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Fórmula 1

Filme sobre F-1 tem narrativa romântica e abre a guarda do 'sisudo' Lauda

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres

13/09/2013 06h01

Muitos são os motivos para que fãs de automobilismo se interessem por Rush, a recriação romântica da temporada de 1976 da Fórmula 1, pontuada pela intensa rivalidade entre Niki Lauda e James Hunt. Pode-se falar na premissa do filme ou do impressionante trabalho de “encarnação”’ do piloto austríaco pelo ator Daniel Bruhl (Chris “Thor” Hemsworth faz um trabalho decente na pele de Hunt, mas que não chega aos pés de Bruhl). Mas o grande trunfo do filme dirigido por Ron Howard foi ter aberto a guarda do sisudo Lauda.

Dono de uma biografia que anteriormente já havia despertado a atenção de roteiristas e diretores, Lauda dissera nãos com a mesma tenacidade usada ao volante, apesar de ter escrito cinco livros, entre eles uma autobiografia. O roteiro de Peter Morgan, porém, trouxe um apelo que tentativas anteriores pareceram não compreender. Três títulos mundiais e a sobrevivência num dos mais tenebrosos acidentes do automobilismo não pareciam motivos suficientes para Lauda endossar um projeto cinematográfico. O misto de rivalidade e camaradagem com Hunt, sim.

“Foi possível ver que tínhamos atraído a atenção de Niki quando apresentamos a ideia para ele. Tínhamos na mão uma história de yin e yang, mas acima de tudo o fato de que Niki mudava de expressão toda as vezes em que falava de James”, explica Morgan, numa rodada promocional de entrevistas sobre o filme realizada no início do mês, em Londres.

Um dos pilotos menos midiáticos que já passaram pela F-1, Lauda é conhecido pela sinceridade brutal. Que o diga Daniel Bruhl. Escolhido por Howard para o papel do austríaco, o autor de dupla nacionalidade germânico-espanhola conta que em seu primeiro contato com o ex-piloto recebeu um convite para uma visita que o deixou pouco à vontade. “Niki combinou de nos encontrarmos em Viena para um conversa, mas ordenou que eu levasse apenas bagagem de mão, para o caso de ele não ir com a minha cara e me mandar embora na primeira noite.”

Lauda, porém, foi com a cara de Bruhl. E com o endosso do tricampeão mundial, o ator desenvolveu um trabalho minucioso de recriação em Rush que inclui uma passagem no final em que uma narração em off parece ser de Lauda, mas na verdade é de Bruhl. O austríaco, numa recente entrevista à agência de notícia Reuters, disse ter visto o filme três vezes. Pouco documentado é o fato de Lauda, apesar de não ter qualquer poder criativo sobre o roteiro, ter “cornetado” a produção com frequência.

 “Um dia recebi um telefonema de Niki durante as filmagens. Ele tinha visto algumas cenas e tinha ficado irritado com detalhes mínimos. Reclamou que nunca tinha usado aliança de casamento enquanto corria. Também é impressionante como ele analisa momentos de sua vida com uma frieza que não se vê todo dia”, conta Bruhl.

 Em especial o acidente no GP da Alemanha que em 1976 deixou Lauda à beira da morte e com graves queimaduras. Porém, 43 dias depois ele estava de volta às pistas. Rush captura o drama mas se concentra principalmente nas diferenças de temperamento entre Lauda e Hunt. O inglês deixou o mundo dos vivos em 1993, vítima de um ataque cardíaco, o que obviamente o impediu de participar do filme. Algo que parece ter deixado Lauda, hoje com 64 anos, nostálgico. Mas não menos ranzinza.

“Durante a elaboração do roteiro, perguntaram-me se eu colocava o capacete ou as luvas primeiro. Precisei explicar para os idiotas que é muito mais simples colocar o capacete primeiro”’, resmungou Lauda à Reuters.

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