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Fórmula 1

Colegas lamentam esquecimento de piloto que morreu na véspera de Senna

Pascal Rondeau/Getty Images
Imagem: Pascal Rondeau/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

25/04/2014 06h00

Em meio às homenagens que são feitas a cada aniversário da morte de Ayrton Senna, fica o esquecimento de outro piloto menos conhecido que também sofreu um acidente fatal naquele mesmo fim de semana do GP de San Marino de 1994, em Ímola, um dia antes do brasileiro: Roland Ratzenberger.

O austríaco sofreu um acidente que tirou sua vida durante a classificação para a corrida, no sábado. Após perder um pedaço da asa dianteira de sua Simtek, ele passou reto na curva Gilles Villeneuve e se chocou forte ao guardrail, a mais de 320 km/h, em imagem que chocou o mundo, inclusive o próprio Senna, que chegou a organizar uma tentativa de boicote ao restante daquela sessão.

A maneira como seu nome fica de lado ano a ano incomoda vários de seus companheiros de pista da época. Johnny Herbert, que era um amigo do piloto austríaco, diz que entende o destaque dado a Senna, pelo fato de ele ser um tricampeão e um dos nomes mais importantes da história da Fórmula 1, mas afirmou que sempre que pode, tenta lembrar as pessoas a tragédia que atingiu Ratzenberger também.

“É sempre Ayrton, mas você entende o motivo, pois ele conquistou o que conquistou. Roland é quase esquecido. Sempre que eu converso com as pessoas, eu nunca digo que foi o fim de semana de Ayrton. Sempre de Ayrton e Roland. Eu nunca esqueço e não quero que as outras pessoas esqueçam”, explicou o inglês, em entrevista à agência Reuters.

O ex-piloto ainda recordou um pouco de Ratzenberger, especialmente seu bom humor. “Perdemos um cara muito legal que trabalhou muito duro para chegar à posição de piloto de F1. Perdemos Ayrton, mas perdemos Roland um dia antes. Um cara muito legal. Era difícil não vê-lo sorrindo.”

Damon Hill, que em 1994 estava em sua segunda temporada em uma equipe de ponta, a Williams, justamente como companheiro de Senna, também mostrou respeito por Ratzenberger, lembrando sua luta para se estabelecer na F1 e as similaridades entre a sua carreira e do austríaco.

“Ele seguiu um caminho muito parecido com o meu. Ele chegou à F1 aos 31 anos, bem tarde, mas ele ficaria. Ele claramente tinha talento, mas não brilhava como Senna ou um [Lewis] Hamilton. Ele era um cara que amava ser um piloto de corrida. Ele era talentoso, muito competitivo”, disse.

Presidente da FIA (Federação Internacional do Automobilismo) na época, Max Mosley contou que a carreira de Ratzenberger foi muito difícil por causa da falta de dinheiro para financiar sua carreira, o que faz de sua morte ainda mais dramática.

“Para mim, foi mais trágico do que a morte de Ayrton porque ele chegou à F1 com seu esforço e ajuda de sua família. Ele não tinha dinheiro, ele conseguiu com seu próprio trabalho e era realmente uma boa pessoa. A morte dele seria algo muito grande se a de Senna não tivesse acontecido no dia seguinte”, afirmou.

Aquela temporada era a primeira de Ratzenberger na F1. Ele não conseguiu se classificar para o GP do Brasil, que abriu o campeonato, e terminou em 11º a prova seguinte, em Aida, no Japão, após largar em 26º. Essa acabou sendo a única corrida que ele efetivamente participou no Mundial. Antes, ele passou pela F3000 Japonesa, F3 Inglesa (ambas categorias de acesso) e teve cinco participações nas tradicionais 24 Horas de Le Mans. 

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