) 40min do 2º tempo
 

SELEÇÕES

Goleiros

1. Gilmar
22.08.30
Santos
12. Manga
26.04.37
Botafogo

Laterais

2. Djalma Santos
27.02.29
Palmeiras
3. Fidélis
13.03.44
Bangu
8. Paulo Henrique
05.01.43
Flamengo
9. Rildo
23.01.42
Botafogo

Zagueiros

4. Bellini
07.06.30
São Paulo
5. Brito
09.08.39
Vasco
6. Altair
22.01.38
Fluminense
7. Orlando
20.09.35
Santos

Meias

11. Gérson
11.01.41
Botafogo
13. Denílson
28.03.43
Fluminense
14. Lima
18.01.42
Santos
15. Zito
08.08.32
Santos

Atacantes

10. Pelé
23.10.40
Santos
16. Garrincha
28.10.33
Corinthians
17. Jairzinho
25.12.44
Botafogo
18. Alcindo
31.03.45
Grêmio
19. Silva
02.01.40
Flamengo
20. Tostão
25.01.47
Cruzeiro
21. Paraná
21.03.42
São Paulo
22. Edu
06.08.49
Santos

Técnico

Vicente Feola