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Fórmula 1

Chefão da F1 diz que novos motores "não funcionam" e pede mudanças

Livio Oricchio

Do UOL, em Sakhir (Bahrein) *

06/04/2014 10h31

O movimento de mudar algumas aspectos importantes da nova Fórmula 1 já para as próximas etapas é, agora, oficial. E ganhou força com a decisão de Bernie Ecclestone, promotor do espetáculo, procurar os jornalistas neste domingo, no circuito de Sakhir, para dizer o que pensa ser necessário para reaproximá-la do público. 

As novas regras, em especial a adoção do motor turbo, com seu ruído fraco, e a limitação de consumo de combustível descaracterizaram a competição, segundo afirmou Ecclestone, na tumultuada entrevista na sala de imprensa do autódromo onde hoje, às 18h, será dada a largada do GP de Bahrein, terceira etapa do campeoanto. O UOL estava na conversa de Ecclestone com a imprensa.

A decisão de expor aos jornalistas sua decisão voraz de lutar por mudanças já foi estratégica. Daqui a pouco Ecclestone vai se reunir com o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, ávido como o dirigente inglês por uma revisão do que está aí, e Jean Todt, presidente da FIA, principal mentor dos conceitos adotados pela F1 nesta temporada

"Temos, sim, de pensar nelas (as mudanças)", afirmou Ecclestone. "Os torcedores que pagam para vir ao circuito desejam ver a F1 que conheciam." A maior diferença para o que havia no ano passado, por exemplo, é o nível de ruído muito mais baixo, os carros um tanto mais lentos e os pilotos tendo como maior preocupação economizar tudo, motor, gasolina, pneus, em vez de pensar em acelerar para valer.

A culpa por esse estado de coisas, segundo Ecclestone, é dos novos motores turbo 1.6, substitutos dos aspirados de 2,4 litros utilizados desde 2006. "Eles são fantásticos, desenvolvem alta potência e consomem pouco, mas para a F1, como negócio, não funciona", afirmou. 

Ecclestone não poderia ter sido mais claro. Mas a essa altura a definição dos motores turbo representa um caminho sem volta para a F1. Milhões de euros foram investidos pela Mercedes, Ferrari e Renault, as fabricantes desses motores, bem como os carros foram concebidos para os incorporarem junto dos dois complexos sistemas de recuperação de energia, capazes de lhe permitir responder com cerca de 750 cv de potência.

"Esse motores deveriam ser usados nos carros de turismo e não na F1", sentenciou Ecclestone, há pouco. É uma declaração forte.

O presidente da FIA sabe, obviamente, o motivo de Ecclestone e Montezemolo solicitarem a reunião, em Bahrein. E já adiantou para o jornalista alemão Michael Schimdt, do Auto Motor und Sport: "Montezemolo deve primeiro perguntar a seus engenheiros se é possível rever o que deseja nos motores". 

De fato, rever seu ruído bem como o consumo de combustível exigirá mudanças significativas. Ocorre que os motores foram homologados em fevereiro e, pelo regulamento, não podem sofrer quase alterações.

Ecclestone considera possível mudar isso também. "Acho que podemos fazer algo a esse respeito (barulho). E quanto a necessitarmos de 10 kg a mais de gasolina, ou algo parecido, penso que todos deverão concordar."

O grande problema é que para mudar qualquer ponto do regulamento com o campeonato em curso todos têm de concordar. É preciso unanimidade dos participantes. E Totó Wolff, diretor da Mercedes, já classificou como "absurda" a tentativa de Ecclestone e Montezemolo. 

"Acho que é possível fazermos a mudança sem prejudicar a Mercedes", comentou Ecclestone. Argumentou que os homens que dirigem a equipe, como Wolff e Niki Lauda, sabem o que é melhor para o esporte e deverão concordar com a iniciativa de trazer um pouco a F1 ao que era nos últimos anos.

O dia no belíssimo autódromo de Bahrein, sob sol e temperatura de 27 graus, está quente. E deverá aquecer ainda mais dentro da sala de reunião onde lá estarão Ecclestone, Montezemolo, Todt e representantes da equipes.

Duas novas equipes

Ecclestone falou que duas novas equipes serão aceitas para a F1 em 2015, inclusive uma escuderia americana comandada por Gene Hass, sócio da equipe Stewart-Hass na Nascar, que se inscreveu para ingressar na categoria.

“Elas serão aceitas. Se conseguirão [entrar] ou não, é outra história. Estamos felizes por receber mais duas equipes”, disse o inglês. Atualmente, a F1 conta com 11 escuderias.

“Falei com Jean Todt [presidente da FIA] ontem e concordamos que se as duas equipes quiserem entrar, vamos deixar”, afirmou o dirigente de 83 anos.

* Com agências internacionais

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