É um parque aberto ao público, Parco delle Acque Minerali, em Ímola, Itália, e a estátua de Ayrton Senna encontra-se próxima à grade que o separa da curva Tamburello do circuito Enzo e Dino Ferrari, que faz fronteira com o parque. Qualquer cidadão pode se aproximar, tocar, deixar sua mensagem lá. Escultura de bronze, apoiada sobre granito cinza.
O local virou um ponto de peregrinação dos fãs do piloto, em especial hoje, quando o evento Ayrton Senna Tribute 1994/2014, organizado pelo site F1Passion, com apoio da prefeitura de Ímola, lembrou os 20 anos da morte do piloto. Às 14h17 (horário local) de 1.º de maio de 1994 a Williams de Senna colidiu contra o muro da curva Tamburello, matando-o horas mais tarde.
Dentro da pista 20 mil fãs de Senna assistiram a uma cerimônia emocionante realizada ao lado de onde houve o choque. Mas dentro do parque, do outro lado da Tamburello, os fãs também fizeram suas homenagens. Dentre eles vários que pagaram os 10 euros (R$ 34) para entrar na pista.
Como todo parque num dia de feriado, o de Ímola estava lotado, hoje. E havia um motivo a mais para reunir tanta gente, a oportunidade de se aproximar da obra de Senna.
É impressionante como o público, interessado ou não pela F1, se modifica ao se aproximar da área da estátua de Senna, obra do escultor italiano Stefano Pierotti, inaugurada na edição de 1997 do GP de San Marino. Todo o burburinho normal nesses ambientes de repente cessa ao redor da área da estátua.
As pessoas até mesmo reduzem a velocidade de deslocamento. As reverências ao que a estátua emana começam antes de chegar nela. Anda-se mais devagar e o tom de voz é outro, bem mais baixo, como se fosse um local sacro. Marco Lippi, morador da cidade, chama carinhosamente a atenção dos dois filhos que corriam perto da estátua. "Questione di rispetto", "Questão de respeito", diz à reportagem do UOL.
É comum também no parque a presença de ambulantes, quase todos imigrantes, alguns provavelmente de forma ilegal. A maior parte de marroquinos. E oferecem relógios, por exemplo, dizendo tratar-se do modelo que "Sina" utilizava.
Na obra do artista italiano, Senna está cabisbaixo. Não é a imagem que mais o caracteriza. Nem mesmo propõe a sua profunda espiritualidade. Em geral, não é uma obra que agrada o fã. Mas o mais importante é o clima que se estabelece nessa porção do parque. Como o acesso ao muro da Tamburello onde Senna bateu é proibido, por ser dentro da pista, a estátua funciona como o santuário da oferendas.
Hoje um fã colocou uma bandeira do Brasil nas costas do piloto. Estava lá na hora em que a reportagem do UOL permaneceu no parque. E como na grade sobre o verdadeiro local do impacto, cujo acesso foi aberto excepcionalmente hoje, do outro lado da Tamburello, a estátua reúne flores, mensagens, fotos, bandeiras, e mesmo velas.
Curiosamente, há desinformação entre os fãs. Não são poucos o que acreditam que Senna bateu no muro do lado do circuito onde está a estátua e não do outro, o externo ao traçado original da Tamburello. E quando ficam sabendo que aquele não foi o local do choque não escondem a decepção. Esse foi o caso de Leonardo Castri. "Não sabia", disse ao UOL, perturbado e provavelmente desconfiado de que não fosse verdade.
Em 1995, para manter o GP de San Marino no circuito Enzo e Dino Ferrari, os promotores refizeram o traçado. A Tamburello se transformou de uma curva percorrida em sexta marcha, a 300 km/h, em uma chicane onde o piloto faz a primeira parte em segunda marcha e a seguinte em terceira, com velocidades bem mais reduzidas. O último GP de F1 em Ímola disputado em 2006.
O militar da aeronáutica Andrea Boni acompanhava hoje o Ayrton Senna Tribute. "Senna fez me apaixonar pela F1. Um exemplo como homem." Estava acompanhado da brasileira Cecilia Pelisser, outra fã do piloto. "Nos divertíamos, em casa, em Blumenau, aos domingos de manhã, vendo as corridas, aquela música da vitória, a narração do Galvão", diz. Era uma pré adolescente. "Mas aquilo ficou marcado." Como muitos, tinham a camiseta com motivo do piloto. Ambos viajaram duas horas e meia de carro para estar em Ímola.
Quem estava no autódromo podia ainda ver a exposição de alguns carros de F1 utilizados por Senna, McLaren e Lotus, bem como equipamentos a exemplo de macacões, luvas e capacetes. A mostra está organizada no Museu Checco Costa, ao lado de onde estavam os velhos boxes do autódromo.
Uma bela exposição de fotos do inglês Keith Sutton, todas do início da carreira de Senna na Inglaterra, também pode ser vista. Depois da cerimônia na Tamburello, no horário do acidente de 1994, parte do público foi para o museu. A fila para entrar tornou-se imensa. Dentre os interessados estavam duas moças italianas administradoras de empresas, ambas com tatuagem de Senna, uma nas costas e outra no braço, Annalisa Piantini e Angela Cocco. "Nosso ídolo, certamente".
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