Pilotei um bobsled, levei um tranco na curva e me senti tipo um jamaicano
Criticar é fácil. Por isso, quando soube da existência de um simulador de bobsled no Parque Olímpico, achei que minha experiência de dois dias de acompanhamento in loco do esporte nos Jogos de Inverno bastariam para encarar a missão.
Imaginei ainda que algumas sessões de conversas com atletas do Brasil e do exterior ajudariam na aventura, como eu gostei de pensar na brincadeira a princípio. Mas, ao chegar ao local, bastou esperar na fila por idosos e crianças que estavam na frente para a mística do simulador de bobsled ruir. Afinal, com aqueles personagens, de perto a máquina já não parecia mais capaz de reproduzir a sensação de terror do gelo.
Mas uma vez ali, por que não? A primeira dificuldade apareceu de imediato, com a necessidade de enfiar o corpo rapidamente dentro do trenó. Você precisa encaixar com precisão as pernas na parte dianteira antes de disparar na pista virtual. Na vida real, essa manobra é decisiva: os pilotos executam o movimento em fração de segundos, com impacto crucial no tempo final lá na frente.
No simulador presente no stand promocional da Omega não há contagem de tempo. Todos que ali sentam experimentam uma brincadeira meramente recreativa. No entanto, a alavanca que fica na frente do piloto sugere que sutilezas de direção estão para valer na sua mão.
E é aí que a brincadeira fica mais séria. Tomo um tranco duro para a direita, o mesmo que há poucos minutos fizera um garotinho russo gargalhar. A curva é longa, demora uns cinco segundos, e o ombro chega a doer espremido na lateral do trenó. Mas tudo passa logo, porque na curva seguinte o chacoalhada é para a esquerda.
Ali tudo é brincadeira, mas a sensação ajuda a entender o tamanho do esforço físico a que os atletas do bobsled são submetidos em pouco menos de um minuto de prova.
Depois de alguns trancos, quando o ocupante do simulador nota que senhoras russas tiram fotografia do seu rosto e parecem se divertir, você começa a torcer para acabar logo. A brincadeira é fiel na duração, com cerca de um minuto de agito para lá e para cá dentro do trenó.
No fim das contas, bate um leve remorso por ter pesado a mão nas críticas aos jamaicanos do trenó de dois homens, os últimos na Olimpíada de Sochi. Tudo bem que o piloto quebrou a viseira na corrida e não enxergou quase nada na descida, mas não dá para dizer que os simpáticos Winston Watts e Marvin Dixon não sejam caras de coragem. Afinal, aquele não é o ambiente deles. Nem o meu.
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