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Montagem UOL. Imagens Graphic News e Folha Imagem

Confusões, pênaltis e azar derrubam a seleção

A participação brasileira na Copa do Mundo de 1986 já estava tumultuada muito antes de a bola rolar no México. O fim do mandato de Giulite Coutinho na presidência da CBF deixou os dirigentes mais preocupados com a disputa eleitoral do que com a preparação da seleção.

Pouco antes das eliminatórias, o técnico Evaristo de Macedo foi substituído por Telê Santana. Antes do embarque, a seleção enfrentou o corte do atacante Renato Gaúcho, afastado do grupo por indisciplina. Em solidariedade ao colega, o lateral Leandro não apareceu no aeroporto.

Arquivo Folha Imagem

Com cinco gols marcados em cinco partidas, o atacante Careca foi o destaque de uma seleção brasileira que tinha estrelas como Sócrates, Júnior e Zico. Graças às suas boas atuações, o Brasil avançou até as quartas-de-final e esteve muito perto de ir ainda mais longe.

O atacante passou em branco apenas na estréia, contra a Espanha, mas o gol de Sócrates só saiu no rebote de um belo chute dele que explodiu no travessão. Careca fez o gol da vitória brasileira sobre a Argélia, abriu e fechou o placar nos 3 a 0 sobre a Irlanda do Norte, converteu um pênalti diante da Polônia e foi o autor do gol brasileiro contra a França.

Com isso, Careca foi vice-artilheiro da Copa, atrás apenas do inglês Gary Lineker. Ficou ao lado de estrelas como o amigo Diego Maradona e o espanhol Emilio Butragueño.

No desembarque no México, a situação não melhorou. Sem organização, o Brasil não tinha nem campo para treinar. Realizou parte da preparação final em campos emprestados.

Além disso, Telê Santana tinha vários jogadores machucados na delegação. Zico fazia tratamento intensivo e um esforço tremendo para se recuperar a tempo de jogar. Júnior e Sócrates também não estavam em suas melhores condições físicas.

A estréia contra a Espanha foi difícil. Com um futebol aquém da expectativa, o Brasil só venceu por 1 a 0 graças ao árbitro australiano Cristopher Bambridge, que invalidou um gol legítimo do espanhol Michel quando o jogo estava empatado.

Contra a Argélia, outra atuação que deixou a desejar: 1 a 0, com gol de Careca. Depois desse jogo, Casagrande, Alemão e Édson foram flagrados bebendo cerveja durante a apresentação de um circo. O episódio ocupou manchetes dos principais jornais e afetou o clima na seleção brasileira.

Na terceira rodada, diante da Irlanda do Norte, Telê Santana escalou o lateral Josimar, convocado às pressas para o lugar de Leandro. Ele entrou, deu conta do recado e até marcou um dos gols na vitória por 3 a 0. Careca fez os outros dois.

Nas oitavas, a seleção brasileira jogou sua melhor partida. Com tranqüilidade, goleou a Polônia por 4 a 0, mesmo depois de levar um susto com uma bola na trave. Josimar teve outra boa atuação e marcou um belo gol. Careca, Sócrates e Edinho completaram.

Quando parecia que o Brasil estava embalando, os franceses, então campeões europeus, apareceram no caminho. Careca abriu o placar aos 18min de jogo, mas Platini empatou ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, o Brasil teve a chance de vencer quando Branco foi derrubado na área pelo goleiro Bats.

Zico, que acabara de entrar no lugar do atacante Muller, apresentou-se para a cobrança. Ele bateu mal, e o goleiro francês defendeu. De grande estrela brasileira, Zico passou a vilão da derrota.

A França acabou fazendo 4 a 3 na decisão por pênaltis. Em uma das cobranças francesas, a bola bateu na trave e nas costas do goleiro Carlos antes de entrar. Um tremendo azar.

Nem mesmo as cobranças desperdiçadas por Sócrates e Júlio César fizeram a torcida esquecer o erro de Zico, que carregou o fardo da eliminação em sua triste despedida das Copas do Mundo.
DATA FASE JOGOS
01/06/1986 Primeira fase
Espanha
0 x 1
Brasil

Espanha

Zubizarreta; Tomas, Camacho, Maceda e Victor; Goicoechea, Julio Alberto, Francisco (Señor) e Michel; Julio Salinas e Butragueño.
Técnico: Miguel Muñoz

Brasil

Carlos; Edson, Edinho, Júlio César e Branco; Júnior (Falcão), Alemão, Sócrates e Elzo; Casagrande (Müller) e Careca.
Técnico: Telê Santana

  • Local: estádio Jalisco, em Guadalajara
  • Árbitro: Christopher Bambridge (AUS)
  • Auxiliares: David Socha (EUA) e Jan Keizer (HOL)
  • Cartões Amarelos: Julio Alberto (ESP); Branco (BRA)
  • Público: 35.748
  • Gol: Sócrates (BRA), aos 17min do segundo tempo
06/06/1986 Primeira fase
Brasil
1 x 0
Argélia

