BBC elege Senna como maior de todos os tempos, mas cita seu "psicológico obscuro"
Desde o começo deste ano, o site da emissora britânica BBC tem listado os 20 maiores pilotos de Fórmula 1 de todos os tempos. A série começou em março, com Jochen Rindt, e teve os brasileiros Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi em 16º e 17º, respectivamente. O especial chegou a fim nesta terça-feira, com o número 1: Ayrton Senna.
O brasileiro tricampeão superou Juan Manuel Fangio, segundo colocado da lista, e Jim Clark, terceiro. Michael Schumacher ficou em quarto, e Alain Prost em quinto. Coube ao redator-chefe de Fórmula 1 da BBC, Andrew Benson, traçar um perfil de Ayrton Senna e justificar a sua escolha como o maior de todos os tempos, sem esquecer de citar os mistérios da personalidade do piloto e a sua intrigante coragem de buscar sempre o limite.
“A grandeza do homem e sua pilotagem brilhante são fáceis de serem lembradas, mas a ocasional obscuridade de seu psicológico, talvez não”, escreve Benson, que descreveu Senna como um “semideus” no Brasil, além de um piloto admirado em todo o mundo pelo seu carisma e romantismo.
OS MAIORES PILOTOS PARA A BBC
1. Ayrton Senna | 11. Alberto Ascari |
2. Juan Manuel Fangio | 12. Gilles Villeneuve |
3. Jim Clark | 13. Nigel Mansell |
4. Michael Schumacher | 14. Mika Hakkinen |
5. Alain Prost | 15. Lewis Hamilton |
6. Stirling Moss | 16. Nelson Piquet |
7. Jackie Stewart | 17. Emerson Fittipaldi |
8. Sebastian Vettel | 18. Jack Brabham |
9. Niki Lauda | 19. Graham Hill |
10. Fernando Alonso | 20. Jochen Rindt |
“Senna era uma força da natureza, uma poderosa combinação de espetacular talento bruto com uma determinação assustadora. Mas, com toda essa determinação, e com seu próprio conhecimento de o quanto talentoso ele era, veio um senso de justiça menos atraente que o levava a colocar sua própria vida – e a dos seus oponentes – sob risco”, criticou o texto da BBC.
O perfil enumera as principais passagens da carreira do piloto, como quando venceu no Brasil apenas com a sexta marcha. “Provavelmente, nenhum piloto na história da Fórmula 1 se dedicou tanto ao esporte”, diz o texto.
A rivalidade com Alain Prost também ganha destaque, bem como a batida proposital no Japão que deu o título de 1990 ao brasileiro, um ano depois de ter sido prejudicado por uma decisão do presidente da FIA, Jean-Marie Ballestre, que favoreceu o francês.
“Ele tinha a boa aparência de um herói romântico, um carisma que poderia aquietar qualquer recinto, a eloquência de um poeta e a espiritualidade com a qual milhões puderam se identificar. Seus olhos escuros eram janelas de uma alma complexa e volátil”, resumiu o artigo.
Para ilustrar a personalidade obscura de Senna, o perfil lembra uma frase de Prost criticando o piloto brasileiro por seu estilo agressivo de pilotagem: “Ayrton tem um pequeno problema. Ele acha que não pode morrer, porque acredita em Deus, o que é muito perigoso”.
Por sua vez, Senna deixou frases filosóficas, e uma delas é citada pelo texto: “Ao mesmo tempo em que você é visto como o melhor, o mais rápido e alguém que não pode ser alcançado, você é enormemente frágil. Porque, em uma fração de segundo, está acabado”.
Por fim, Andrew Benson encerra explicando por que Senna elevou o esporte a um novo patamar: “Ele pregou a moralidade, mas estava preparado para abandoná-la pela sua ambição e seu próprio senso de justiça. Ele falou eloquentemente sobre sua própria mortalidade, mas testou seus limites quase sempre no carro. Tudo isso, aliado ao seu humanismo, caráter e inteligência, deu a ele e ao esporte o apelo de milhões”.
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