Maior ídolo da Olimpíada joga sem um dente da frente e não está nem aí
A imagem de Alexander Ovechkin é onipresente para quem acompanha os Jogos de Inverno in loco. Pela cidade, a estrela do time de hóquei no gelo da Rússia aparece em uma série de publicidades outdoor. Dentro do Parque Olímpico, ele é a identidade visual impressa em uma série de máquinas de um refrigerante famoso, patrocinador oficial do evento. Mas tem alguma coisa faltando aí, não?
O jogador mais popular da Rússia na Olimpíada joga em Sochi sem o centroavante. Ou melhor, sem um dos dentes da frente, da arcada superior. Uma visão que pode não ser confortável, mas que virou uma marca registrada bem-sucedida de Ovechkin. É como se fosse a careca de Ronaldo nos seus áureos tempos de Fenômeno.
Ovechkin perdeu o dente da frente há sete anos, durante uma partida da NHL, a liga profissional dos Estados Unidos, onde atua pelo Washington Capitals. Na oportunidade, tomou um golpe involuntário do adversário do Atlanta Trashers com o taco. Depois do jogo, a parte remanescente foi arrancada e o atleta tomou 14 pontos na boca. Mas desde então, a máquina russa de fazer gols exibe orgulhosa o buraco bem no meio do sorriso.
"Ele tem toneladas de dinheiro, poderia colocar um dente de ouro", diz o russo Igor Tredyakovsky, fã de hóquei que desfila no Parque Olímpico com uma camisa da seleção russa.
Para Ovechkin, e muitos outros atletas do hóquei, a banguela representa uma espécie de troféu em um dos esportes coletivos mais brutos que se conhece. O russo adora exibir seu sorriso desfalcado em sorrisos, mesmo em publicidades. No caso da ação para a marca de refrigerante do Parque Olímpico, é quase desencorajador comprar um refresco ao olhar para o buraco do ídolo. Mas que o marketing pessoal funcionou, é inegável.
"É legal ter o meu rosto em cartazes pela cidade, é legal", comentou o jogador em entrevista durante a Olimpíada.
PRESSÃO POR OURO EM CASA
Badalação à parte, Alexander Ovechkin disputa os Jogos de Sochi com uma pressão inédita na sua carreira. Na condição de estrela do time de hóquei, o ídolo lidera a missão de devolver a Rússia ao topo do pódio.
Nos tempos de União Soviética, o país dominou a modalidade em Olimpíadas até 1980, quando perdeu o ouro para amadores dos Estados Unidos. A última vitória veio anos mais tarde, em 1988, nos Jogos de Calgary, no Canadá.
Desde que a NHL liberou seus atletas a participarem dos Jogos, em 1998, a Rússia só tem uma prata e um bronze [a última medalha em 2002, em Salt Lake City]. Na edição anterior da Olimpíada, em 2010, o time de Ovechkin foi demolido pelo Canadá ainda nas quartas de final.
Eleito por quatro vezes o melhor jogador da NHL, Ovechkin atua pressionado para trazer o êxito pessoal que conquistou nos EUA para a seleção russa. No último final de semana, as cobranças aumentaram com a derrota para a equipe americana em compromisso da fase de grupos.
"Não sinto a pressão. Não há uma responsabilidade maior sobre mim, mas sobre toda a equipe", desconversa Ovechkin, embaixador oficial da Olimpíada.
Nesta quarta-feira, o astro lidou bem com a pressão. Ovechkin liderou o time da casa na vitória por 4 a 0 sobre a Noruega, que assegurou a Rússia nas quartas de final. O sonho está vivo, em cima dos ombros do ídolo desdentado.
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