Brasil

Carlos; Edson (Falcão), Edinho, Júlio César e Branco; Júnior, Alemão, Sócrates e Elzo; Casagrande (Müller) e Careca.
Técnico: Telê Santana

Argélia

Drid; Liegeon, Megharia, Guendouz e Mansouri; Kaci-Said, Ben Mabrouk, Madjer e Menad; Belloumi (Djamel Zidane) e Assad (Bensaoula).
Técnico: Rabah Saadane

  • Local: estádio Jalisco, em Guadalajara
  • Árbitro: Romulo Molina (GUA)
  • Auxiliares: Jose Bazan (URU) e Joel Quiniou (FRA)
  • Público: 48.000
  • Gol: Careca (BRA), aos 21min do segundo tempo
12/06/1986 Primeira fase
I. do Norte
0 x 3
Brasil

Irlanda do Norte

Jennings; Nicholl, Donaghy, O'Neill e McDonald; McCreery, McIlroy, Stewart e Campbell (Armstrong); Whiteside (Hamilton) e Clarke.
Técnico: William Bingham.

Brasil

Carlos; Josimar, Edinho, Júlio César e Branco; Júnior, Alemão, Sócrates (Zico) e Elzo; Muller (Casagrande) e Careca.
Técnico: Telê Santana

  • Local: estádio Jalisco, em Guadalajara
  • Árbitro: Siegfried Kirschen (RDA)
  • Auxiliares: George Courtney (ING) e Idrissa Traore (MLI)
  • Cartões Amarelos: Donagy (IRN)
  • Público: 51.000
  • Gols: Careca (BRA), aos 15min, e Josimar (BRA), aos 42min do primeiro tempo; Careca (BRA), aos 42min do 2º tempo
16/06/1986 Oitavas-de-final
Brasil
4 x 0
Polônia

Brasil

Carlos; Josimar, Júlio César, Edinho e Branco; Elzo, Alemão, Sócrates (Zico) e Júnior; Careca e Müller (Silas).
Técnico: Telê Santana

Polônia

Mlynarczyk; Przybys (Furtok), Ostrowski, Tarasiewicz e Karas; Wójcicki, Majewski, Urban (Zmuda) e Boniek; Dziekanowski e Smolarek.
Técnico: Antoni Piechniczek

  • Local: estádio Jalisco, em Guadalajara
  • Árbitro: Volker Roth (ALE)
  • Auxiliares: Antonio Ramirez (MEX) e Alan Snoddy (ING)
  • Cartões Amarelos: Careca e Edinho (BRA); Boniek, Smolarek e Dziekanowski (POL)
  • Público: 45.000
  • Gols: Sócrates (BRA), aos 30min do 1º tempo (pênalti); Josimar (BRA), aos 10min, Edinho (BRA), aos 34min, e Careca (BRA), aos 38min do segundo tempo (pênalti)
21/06/1986 Quartas-de-final
Brasil
1 x 1
(3) x (4)
França

Brasil

Carlos; Josimar, Júlio César, Edinho e Branco; Alemão, Sóocrates, Júnior (Silas) e Elzo; Müller (Zico) e Careca.
Técnico: Telê Santana

França

Bats; Battiston, Amoros, Bossis e Tusseau; Giresse (Ferreri), Tigana, Platini e Fernandez; Stopyra e Rocheteau (Bellone).
Técnico: Henri Michel

  • Local: estádio Jalisco, em Guadalajara
  • Árbitro: Ioan Igna (ROM)
  • Auxiliares: Lajos Nemeth (HUN) e Vojtech Christov (TCH)
  • Cartões Amarelos: Edinho (BRA)
  • Público: 65.000
  • Gols: Careca (BRA), aos 17min; Platini (FRA), aos 40min do primeiro tempo
  • Decisão por pênaltis: Brasil (Alemão, Zico e Branco) 3 x 4 (Stopyra, Amoros, Bellone, e Fernandez) França
 

SELEÇÕES

Goleiros

1. Carlos
04.04.1956
Corinthians
12. Paulo Victor
07.06.1957
Fluminense
22. Leão
11.07.1949
Palmeiras

Laterais

2. Édson
03.07.1959
Corinthians
13. Josimar
19.09.1961
Botafogo
17. Branco
04.04.1964
Fluminense

Zagueiros

3. Oscar
20.06.1954
São Paulo
4. Edinho
05.06.1955
Udinese (ITA)
14. Júlio César
08.03.1963
Guarani
16. Mauro Galvão
19.12.1961
Internacional

Meias

5. Falcão
16.10.1953
São Paulo
15. Alemão
22.11.1961
Botafogo
6. Júnior
29.06.1954
Torino (ITA)
10. Zico
03.03.1953
Flamengo
18. Sócrates
19.02.1954
Flamengo
19. Elzo
22.01.1961
Atlético Mineiro
20. Silas
27.08.1965
São Paulo
21. Valdo
12.01.1964
Grêmio

Atacantes

7. Muller
31.01.1966
São Paulo
8. Casagrande
15.04.1963
Corinthians
9. Careca
05.10.1960
São Paulo
11. Edivaldo
13.04.1962
Atlético Mineiro

Técnico

Telê Santana