FIA resolve implantar mais um gerador artificial de ultrapassagens

Foram inúmeras tentativas fracassadas. As duas últimas, a introdução do Kers, o sistema que transforma energia das freadas em potência e que volta nesta temporada, e as asas dianteiras flexíveis. Agora, a FIA acatou uma sugestão feita pelas equipes e radicalizou na busca por mais ultrapassagens na F-1.

 

E, para a temporada que começa em uma semana, na Austrália, a entidade que comanda o automobilismo introduziu um novo gerador artificial de ultrapassagens. É um sistema de asas traseiras móveis, que promete não só aumentar o espetáculo como também a confusão. O mecanismo é bem simples. O problema é sua utilização. E a sua fiscalização.

 

A ideia é solucionar uma antiga reclamação dos pilotos. Eles dizem que é praticamente impossível ultrapassar um carro em condições normais, a não ser em performances muito diferentes -como é o caso de retardatários ou equipes nanicas. Para isso, a FIA criou o sistema que permite a eles movimentar a asa traseira para ajudar nas ultrapassagens. A abertura criada no aerofólio traseiro diminui o arrasto e, consequentemente, dá mais velocidade ao carro.

 

O problema é que o sistema só pode ser usado uma vez por volta durante as corridas e em locais específicos da pista -a chamada 'zona de ultrapassagem'. Esta área e a 'zona de aproximação' vão ser demarcadas com faixas brancas, que serão pintadas no asfalto dos circuitos. Outro pré-requisito para o uso é que o piloto deve estar a, no máximo, um segundo do carro que quer passar. Por meio de um botão no volante, o movimento da asa é controlado pelos pilotos.

 

Mas o sistema só poderá ser acionado quando uma luz, também no volante -acionada automaticamente pelos computadores de bordo-, indicar que ele está pronto. Apesar de 'armado', o sistema só poderá ser usado quando o piloto entrar na zona de ultrapassagem.

Tantos detalhes fizeram com que o dispositivo se tornasse motivo de reuniões entre pilotos e a FIA durante a pré-temporada da categoria.

 

Para tentar evitar polêmicas durante a corrida de abertura do Mundial, Charlie Whiting, inspetor de segurança da entidade, irá solicitar um simulado durante os treinos livres em Melbourne. E, apesar de até os pilotos não estarem 100% certos de como o sistema funcionará, o inspetor diz que não há razão para achar que os fãs se confundirão com estes detalhes.

 

"A operação do sistema é simples. Haverá linhas na pista para delimitar as zonas e facilitar a compreensão do público. Além disso, as TVs receberão um sinal toda vez que o sistema for ativado, o que será mostrado aos telespectadores", disse Whiting.

 

2010 tem média de 1,15 ultrapassagem por GP

Segundo levantamento da revista Autosport, que não levou em conta corridas com chuva e manobras na primeira curva, a média de ultrapassagens entre os seis primeiros colocados no ano passado foi de 1,15 por corrida. Esta média é bem inferior às registradas em 1970 (5,91) e em 1990 (5,93). Pelo levantamento, a primeira ultrapassagem 'real' do ano foi a de Lewis Hamilton sobre Sebastian Vettel na Turquia, sétima etapa da temporada.