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Fórmula 1

Hamilton sai com raiva de Mônaco e Rosberg só curte a liderança

Livio Oricchio

Do UOL, em Mônaco

25/05/2014 17h17

Nico Rosberg, vencedor do GP de Mônaco, e Lewis Hamilton, segundo colocado, falaram muito, hoje, dos polêmicos acontecimentos do fim de semana nas ruas do Principado. Duas abordagens, contudo, uma de cada um, parecem ser as mais importantes.

No sábado Rosberg obteve controversa pole position ao seguir direto pela área de escape da curva Mirabeau, impedindo os demais pilotos de melhorarem seus tempos, em especial Hamilton, por causa da bandeira amarela onde saiu da pista. E a pole position em Mônaco é mais do que meio caminho andado para a vitória.

Hamilton estava inconformado ainda depois da bandeirada, hoje, quando muito em função do ocorrido sábado acabou na segunda colocação, perdendo a liderança do Mundial para Rosberg. 

O inglês, com raiva, disse na entrevista depois das 78 voltas, no pódio: "Pilotei com meu coração, dei tudo o que havia dentro de mim. De maneira honesta. Pilotei honestamente todo o fim de semana. Portanto, deixo o circuito muito feliz e posso ir para a próxima corrida com ainda mais energia e determinação".

Era um recado claro para o companheiro, sentado do seu lado, mas sempre mantido a maior distância do normal. Na tradicional foto dos três pilotos com seus trofeus Rosberg e Ricciardo aparecem abraçados. Hamilton, à direita deles, sem desejar tocar em Rosberg.

O campeão do mundo de 2008 usou a palavra "fairly" (de forma limpa), duas vezes. Para ele, Rosberg fabricou a pole position ao deliberadamente provocar a bandeira amarela que o obrigou a reduzir a velocidade na última chance de tentar ser o mais rápido da classificação.

Já Rosberg, alheio ao que Hamilton e boa parte da F1 pensa, analisou o aspecto esportivo e psicológico de sua segunda vitória seguida no GP de Mônaco. Havia sido primeiro em 2013. "Essa vitória é especial, definitivamente, porque Lewis estava no seu "momentum" com os resultados e tudo o que eu realmente precisava fazer era quebrar esse momentum e felizmente consegui."

Por "momentum" Rosberg quer dizer quatro vitórias seguidas. Depois de abandonar na abertura do Mundial, na Austrália, prova vencida por Rosberg, Hamilton ganhou as demais: Malásia, Bahrein, China e Espanha. Rosberg foi segundo nas quatro. E vinha de suas poles seguidas. Rosberg precisava inverter. Precisava fazer Hamilton compreender que ele está vivo na competição.

E há outro aspecto muito importante desse resultado, lembrado por Rosberg: "Certamente voltar a ser líder do campeonato, com uma vitória em Mônaco, é muito, muito legal". Mensagem para Hamilton: "Terá de continuar trabalhando duro porque há forte concorrência para ser campeão".

Toto Wolf e Niki Lauda, da direção da Mercedes, vão ter de conversar muito com seus dois pilotos nos próximos dias. Mais cedo ou mais tarde o clima de tensão entre os dois iria surgir. Disputam o mesmo espaço. Hamilton é mais talentoso. Mas Rosberg é tenaz, lutador, sabe que a chance de ser campeão do mundo é esta. Dificilmente irá dispor de um carro tão mais eficiente que os demais.

A batalha se transfere, agora, para o Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, onde em 2007, sua temporada de estreia na F1, Hamilton obteve, com McLaren-Mercedes, sua primeira vitória e primeira pole position. O GP do Canadá será dia 25.

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