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As três mentiras do vice-campeonato na França

Campeão mundial em 1994, o Brasil não disputou as eliminatórias. A preparação da equipe e a definição dos 22 jogadores que iriam à França foram feitas durante jogos amistosos, sem o ritmo de uma competição.

A vitória por 2 a 1 sobre a Alemanha, fora de casa, deu a impressão de que o time estava no caminho certo. Um mês depois, porém, a derrota para a Argentina em pleno Maracanã abalou a confiança da torcida.

Arquivo Folha Imagem

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De herói a vilão
Eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa em 1996 e em 1997, o atacante Ronaldo era a grande estrela brasileira para a Copa. Em seus pés, o Brasil depositava toda a esperança do pentacampeonato.

Sofrendo com dores nos dois joelhos, causadas por tendinite, o atacante não conseguiu fazer os lances sensacionais e todos os gols que a torcida esperava. Para muitos, Ronaldo foi a maior decepção do torneio.

Apesar de ter sido eleito pela Fifa, ele não foi, nem de longe, o melhor jogador da Copa. Mas a verdade é que o Brasil não teria ido tão longe sem ele.

Ronaldo marcou quatro gols, sendo o artilheiro da seleção no torneio. Sua presença no ataque brasileiro atormentou as defesas rivais, abrindo mais espaços para os avanços de Rivaldo e Bebeto.

No entanto, o que ficou marcado para sempre na memória dos torcedores foi a convulsão, uma suposta crise nervosa, sofrida horas antes da final contra a França. Sem condições físicas, Ronaldo jogou mal a decisão, e o Brasil perdeu. De candidato a herói, passou a vilão da derrota.

Pressionado, o técnico Mario Jorge Lobo Zagallo teve que engolir a inclusão de Zico no cargo de coordenador. E, a menos de dez dias do início da Copa, o atacante Romário foi cortado por causa de uma lesão na panturrilha. Quando diagnosticada pelos médicos da seleção, a contusão foi considerada leve, e Romário se recuperaria a tempo de disputar o torneio.

Poucos dias depois, no entanto, a comissão técnica caiu em contradição. Dessa vez, disse que a lesão era grande e que não seria curada em tempo hábil. Cortado, Romário voltou a jogar pelo Flamengo bem antes do fim da Copa. Foi a primeira das três mentiras brasileiras na campanha na França.

Sem o herói do tetra, a briga por um lugar no ataque aumentou. Cobrando uma vaga entre os titulares, Edmundo entrou em atrito com os tetracampeões Bebeto e Leonardo, acusando os companheiros de boicotá-lo em treinos e partidas amistosas.

A estréia contra a Escócia não foi das melhores. O Brasil saiu na frente logo no início, aliviando a tensão, mas não mostrou um futebol convincente. Só garantiu a vitória por 2 a 1 com um gol contra. No segundo jogo, Ronaldo, Rivaldo e Bebeto marcaram os gols brasileiros na fácil vitória sobre a seleção de Marrocos, o que garantiu a classificação para a fase seguinte.

A segunda mentira se revelou após a terceira partida. A derrota por 2 a 1 para a Noruega mostrou que a união da equipe, alardeada por jogadores e comissão técnica, não era tanta assim. Depois do resultado, inútil dentro da competição, os jogadores trocaram farpas e críticas publicamente.

Nas oitavas-de-final, uma goleada tranqüila sobre o Chile, com dois gols de Ronaldo e outros dois de César Sampaio, até então o melhor jogador brasileiro. Diante da Dinamarca, brilhou a estrela de Rivaldo, que marcou dois gols na apertada vitória por 3 a 2.

Na semifinal, contra a Holanda, Ronaldo fez seu melhor jogo no torneio. Abriu o placar e perdeu muitas chances de matar o jogo na prorrogação. O papel de herói, todavia, ficou para o goleiro Taffarel, que defendeu duas cobranças holandesas na decisão por pênaltis e colocou o Brasil na final.

No dia da decisão, o atacante Ronaldo sofreu uma convulsão horas antes da partida. Examinado em uma clínica francesa, foi liberado para atuar pelos médicos. O episódio abalou a seleção brasileira, que ficou assustada e dividida sobre a escalação do jogador.

Para o público, Ronaldo primeiro teve problemas no tornozelo. Depois, uma convulsão. Mais tarde, uma crise nervosa, disseram que teria "amarelado". A verdade jamais foi esclarecida totalmente. Foi a terceira e última mentira brasileira na Copa.

O que aconteceu na partida decisiva não é mistério para ninguém. Diante dos donos da casa, o Brasil não conseguiu enganar. Comandada por Zinedine Zidane, a França gastou a bola e venceu fácil por 3 a 0.

