UOL Esporte Olimpíadas de Inverno
 
Matt Dunham/AP Photo

Cantora Nikki Yanofsky durante sua apresentação na cerimônia de encerramento

01/03/2010 - 11h01

Após morte, Canadá vence os Jogos com recorde e festa; Brasil perde espaço

Do UOL Esporte
Em São Paulo

A noite de domingo marcou o fim dos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver, marcados principalmente pela festa da torcida local. Apesar de uma morte no mesmo dia da cerimônia de abertura, a competição não sofreu outros grandes problemas e foi encerrada com o Canadá batendo recorde: 14 ouros e o título de melhor país nestas Olimpíadas. Já o Brasil brecou sua evolução e perdeu espaço.

CANADÁ BRILHA EM CASA

  • MARTIN BUREAU/AFP

    Jasey Jay Anderson conquistou o ouro que definiu o título canadense, na disputa do snowboard

  • REUTERS/Shaun Best

    O Canadá ainda completou a festa com o ouro no hóquei masculino, na revanche contra os EUA

Os canadenses estavam céticos quanto às chances de conquistarem o maior número de ouros, mas superaram respectivamente Alemanha (dez) e Estados Unidos e Noruega (nove cada). Os norte-americanos foram os maiores no número total de pódios, com 37, bastante à frente da Alemanha, com 30 - os alemães foram a única nação com medalhas em todos os dias de provas.

Apesar da grande festa da torcida local e dos turistas que foram apoiar seus países, um dos fatos mais marcantes foi a morte do georgiano Nodar Kumaritashvili, de apenas 21 anos. Ele treinava para a prova de luge quando saiu da pista e bateu de encontro a uma pilastra, não resistindo aos ferimentos.

O incidente abriu polêmica, já que a pista de luge, skeleton e bobsled já era considerada perigosa. Pequenas mudanças foram feitas para garantir a segurança do restante dos competidores, mas foi apenas no final dos Jogos que o Comitê Olímpico Internacional admitiu uma parcela de culpa. Após culparem o próprio piloto, falando em erro humano, disseram ter “culpa moral” no fato.

No quesito doping, o COI aumentou o número de testes, mas não sofreu com escândalos. Dois atletas foram pegos em exames, mas ambos com substâncias que são encontradas em medicamentos.

A segurança reforçada também não teve trabalho, nem com ameaças de terroristas, tão pouco com torcidas violentas. Apenas alguns protestos anti-Olimpíadas, alguns deles mais ríspidos, abalaram a cidade.

NA NEVE E NO GELO
Muito se falou das condições ruins de tempo em Vancouver, mas foram poucos os problemas na hora de competir. O esqui teve provas adiadas devido ao solo lamacento e à neblina, mas os maiores prejuízos foram nos treinos antes das provas.

Na hora de competir, o esqui alpino viu sua estrela, Lindsey Vonn, brilhar e cair. Ela era dúvida dias antes da estreia, lesionada, mas conquistou o ouro no downhill, em que era favorita, e o bronze no super-G. Nem tudo foi tão bom para ela, que teve quedas e quebrou o dedinho da mão em sua penúltima prova.

  • Sergey Ponomarev/AP

    Lindsey Vonn quebrou dedo no fim da participação, mas teve saldo de um ouro e um bronze no esqui

Além do esqui, os EUA foram destaque também no snowboard, com mais um ouro de Shaun White, após uma volta radical perfeita no halfpipe, apostando no Double McTwist 1260, uma das manobras mais complexas da modalidade.

No Parque Olímpico de Whistler, palco do biatlo e do esqui cross country, a tradicional Noruega manteve sua força. Foram três ouros no biatlo e mais cinco no cross country.

GRANDES NO COLETIVO
O Canadá arrebatou sua torcida nos esportes coletivos, em duas disputas totalmente opostas. No truculento hóquei, a seleção balançou, mas ficou com o título no masculino, completando a dobradinha com as meninas do país

Liderados pelo jovem Sidney Crosby, o melhor do mundo, os canadenses se assustaram com a derrota para os EUA na primeira fase. Em seguida, no entanto, bateram a Rússia em um clássico e, na final, uma partida emocionante definiu o último campeão dos Jogos, com gol de ouro para decidir.

O curling, a famosa “bocha no gelo”, foi sensação. O Canadá ficou com o título no masculino com uma atuação irretocável de seu capitão, o veterano careca Kevin Martin. Na decisão, a vitória foi sobre a Noruega - e suas calças quadriculadas -, com certa tranquilidade. No feminino, a Suécia é que faturou o ouro, após erro do Canadá.

Nas duplas da patinação artística, o Canadá desbancou a tradicional Rússia. Em uma bela prova, próxima da perfeição, Tessa Virtue e Scott Moir garantiram o espetáculo em frente aos torcedores da casa.

ORIENTAIS FORTES; RÚSSIA DECEPCIONA
Depois de uma grande participação em Pequim, a China também brilhou na edição gelada das Olimpíadas. Apenas oito anos após a primeira medalha de ouro do país na história, com Yang Yang em Salt Lake City, o país encerrou sua participação em sétimo, com cinco ouros, duas pratas e quatro bronzes. A Coreia do Sul também foi muito bem, em quinto lugar.

Os orientais dominaram as pistas de patinação em velocidade. Em pista curta, foram quatro ouros chineses e dois da Coreia. Na pista longa, os sul-coreanos empataram nos ouros com a Holanda, com três para cada. Todos os três ouros nesta modalidade foram da estrela local Seung-Hoon Lee.

O fracasso de Vancouver foi dos russos, que tinham muito a zelar. O país, um dos mais tradicionais dos esportes de inverno, foi apenas o 11º colocado na competição. O presidente Medvedev já pediu a cabeça dos responsáveis, uma vez que a sede de 2014 é justamente a cidade russa de Sochi.

BRASIL CAI, MAS INTERESSE CRESCE
A participação brasileira criou certa expectativa, devido ao nono lugar de Isabel Clark em 2006, melhor participação na história. No entanto, o que se viu foi uma perda de espaço, começando pela não-classificação do bobsled, deixando a delegação com apenas cinco representantes.

Isabel caiu em suas duas voltas no snowboard cross e não conseguiu chegar perto do desempenho em Turim. Acabou apenas em 19ª.

No cross country, a experiente Jaqueline Mourão foi à sua segunda Olimpíada de Inverno - já foi à de verão na mountain bike - e apenas igualou a 67ª posição de Turim. O estreante Leandro Ribela foi 90º na prova, mas é um especialista no biatlo, prova para a qual deve se dedicar em Sochi-2014.

No esqui alpino é que o Brasil tenta enxergar um futuro melhor, com a estreia de dois jovens, ganhando experiência para 2014. Pouco se esperava de Jhonatan Longhi e Maya Harrison (17 anos) e pouco se viu, realmente. Maya se tornou a primeira brasileira a completar o slalom na história, mas foi eliminada no slalom gigante. Longhi foi 60º no slalom gigante e acabou fora  do slalom.

Se em termos de resultado os Jogos não agradaram, o público brasileiro mostrou interesse na competição, apesar de ser pouco familiarizado com a neve. Ao contrário de edições passadas, as Olimpíadas tiveram presença na TV aberta, uma vez que a Record passou a ser detentora dos direitos de transmissão e realmente investiu nele - o canal passará os Jogos de Verão de Londres, em 2012. Entre os canais pagos, SpoorTV e Record News tiveram boa parte do dia dedicados ao event.

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