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Meninos pobres de SP que esquiam vão vibrar com o cross country nesta terça

Atleta olímpico Leandro Ribela atua no projeto social Ski na Rua com crianças carentes de São Paulo - Reprodução/Projeto Social Ski na Rua
Atleta olímpico Leandro Ribela atua no projeto social Ski na Rua com crianças carentes de São Paulo Imagem: Reprodução/Projeto Social Ski na Rua

Bruno Freitas

Do UOL, em Sochi (Rússia)

10/02/2014 16h00

Leandro Ribela entra em cena nos Jogos de Inverno nesta terça-feira, comemorando sua segunda Olimpíada e provocando expectativa a milhares de quilômetros de distância da Rússia. A atuação do brasileiro do cross country mexe com os corações de meninos de uma comunidade carente de São Paulo, integrantes de um projeto que tem o esqui como instrumento de inclusão social.

O paulista de 33 anos é um dos mentores do projeto que trabalha com crianças e jovens de 9 a 22 anos no Jardim San Remo, comunidade próxima à Cidade Universitária, em São Paulo. Lá Ribela ensina a prática do rolerski, modalidade de esqui sobre o asfalto, com rodinhas, mas usando técnica praticamente idêntica àquela que o atleta usa em competição pelo mundo.

"A gente conversa bastante com todos eles, é gostoso escutar a admiração. Eles se espelham, fico feliz de ter plantado essa sementinha. Sempre falo para eles que eles podem ir mais longe do que eu consegui ir. Eu comecei tarde no cross country. Muitos deles, já com 9 ou 10 anos, já têm uma habilidade impressionante com o rolerski. Quem sabe a gente pode chegar mais longe nos próximos ciclos", afirmou Ribela em entrevista ao UOL Esporte.

Através do projeto, Leandro conseguiu levar crianças para treinamento em Ushuaia, na Argentina. Nos próximos meses outros meninos terão a oportunidade de esquiar na Eslovênia. Em São Paulo, além do rolerski, os jovens também têm oportunidade de aprender inglês e espanhol, através de aulas com professores voluntários.

"O 'Esqui na Rua' é um projeto de inclusão social que temos desde julho de 2012. Não é para formar atletas, mas visa educação através do esporte. A gente tenta transmitir valores olímpicos, princípios para educação desses meninos. Algo que eles possam aplicar na formação como cidadão", relata Ribela. 

Em Vancouver-2010 Leandro Ribela terminou em 90º lugar na prova de 15 km do cross country. No entanto, o brasileiro se focou na disputa do Sprint (1,6 km) no último ciclo.

"Com certeza, este foi um ciclo mais estruturado, eu já conhecia muita coisa: onde treinar, locais para treinar, pessoas que podia procurar por ajuda, com quem treinar. A experiência olímpica também contribuiu bastante. Mudou também boa parte do meu treinamento, para focar na prova de sprint (1,6 km). É um treinamento de força, para uma prova de distância curta, mais intensa. Nas duas ultimas temporadas pude focar neste prova, de velocidade, e estou melhor preparado", comentou o atleta.

Ribela sabe que compete em uma faixa intermediária na disputa do sprint, mas está em Sochi com o incentivo de recentemente ter assumido a liderança do ranking latino-americano da prova, à frente de adversários de Argentina e Chile, por exemplo.

"Veio no momento certo, dá confiança para competir em Sochi. Consegui atingir todas as metas que eu fiz nesse ciclo. É muito bom, deu certo aquilo que eu apostei, que me preparei. Afinal são os meus concorrentes diretos, têm as mesmas realidades e as mesmas dificuldades", afirmou sobre a liderança do ranking latino-americano.