A participação brasileira na Copa de 1994 não começou bem. A seleção sofreu para passar mesmo pelas eliminatórias sul-americanas, e a vaga só foi decidida na última rodada, contra o Uruguai, no Maracanã.
Com alguns jogadores contundidos, Parreira foi "obrigado" a convocar Romário para a partida, e o atacante foi decisivo. Marcou dois belos gols e colocou o Brasil no Mundial.
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Romário e mais dez
O futebol burocrático apresentado pela seleção foi muito criticado por imprensa e torcedores. O técnico Parreira se defendia dizendo que, para vencer, era preciso jogar assim. Citou como exemplo a seleção de 1982, que jogou bonito, mas não ganhou nada.
Em meio aos brucutus da "Era Dunga", um certo baixinho marrento brilhou nos Estados Unidos. Romário foi lembrado por Parreira apenas no último jogo das eliminatórias e ali começou a decidir a favor da seleção brasileira.
Na Copa, o time era ele e mais dez. Romário marcou cinco gols decisivos e mais um nas cobranças de pênalti contra a Itália, sendo o grande herói do Brasil na campanha do tetracampeonato.
Sem apresentar um futebol vistoso nas eliminatórias e nos amistosos, o Brasil chegou aos Estados Unidos desacreditado. Nos dois primeiros jogos, no entanto, o time mostrou consistência e tranqüilidade para buscar o resultado. Venceu a Rússia por 2 a 0, gols de Romário e Raí, e Camarões por 3 a 0, com os gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto.
Já classificado, o Brasil enfrentou a Suécia no terceiro jogo. Bem marcada, a equipe brasileira não teve boa atuação, e o placar ficou em 1 a 1. Romário fez o gol de empate e evitou a derrota.
Nas oitavas-de-final, o Brasil teve pela frente os donos da casa, justamente no dia 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos. O jogo foi truncado, com os norte-americanos fechados na retranca.
Leonardo agrediu Tab Ramos com uma cotovelada e foi expulso, tornando as coisas ainda mais difíceis. Com um jogador a menos, a seleção venceu no sufoco, graças a um gol de Bebeto, após passe de Romário, no segundo tempo.
Contra a Holanda, nas quartas-de-final, o Brasil fez sua melhor exibição na Copa. Abriu 2 a 0, com gols de Romário e Bebeto. Permitiu a reação holandesa, mas se garantiu na semifinal com uma cobrança de falta perfeita de Branco, o "gol cala-boca", que o lateral dedicou a seus inúmeros críticos.
A Suécia cruzou o caminho brasileiro novamente na semifinal, mas dessa vez o Brasil dominou todo o jogo. Mesmo desperdiçando várias chances de gol, o time de Parreira venceu por um magro 1 a 0, com gol de cabeça do baixinho Romário.
A final colocou Brasil e Itália frente a frente 24 anos depois. Uma reedição da decisão de 1970, que definiu o primeiro tricampeão da história, o duelo consagraria dessa vez o único país a ganhar a Copa quatro vezes.
Com a bola rolando, o Brasil foi melhor, buscou o ataque, mas não conseguiu chegar ao gol em 120 minutos. Pela primeira vez, o título seria decidido nos pênaltis, e o time brasileiro foi mais competente. Taffarel defendeu uma e viu Baresi e Baggio, principais estrelas italianas, chutarem para fora. O planeta bola se tornava novamente verde-amarelo.