Antes disso, o Brasil jamais havia perdido um jogo de Copa do Mundo por tamanha diferença de gols. Com os três gols sofridos, a defesa brasileira levou 10 gols no total, terminando a competição como a mais vazada entre as 32 seleções. Foi também a primeira vez, desde 1974, que o Brasil perdeu dois jogos no mesmo Mundial. E o título ficou em boas mãos.
DATA FASE JOGOS
10/06/1998 Primeira fase
Brasil
2 x 1
Escócia

Brasil

Taffarel; Cafu, Aldair, Júnior Baiano, Roberto Carlos; César Sampaio, Dunga, Giovanni (Leonardo), Rivaldo; Ronaldo, Bebeto (Denílson).
Técnico: Zagallo

Escócia

Leighton; Boyd, Hendry, Calderwood, Hendry, Dailly (T. McKinlay); Collins, Lambert, Burley, Jackson (B. McKinlay); Durie, Gallacher.
Técnico: Craig Brown

  • Local: Stade de France, em Saint-Denis
  • Árbitro: Jose Maria Garcia-Aranda (ESP)
  • Auxiliares: Jorge Arango (COL) Fernando Gracia (ESP)
  • Cartões Amarelos: Aldair, César Sampaio (BRA); Jackson (ESC)
  • Público: 80.000
  • Gols: César Sampaio (BRA) 4min, John Collins (ESC) 38min (pênalti) do 1º tempo; Thomas Boyd (ESC) (contra) 28min do 2º tempo (contra)
16/06/1998 Primeira fase
Brasil
3 x 0
Marrocos

Brasil

Taffarel; Cafu, Aldair, Júnior Baiano, Roberto Carlos; César Sampaio (Doriva), Dunga, Leonardo, Rivaldo (Denilson); Bebeto (Edmundo), Ronaldo.
Técnico: Zagallo

Marrocos

Benzekri; Saber (Abrami), Rossi, Naybet, El Hadrioui; Chippo, Chiba (Amzine), Tahar El Khalej, Hadji; Hadda (El Khattabi), Bassir.
Técnico: Henri Michel

  • Local: Stade Atlantique, em Nantes
  • Árbitro: Nicolai Levnikov (RUS)
  • Auxiliares: Mark Warren (ING) e Yuri Dupanov (BLR)
  • Cartões Amarelos: César Sampaio, Júnior Baiano (BRA); Hadda, Chiba (MAR)
  • Público: 35.000
  • Gols: Ronaldo (BRA) 9min, Rivaldo (BRA) 45min do 1º tempo; Bebeto (BRA) 5min do 2º
23/06/1998 Primeira fase
Brasil
1 x 2
Noruega

Brasil

Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Gonçalves, Roberto Carlos; Dunga, Leonardo, Denílson, Rivaldo; Bebeto, Ronaldo.
Técnico: Zagallo

Noruega

Grodas; Berg, Eggen, Johnsen, Bjornebye; Riseth (Jostein Flo), Rekdal, Leonhardsen, Strand (Mykland); Tore Andre Flo, Havard Flo (Solskjaer).
Técnico: Egil Roger Olsen

  • Local: Stade Vélodrome, em Marselha
  • Árbitro: Esfandiar Baharmast (EUA)
  • Auxiliares: Dramane Dante (MLI) e Gennaro Mazzei (ITA)
  • Cartões Amarelos: Leonhardsen, Mykland (NOR)
  • Público: 55.000
  • Gols: Bebeto (BRA) 33min, Tore Andre Flo (NOR) 38min e Rekdal (NOR)(pênalti) 43min do 2º tempo
27/06/1998 Oitavas-de-final
Brasil
4 x 1
Chile

Brasil

Taffarel; Cafu, Aldair (Gonçalves), Júnior Baiano, Roberto Carlos; César Sampaio, Leonardo, Dunga, Rivaldo; Ronaldo, Bebeto (Denílson).
Técnico: Zagallo

Chile

Tapia; Reyes, Fuentes, Margas, Cornejo; Acuña (Musrri), Ramirez (Estay), Sierra (Vega), Aros; Salas, Zamorano.
Técnico: Nelson Acosta

  • Local: Parc des Princes, em Paris
  • Árbitro: Marc Batta (FRA)
  • Assistentes: Owen Powell (JAM) e Jacques Poudevigne (FRA)
  • Cartões Amarelos: Leonardo, Cafu (BRA); Fuentes, Tapia (CHI)
  • Público: 45.500
  • Gols: César Sampaio (BRA) 11min e 27min, e Ronaldo (BRA) 45min (pênalti) do 1º tempo; Salas (CHI) 23min e Ronaldo (BRA) 24min do 2º tempo
03/07/1998 Quartas-de-final
Brasil
3 x 2
Dinamarca

