Topo

Especialista no biatlo, brasileiro vai à sua 1ª Olimpíada em 'plano B'

Maurício Dehò

Em São Paulo

06/02/2010 07h01

Entre os cinco brasileiros que disputam os Jogos Olímpicos de Vancouver a partir de sexta-feira, três deles são estreantes. Um deles é o paulistano Leandro Ribela, que não conseguiu sua prioridade na fase de classificação para a competição, mas poderá participar com uma espécie de “plano B”.

Ribela, de 29 anos, é um especialista no biatlo, prova que o lançou nos esportes de inverno, em 2005. Nela, ele combina dois esportes, o esqui cross country, característico pela resistência em percorrer longas distâncias, e o tiro esportivo. Mas, ele conseguiu a classificação em Vancouver apenas no cross country, ficando fora do biatlo.

“Eu gosto muito deste esporte. O tiro é muito legal e adoro o cross country, pela resistência que exige. Então, gosto desta combinação de esportes antagônicos, que fazem com que toda prova seja totalmente diferente uma da outra. Você nunca tem controle do que vai acontecer”, explicou Ribela, ao UOL Esporte, durante sua temporada de preparação na Europa.

Dedicar-se a ambas as modalidades no último ano deu trabalho ao brasileiro, na medida em que ele teve de se dividir nas competições. No meio do ano ele ficou entre Chile e Argentina e, depois, viajou para a Europa, competindo em países como a Áustria, de onde viajou para Vancouver.

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

  • AFP

    Competidores atiram em prova de biatlo alemã

    Um dos principais atrativos para que Leandro Ribela escolhesse pelo biatlo foi seu gosto antigo por tiro. Ele começou com a “mania” ainda criança, quando brincava com uma arma de chumbinho. Foi só quando entrou na modalidade que passou a fazer cursos básicos de tiro, com carabinas.

    O tiro é primordial no biatlo, principalmente devido à sua dificuldade. O competidor tem de dar cinco tiros em trinta segundos, vindo diretamente de uma longa caminhada na neve, o que dificulta muito na precisão, juntamente com o frio intenso.

“Acabei combinando os dois calendários. O desgaste que gera é mais no deslocamento entre as competições”, disse ele, que aproveita o fato de o cross country fazer parte do treinamento do biatlo para disputar a prova específica de esqui. Este fim de ano, ele disputou em dez semanas oito provas de biatlo e o mesmo número de competições no cross country, conquistando a classificação no último.

Em um esporte semelhante à maratona devido à resistência, Leandro Ribela não mira apenas os Jogos de Vancouver, mas o de Sochi, na Rússia em 2014. Os esquiadores chegam à sua melhor forma com cerca de 35 anos e será esta a idade que ele terá na ocasião.

“Com certeza o sonho é que eu esteja no meu auge em 2014 e possa competir no biatlo em Sochi”, almeja o esquiador, que fará companhia a Jaqueline Mourão, companheira na mesma prova no Canadá. O Brasil ainda tem Isabel Clark, no snowboard, e Jhonatan Longhi e Maya Harrison, no esqui alpino.

INICIAÇÃO EM REDUTO DOS ‘HERMANOS’

A cidade argentina de Bariloche é um grande atrativo nos meses de inverno, com uma avalanche de brasileiros que vão para o local curtir um pouco de frio, neve e esportes típicos. Este foi o caso de Leandro Ribela, que foi aos 12 anos para a Argentina com a família e experimentou o esqui.

Mais velho, ele virou instrutor da modalidade nos Estados Unidos durante um intercâmbio e passou a repetir a função em outras viagens. Paralelamente, praticava o triatlo no Brasil e, numa competição amadora de esqui, conheceu o presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve.

O dirigente Stefano Arnhold comentou sobre a busca por atletas e, devido ao histórico no esqui e na resistência do triatlo, levou Ribela a um campo de treinamentos em 2005, onde tudo começou para o paulistano.