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Brasil pode receber ajuda internacional para ter pista de curling no RS

Mathieu Belanger/Reuters
Imagem: Mathieu Belanger/Reuters

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

17/10/2014 06h00

O Brasil, em que um dia de neve é um evento raro, pode se tornar o principal centro da América Latina do curling, o mais exótico dos esportes de inverno. A frase parece bizarra, mas é verdade. Nos últimos meses, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo tem trabalhado no projeto da primeira pista oficial da modalidade na região. E até mesmo a Federação Mundial de Curling está interessada na iniciativa.

Tudo começou com conversas com a prefeitura de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. A cidade, rica pela indústria de fumo que é forte na região, tem dinheiro para investir no esporte e escolheu o esportes de inverno para isso. A ideia é criar um grande centro de esportes no gelo, com um rinque para hóquei e patinação e as pistas de curling.

“Temos um acordo com a prefeitura de Santa Cruz do Sul para ceder o terreno. A verba para a construção viria por meio da lei de incentivo e as empresas da região já demonstraram interesse em apoiar esse projeto. E, agora, a World Curling Federation também afirmou que pode investir nessa pista”, explica Maurício Martins, gerente de comunicação da Confederação Brasileira.

O interesse da federação internacional apareceu quando os brasileiros foram a um congresso buscar informações para a criação do centro de esportes gelados. Não existe, em toda a América Latina, nenhuma pista oficial da modalidade. Os custos desse sonho, porém, são altos. Todo o complexo custaria R$ 10 milhões.

A criação do complexo poderia ajudar o Brasil a resolver uma questão importante em sua batalha para entrar, definitivamente, no mundo do curling competitivo: a criação de jogadores. Na semana passada, terminou uma seletiva online da modalidade. O número de interessados foi alto, mas apenas dois vídeos foram enviados.

O problema eram os requisitos: eram necessários vídeos mostrando habilidades do esporte, mas em pistas oficiais. “Fizemos essa seletiva para formar a seleção brasileira para competir. Por isso, estávamos buscando atletas prontos, que já tiveram contato com o esporte”, explicou Maurício.

Algumas pessoas chegaram a perguntar se vídeos com adaptações seriam aceitos. Entre as sugestões estavam testes de patinação em rinques de gelo nacionais e até jogos de bocha, já que os dois esportes envolvem pistas longas e peças atiradas em direção a um alvo. Nenhuma das sugestões foram aceitas.

“Nossa ideia era mapear brasileiros que já jogam curling e podem ser inseridos nos projetos da Confederação. Um deles é um brasileiro que mora na Irlanda e joga por lá. É alguém que ninguém conhecia na Confederação. Pessoas como ele poderão ter a chance de treinar com a seleção. Essa era nossa intenção com essa seletiva”, disse Maurício.

A seleção brasileira de curling existe há cinco anos, mas nunca disputou um Mundial. Para isso, precisa vencer um desafio contra os EUA, já que só duas vagas para o torneio estão disponíveis para o continente. O próximo desafio está marcado para janeiro de 2015, visando o Mundial de Nova Escócia, no Canadá.