Topo

Brasil vai aos Jogos sem ambições e com delegação reduzida; Isabel é aposta

Jhonatan Longhi, Jaqueline Mourão, Isabel Clark, Leandro Ribela e Maya Harrison - Divulgação
Jhonatan Longhi, Jaqueline Mourão, Isabel Clark, Leandro Ribela e Maya Harrison Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Em São Paulo

12/02/2010 13h00

O nono lugar no snowboard de Isabel Clark nos Jogos Olímpicos de Inverno em Turim, há quatro anos, pouco mudou a situação do Brasil, que ainda luta para conseguir espaço na competição. As Olimpíadas têm início na virada desta sexta-feira para o sábado, à meia-noite (de Brasília), e a delegação verde-amarela chega em menor número a Vancouver, sem grandes ambições. A mira é a evolução para os Jogos de 2014, em Sochi, apostando que neste momento a snowboarder possa a voltar a ser o destaque, conquistando mais um top 10.

VEJA QUEM SÃO AS ESTRELAS DOS JOGOS

  • REUTERS/Lucas Jackson

    Shaun White, do halfpipe do snowboard, é um dos destaques dos Jogos de Inverno de Vancouver

No meio de outras 80 nações, que disputarão 15 modalidades na neve e no gelo, o Brasil figura com um time de que mistura experiência e juventude, o que pode resultar em uma boa preparação para os Jogos de Sochi, em 2014, a edição que pode ser considerada pré-Rio-2016. Para Vancouver, no entanto, resultados excelentes seriam surpreendentes, exceto por Isabel, que ainda terá de provar que está bem após uma queda que a tirou do Winter X Games.

O Brasil teve dez atletas em Salt Lake City (2002) e Turim (2006), mas caiu de produção, com apenas cinco no Canadá. Isto porque os esportes de gelo não tiveram classificados, no bobsled e skeleton.

"Nós somos como uma Minardi. Existem as Ferraris, com uma grande parte do orçamento, e nós recebemos só uma pequena parcial disso", chegou a comparar Stefano Arnhold, presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve, em entrevista ao UOL Esporte, citando a falta de recursos para explicar dificuldades. Com esta visão, o objetivo da delegação é basicamente superar suas próprias marcas e, se possível, liderar entre os sul-americanos.

Da atual geração, além de Isabel há Jaqueline Mourão, ex-atleta olímpica do mountain bike e pela segunda vez no esqui cross country. Entre os novatos, Leandro Ribela também compete no cross country, e Jhonatan Longhi e Maya Harrison tentam um bom resultado no esqui alpino – os dois últimos tem história curiosa, já que foram adotados por famílias europeias ainda muito novos e mal falam português.

AGENDA DO BRASIL NOS JOGOS

ATLETA PROVA DATA
Leandro Ribela Cross country - 15km 15/02
Jaqueline Mourão Cross country - 10km 15/02
Isabel Clark Snowboard Cross 16/02
Jhonatan Longhi Esqui alpino: slalom gigante e slalom 21 e 27/02
Maya Harrison Esqui alpino: slalom gigante e slalom 24 e 26/02

“Minha meta é superar meus resultados anteriores”, explicou Leandro Ribela, de 29 anos, do esqui cross country. Ele resumiu a preocupação dos atletas do país nas provas. “(Superar-se) é o principal. Estou na segunda posição entre os sul-americanos, então teria um gosto especial atingir minha meta e fechar na frente. Mas não é a prioridade.”

O Brasil estreia na competição com Jaqueline Mourão, no dia 15. No mesmo dia, Leandro Ribela também disputa medalha do cross country. Isabel inicia sua disputa no dia 16. E, por fim, Jhonatan compete nos dias 21 e 27, e Maya nos dias 24 e 26.

ISABEL SE DIZ RECUPERADA E PRONTA PARA SUBIR POSTOS

Isabel Clark trouxe preocupação com duas semanas para os Jogos de Inverno, devido a um acidente. “Cai na segunda descida de treino do X games. Tinha uma parte no final da pista com uma serie de 'rolers' como quebra-molas na neve. Em um dos saltos, não calculei bem e cai, quiquei e voei descontroladamente, caindo de mal jeito e batendo a cabeça para trás. Fiquei desorientada e com forte dor de cabeça”, contou ela, ao UOL Esporte.

Mesmo com tudo isso e o fato de não ter ido ao Winter X Games, ela diz estar em perfeitas condições. “Felizmente a batida não foi das mais fortes, e três dias depois já estava me sentindo bem melhor e pude voltar às pistas gradualmente. Agora já estou me sentindo normal”, disse.

A snowboarder afirmou que sabe que estará sob pressão após o bom desempenho em Turim, mas fez inclusive trabalhos psicológicos para estar 100% bem quando tiver de competir, sabendo controlar suas emoções.

ESQUIADORES SALTAM ANTES DA ABERTURA

Como é comum em Jogos Olímpicos, a edição de Inverno tem programada uma grande festa de abertura. A cerimônia está marcada para esta sexta-feira, na virada para sábado, à meia-noite, mas antes disso já haverá gente na pista.

Os primeiros a irem à neve são os competidores do esqui saltos, que disputarão o qualificatório da prova Norman Hill, às 18h (horário de Brasília). Sábado já haverá disputa de medalhas, no esqui, biatlo e patinação.