Brasil

Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair, Roberto Carlos; César Sampaio, Dunga, Rivaldo (Zé Roberto), Leonardo (Émerson); Bebeto (Denílson), Ronaldo.
Técnico: Zagallo

Dinamarca

Schmeichel; Colding, Rieper, Høgh, Heintze; Jorgensen, Allan Nielsen (Tofting), Helveg (Schjönberg), Michael Laudrup; Moller (Sand), Brian Laudrup.
Técnico: Bo Johansson

  • Local: Stade Atlantique, em Nantes
  • Público: 35.500
  • Árbitro: Gamal Ghandour (EGI)
  • Assistentes: Mohamed Mansri (TUN) e Dramane Dante (MLI)
  • Cartões Amarelos: Roberto Carlos, Aldair e Cafu (BRA); Helveg, Colding e Tofting (DIN)
  • Gols: Jorgensen (DIN) 3min, Bebeto (BRA) 11min, Rivaldo (BRA) 27min do 1º tempo; Laudrup (DIN) 5min e Rivaldo (BRA) 15min do 2º tempo
07/07/1998 Semifinal
Brasil
1 x 1
(4 x 2)
Holanda

Brasil

Taffarel; Zé Carlos, Aldair, Júnior Baiano, Roberto Carlos; César Sampaio, Dunga, Leonardo (Émerson), Rivaldo; Bebeto (Denílson), Ronaldo.
Técnico: Zagallo

Holanda

Van der Sar; Reiziger (Winter), Stam, Frank de Boer; Ronald de Boer, Jonk (Seedorf), Davids, Cocu; Bergkamp, Kluivert, Zenden (van Hooijdonk).
Técnico: Guus Hiddink

  • Local: Stade Vélodrome, em Marselha
  • Árbitro: Ali Bujsaim (EAU)
  • Assistentes: Frederic Arault (FRA) e Evzen Amler (TCH)
  • Cartões Amarelos: César Sampaio, Zé Carlos (BRA); Reiziger, Davids, Seedorf, Van Hooijdonk (HOL)
  • Público: 54.000
  • Gols: Ronaldo (BRA) 2min e Kluivert (HOL) 40min do 2º tempo
  • Decisão por pênaltis: Brasil 4 (Ronaldo, Rivaldo, Émerson, Dunga) x Holanda 2 (Frank de Boer, Bergkamp)
12/07/1998 Final
França
3 x 0
Brasil

França

Barthéz; Desailly, Lizarazu, Thuram, Leboeuf; Deschamps, Djorkaeff (Vieira), Zidane, Karembeu (Boghossian); Petit, Guivarc´h (Dugarry).
Técnico: Aimé Jacquet

Brasil

Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair, Roberto Carlos; César Sampaio (Edmundo), Leonardo (Denílson), Dunga, Rivaldo; Ronaldo, Bebeto.
Técnico: Zagallo

  • Local: Stade de France, em St.Denis
  • Público: 75.000
  • Árbitro: Said Belquola (MAR)
  • Assistentes: Achmat Salie (AFS) e Mark Warren (ENG)
  • Cartões Amarelos: Deschamps, Karembeu (FRA); Júnior Baiano (BRA)
  • Cartão vermelho: Desailly (FRA) 23min do 2º tempo
  • Gols: : Zidane (FRA) 27min e 45min do 1º tempo; Petit (FRA) 45min do 2º tempo
 

SELEÇÕES

Goleiros

1. Taffarel
08.05.66
Atlético-MG
12. Carlos Germano
14.08.70
Vasco
22. Dida
07.10.73
Cruzeiro

Laterais

2. Cafu
19.06.70
Roma (ITA)
6. Roberto Carlos
10.04.73
Real Madrid (ESP)
13. Zé Carlos
14.11.68
São Paulo
16. Zé Roberto
06.07.74
Real Madrid (ESP)

Zagueiros

3. Aldair
30.11.65
Roma (ITA)
4. Júnior Baiano
14.03.70
Flamengo
14. Gonçalves
22.02.66
Botafogo
15. André Cruz
20.09.68
Milan (ITA)

Meias

5. César Sampaio
31.03.68
Yokohama Flug. (JAP)
7. Giovanni
04.02.72
Barcelona (ESP)
8. Dunga
31.10.63
Jubilo Iwata (JAP)
10. Rivaldo
19.04.72
Barcelona (ESP)
11. Émerson
04.04.76
Bayer Leverkusen (ALE)
17. Doriva
28.05.72
Porto (POR)
18. Leonardo
05.09.69
Milan (ITA)

Atacantes

9. Ronaldo
22.09.76
Internazionale (ITA)
19. Denílson
24.08.77
São Paulo
20. Bebeto
16.02.64
Botafogo
21. Edmundo
02.04.71
Fiorentina (ITA)

Técnico

Zagallo