Presidente da Ferrari diz que problema é a equipe, não os pilotos
O presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, acompanhou parte do primeiro dia de treinos livres do GP da Espanha, hoje, no Circuito da Catalunha, em Barcelona. A razão principal da viagem era emocional, como a definiu: "Foi nessa pista que Michael Schumacher venceu pela primeira vez conosco, em 1996, corrida difícil, sob chuva".
Fez um pedido: "Quero chamar a atenção de todos para ele. Está lutando muito. Desejo estar muito próximo de Michael e da sua família". O ex-piloto alemão conquistou de 2000 a 2004 cinco títulos mundiais com a Ferrari. No dia 29 de dezembro, no entanto, sofreu um acidente de esqui, na França, bateu a cabeça e entrou em coma, quadro clínico que persiste até hoje.
Já Fernando Alonso nunca conseguiu ser campeão com a Ferrari e não mais esconde sua insatisfação com o time. O presidente da empresa permitiu que a imprensa o fizesse três perguntas. Uma delas abordou o momento delicado na relação entre Alonso e a equipe e trocou "ideias" com o repórter francês: "Você o conhece?", perguntou Montezemolo. Ouviu que sim. Replicou: "Eu o conheço muito bem, melhor que você. Tive vários pilotos na Ferrari já. O problema da Ferrari não é piloto, mas a equipe", afirmou.
"Não estou contente com a equipe, desejo vencer, embora seja verdade que perdemos oportunidades de conquistar o título, até mesmo com Fernando, quando era mais difícil perder que ganhar", disse o italiano.
Referia-se à temporada de 2010, quando por errar na estratégia de Alonso a Ferrari perdeu o campeonato para Sebastian Vettel, da Red Bull, na última etapa, em Abu Dabi. O quinto lugar lhe garantia a conquista, mas acabou em sétimo.
Deu para sentir uma ponta de crítica ao piloto, por não ter arriscado a ultrapassagem em Vitaly Petrov, da Renault, o que o levaria ao título.
As repostas de Montezemolo são verdadeiros discursos. "No dia em que estiver contente com a Ferrari, por termos um carro competitivo novamente, Fernando vai estar da mesma forma superfeliz e continuará a dar, como sempre, mais de 100% de si. Hoje, compartilho a sua frustração com a equipe."
A respeito do finlandês Kimi Raikkonen, contratado para ser mais eficiente que Felipe Massa, o dirigente saiu em defesa do campeão do mundo com a Ferrari, em 2007. "Eu também o conheço muito bem. Está melhorando, etapa a etapa. Assim que se sentir mais à vontade no carro vai melhorar." Depois de quatro provas, o finlandês soma 11 pontos, 12.º colocado, diante de 41 de Alonso, terceiro. Massa conseguiu na Williams nessas quatro provas 12 pontos.
"Quando Kimi fez seu primeiro teste de F1, com a Sauber, nós treinávamos em Mugello. Determinada hora Michael (Schumacher) me procurou para perguntar quem era aquele piloto que estava a sua frente na pista. Queria saber porque ele era muito rápido. E era Kimi."
A contratação de Ross Brawn foi desmentida. "Ele veio me visitar (em Maranello), tem casa ainda na Itália, e já estão dizendo que Ross voltará para a Ferrari." Outra razão por ter viajado a Espanha é dar apoio ao novo diretor da equipe, Marco Mattiacci. "Quando Jean Todt começou a trabalhar conosco, em 1992 (o correto é 1993), eu também fui às corridas nos dois, três primeiros meses porque ele não tinha experiência com F1", explicou o italiano que lembrou que seu primeiro GP, como diretor esportivo da Ferrari, foi em Brands Hatch, Inglaterra, em 1973.
Além das importantes mudanças introduzidas no modelo F14T na Espanha, a Ferrari tem outro grande pacote sendo trabalhado para o GP do Canadá, a ser disputado dia 8 de junho, em Montreal, depois da etapa de Mônaco, dia 25, contou Montezemolo. Se a versão do circuito Gilles Villeneuve não melhorar significativamente o carro é bem provável que a Ferrari passe a concentrar seus esforços já no modelo de 2015.
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