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Chatice da F-1 e crise europeia derrubam faturamento do lazer adulto paulistano

Café Photo, uma das principais casas de entretenimento adulta da cidade, apontou queda de 40% no faturamento em uma semana que, em anos anteriores, era marcada por lucro recorde - Edson Lopes Jr./Folha Imagem
Café Photo, uma das principais casas de entretenimento adulta da cidade, apontou queda de 40% no faturamento em uma semana que, em anos anteriores, era marcada por lucro recorde Imagem: Edson Lopes Jr./Folha Imagem

Roberto Pereira de Souza

Em São Paulo

26/11/2011 06h00

As onze vitórias de Sebastian Vettel, o título da temporada garantido desde outubro e a crise europeia são os ingredientes principais para o fiasco de consumo que o GP Brasil de F-1 provocou em São Paulo. E o principal setor a acusar a queda de faturamento é aquele que apresenta, anualmente, o maior aumento de lucro com o evento: o entretenimento adulto.

O UOL Esporte conversou com representantes do setor e descobriu que serviços de acompanhantes e bares adultos, que previam aumento de público na semana da corrida em Interlagos, continuam com movimento idêntico a semanas normais. Abalados pela crise, turistas europeus estão pedindo desconto até em aperitivos, revelou o gerente da Nova Gauguin, conhecida boata de entretenimento adulto da zona sul de São Paulo.

A chatice do campeonato mundial de F-1 mudou também o ambiente do hotel onde as equipes estão hospedadas. O silêncio na recepção revela o baixo interesse pelo GP, segundo informou um funcionário. Em anos anteriores, quando o título não estava assegurado, os torcedores e hóspedes se misturavam nos saguões em busca de um autógrafo.

"PRECISANDO DE UM PITSTOP?!

  • Cartaz da Nova Gauguin, casa de entretenimento adulto, mostra a importância do GP Brasil: "Precisando de um PITSTOP? Excepcionalmente a casa abrira a partir das 15h na semana da F-1"

Em um dos cafés do hotel houve um leilão de produtos com grife da McLaren. O ingresso custava R$ 400. O preço foi estipulado para conter uma demanda supostamente aquecida. Mas, mesmo com Jenson Button no palco, o lugar não estava nem com a metade da lotação.

Mas foi na noite adulta que o fim de festa do campeonato parece ter provocado o maior desgaste. Situada no Itaim Bibi, a Nova Gauguin é uma construção estilizada de 800 metros quadrados. Normalmente, 80 acompanhantes atendem à clientela. O consumo médio para cinco horas dentro da boate pode chegar a R$ 2 mil por pessoa, quando o negócio está "bombando" com turistas que visitam São Paulo a negócios ou para ver o GP de F-1.

“Nos bons tempos, era uma demanda muito forte”, relembra, em tom nostálgico, o gerente da Nova Gauguin, conhecido na noite como Fábio Rodrigues Celebridade. “Tenho 80 moças que trabalham comigo. Para a F-1 chegaram mais 70, mas eu já comecei a dispensar funcionários porque não compensou o investimento que fizemos em divulgação”, explica.

A preparação para conquistar novos clientes começou com divulgação de panfletos em todos os hotéis da região da avenida Carlos Berrini, onde as equipes da F-1 estão hospedadas. O serviço foi expandido a outras regiões, mas não deu resultado.

“Divulgamos na cidade toda, usamos uma rede de taxistas e todos os hotéis bons de São Paulo. Mas nada deu certo. Da corrida mesmo, acho que tivemos menos de 1% de faturamento nessa semana. Eu diria até que esta semana pode ser mais fraca que a semana passada”, comentou o gerente.

Atento aos trancos do mercado, o gerente Celebridade deu uma explicação razoável sobre a queda de faturamento das casas paulistanas, que operam o “segmento de lazer adulto”. “Esse rapaz (Sebastian Vettel) já ganhou o título. Já é conhecido, não temos mais disputa. Isso afasta o turista que acompanha a F-1. A crise europeia também aperta os turistas que normalmente acompanhavam um evento como esse. Pela primeira vez na vida, estou vendo turista europeu pedir desconto em comida”, comentou Celebridade.

Funcionários do Café Photo, uma das casas do gênero mais famosas da cidade, afirmam  que o movimento caiu nesta semana, apesar do circo da F-1 estar na cidade. “Reforçamos a segurança da casa, imaginando que o movimento fosse subir nesta semana de F-1. Mas houve uma queda de uns 40 %”, comentou um experiente funcionário do café. “O título já está decidido, eu acho que isso diminuiu o número de turistas estrangeiros da Europa”, concluiu o funcionário.

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