UOL Esporte Fórmula 1
 
17/12/2009 - 14h11

Inovador, carro de Di Grassi é desenvolvido com tecnologia de nave espacial

Guga Fakri
Em São Paulo

Uma das maiores dúvidas sobre o projeto da Virgin Racing, equipe que estreará ao lado do brasileiro Lucas Di Grassi na Fórmula 1 em 2010, foi o fato de o time ser a único do grid a desenvolver o carro sem utilizar um túnel de vento, tecnologia consagrada e adotada por todas as outras equipes.

O carro que Di Grassi irá pilotar a partir de 2010 está sendo totalmente desenvolvido por computadores. Nesta quinta-feira, o piloto explicou o motivo da inovação, que já foi utilizada com sucesso em um carro da Le Mans Series e na construção da primeira nave espacial comercial da história, a SpaceShipTwo, outro projeto da Virgin.

“O carro desenvolvido para a Le Mans foi vencedor e só usou essa tecnologia. Ela é benéfica em praticamente todos os fatores. Essa tecnologia reduz em praticamente 100% a construção e o descarte de peças que não serão usadas em corridas. Como não temos túnel de vento e não precisamos construir peças para testes, a quantidade de lixo produzido é praticamente zero”, disse Di Grassi.

“Além disso, tem o custo. A relação entre o preço do túnel e o quanto ele traz de performance não é tão boa quanto a que temos conseguido com a computação. Se a equipe tiver um orçamento de 500 milhões de dólares, sem dúvida teria de ser feito um trabalho com túnel de vento”, continuou o brasileiro.

“Mas tivemos que fazer o carro em praticamente seis meses, com um orçamento limitado, que já está pensando no futuro, quando o orçamento for limitado para todos os times. E quando isso acontecer, esse será o melhor sistema. Porém, só saberemos o quão rápido é o carro quando todos forem para a pista. Na minha opinião, a probabilidade de ter sucesso a médio e longo prazo é muito alta”, falou Di Grassi, em coletiva de imprensa que contou também com a presença do executivo chefe da Virgin, Alex Tai.

O dirigente explicou porque o time decidiu não utilizar o túnel de vento. “Você não pode inovar se não mudar alguma coisa. Nosso projeto é desenvolver a equipe para ter o melhor carro e a melhor estrutura com a limitação de 60 milhões de dólares, e é impossível ter um túnel de vento com esse orçamento”, falou Tai.

“Não seria possível fazer isso três ou quatro anos atrás, porque a computação não estava tão avançada quanto agora. Mas nossa nave espacial, que já foi para o espaço três vezes com sucesso, também foi desenvolvida no computador”, revelou o dirigente.

Visivelmente satisfeito com clareza da resposta de Lucas Di Grassi, Alex Tai aproveitou para elogiar o piloto brasileiro. “É importante que o piloto entenda toda a estrutura que terá a sua disposição. Uma das principais razões para termos escolhido o Lucas foi sua inteligência. Precisamos das melhores mentes”, disse o dirigente.

“Quanto considerávamos contratá-lo, John Booth [chefe da equipe] me disse que, se não fosse para pilotar, ele poderia ser até um dos engenheiros do time”, contou, sorrindo, o executivo chefe da Virgin Racing.

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