Lauda diz que adversários não devem alcançar a Mercedes tão cedo

Niki Lauda, diretor da Mercedes, disse ao UOL Esporte: "Uma vantagem como a nossa não se reduz de uma etapa para a outra. A superioridade começou a ser construída quando o novo regulamento foi aprovado. São mais de dois anos de trabalho". Ontem, Lauda comentou com os ingleses que via a hegemonia de seu time como algo superior ao estabelecido pela Red Bull nos últimos anos.

 

Para o UOL, explicou: "Nós não temos apenas um conjunto aerodinâmico mais eficiente, como a Red Bull, sem que isso tire os méritos do que fizeram. Foram os melhores. Mas no nosso caso temos um "powertrain" [unidade motriz] fantástico, produzido pelo nosso grupo, um perfeito casamento com o ótimo chassi, cada elemento pensado em função do outro". E não hesita em dizer que pensa ser mesmo "difícil" para os adversários vencerem a Mercedes este ano.

 

Enquanto Lauda falava de um lado do paddock, do outro Daniel Ricciardo, da Red Bull, não escondia sua decepção com o que Lewis Hamilton e Nico Rosberg fizeram no primeiro dia de treinos. O inglês, vencedor da três últimas etapas, estabeleceu o melhor tempo, 1min25s524, seguido por Rosberg, 1min25s973. Mas Ricciardo, em terceiro, ficou distante 985 milésimos, quase um segundo, atrás de Hamilton.

 

"Estou um pouco frustrado por eles terem sido tão rápidos", afirmou Ricciardo. A exemplo da Ferrari, a Red Bull concentrou todos os seus esforços no desenvolvimento da versão do carro que estreou em Barcelona. Adrian Newey, do time austríaco, e James Allison, diretor técnico da Ferrari, sabem que o GP da Espanha, o primeiro na Europa, representa o momento ideal para tentar se aproximar da Mercedes. Depois, as chances de lutar pelo título, se é que ainda as têm, quase que desaparecem.

 

"Espero que consigamos reduzir a diferença [ainda no fim de semana]. Hoje foi muito grande", comentou Ricciardo. A Red Bull conta também com a nova versão da unidade motriz da Renault. "Seria muito bem poder lutar pelas vitórias logo, mas por enquanto o máximo possível é lutar pela terceira colocação", falou o australiano, cada vez mais respeitado na sua escuderia.

 

Para tornar o desafio da Red Bull de se aproximar da Mercedes ainda mais difícil, Sebastian Vettel, companheiro de Ricciardo, não treinou hoje, o que significa bem menos referências para a equipe planejar a corrida, domingo. São informações como degradação dos dois tipos de pneus distribuídos pela Pirelli, duros e médios, consumo de combustível, dos freios, diferentes opções de estratégia e até de encontrar o melhor acerto do carro.

 

Vettel teve, ainda no início do treino da manhã, uma pane elétrica com princípio de incêndio que obrigou os mecânicos a desmontarem o modelo RB-110 do tanque para trás, impedindo-o de voltar à pista até mesmo na sessão da tarde. Na sua brevíssima e tumultuada entrevista, disse: "Espero que possamos recuperar o tempo perdido. Caso contrário será outro fim de semana triste".

 

Diante da previsão de Lauda, de que a vantagem da Mercedes exigirá bom tempo até que a concorrência a desafie, bem como da resignação de Ricciardo, piloto do time com maior potencial para tentar se aproximar da Mercedes, tudo o que Bernie Ecclestone, promotor do Mundial, deseja é que ao menos Rosberg se mostre uma adversário à altura de Hamilton.

 

Por enquanto, o abandono do inglês campeão do mundo de 2008, na etapa de abertura do campeonato, na Austrália, está permitindo a Rosberg manter-se na liderança do Mundial, com 79 pontos. Mas Hamilton já o segue de bem perto, 75. O terceiro colocado, Fernando Alonso, da Ferrari, está distante, em terceiro, com 41.

 

A Ferrari não permite que seus pilotos falem com a imprensa na sexta-feira. No comunicado da equipe, Alonso comentou que o modelo F14T escorregava demais, talvez por causa da falta de uso do asfalto, com pouca borracha, e não escondeu que a condição da Ferrari na prova não é favorável.