Pilotos da Red Bull terão dificuldades para vencer o GP da Áustria
A perda da invencibilidade da Mercedes no GP do Canadá, sétima etapa do campeonato, dia 8, está fazendo muitos fãs da F1 acreditarem que na próxima corrida do calendário, o GP da Áustria, domingo, Daniel Ricciardo, o vencedor em Montreal, e seu companheiro de Red Bull, o tetracampeão Sebastian Vettel, poderão de novo desafiar Nico Rosberg, líder da temporada, e seu parceiro de Mercedes, Lewis Hamilton.
Para o espetáculo seria, de fato, muito interessante. Mas é pouco provável que Rosberg e Hamilton tenham de lutar com Ricciardo, Vettel ou um piloto de outro time pela primeira colocação no GP da Áustria. O que nem todos se deram conta foi que a vitória do surpreendente Ricciardo no circuito Gilles Villeneuve só aconteceu por causa dos problemas nos carros dos pilotos da Mercedes. Rosberg foi segundo com um dos sistemas de recuperação de energia (MGU-K) falhando. Hamilton abandonou na 46.ª volta de um total de 70 em decorrência do superaquecimento dos freios.
Assim, para Ricciardo, Vettel ou outro piloto entrar na luta pela vitória, domingo, será preciso que, de novo, Rosberg e Hamilton enfrentem dificuldades técnicas ou se envolvam em algum incidente.
Nem todos tiveram acesso ao raio X da corrida de Montreal para entender melhor a superioridade da Mercedes, apesar da vitória, com méritos, da Red Bull. Na 35.ª volta, por exemplo, metade da prova, a vantagem de Rosberg, líder, e Hamilton, segundo, era enorme para os concorrentes. Hamilton cruzou a linha de chegada um segundo e 259 milésimos depois de Rosberg.
Um segundo mais lento por volta
Mas o terceiro colocado àquela altura, Nico Hulkenberg, da Force India, que não havia feito pit stop ainda, era de 28 segundos e 313 milésimos. Vettel, com uma parada, na volta 15, como Rosberg, volta 18, e Hamilton, 19, ocupava o quarto lugar, 29 segundos e 40 milésimos atrás de Rosberg, enquanto Ricciardo, quinto, com pit stop na 13.ª volta, tinha um atraso de 30 segundos e 252 milésimos em relação ao alemão da Mercedes, líder.
O vencedor, Ricciardo, portanto, entre a volta 8, a primeira sem o safety car, e a 35.ª, perdeu mais de 30 segundos nas 27 voltas de corrida livre (35 - 8), o que mostra que a Red Bull era cerca de um segundo mais lenta por volta que a Mercedes. Curiosamente, na volta seguinte, Hamilton e em seguida Rosberg entraram em contato com a equipe pelo rápido para sinalizar, quase ao mesmo tempo, perda de potência. Era o início de suas dificuldades técnicas.
Pista favorável a Mercedes
Para piorar os planos de Vettel e Ricciardo, bem como da direção da sua equipe, quanto a conquistar nova vitória e desta vez em casa, as características dos 4.326 metros do Circuito Red Bull Ring, domingo, guardam alguma semelhança com a pista canadense. Há longos trechos de aceleração plena seguidos por fortes freadas.
A não ser as curvas 4 e 5, contornadas em quarta marcha com velocidades próximas dos 200 km/h, as demais seis curvas são lentas, de segunda ou terceira marcha, e breves. Os carros permanecem a maior parte do tempo nas quatro retas existentes. A pista tem somente oito curvas. A Red Bull é forte em velocidade nas curvas, por causa da sua refinada aerodinâmica. Mas o tempo em curva na sua pista é curto.
Na última edição do GP da Áustria, em 2003, Michael Schumacher, da Ferrari, estabeleceu a pole position com 1min09s150, média de 225,2 km/h. Ele viria a vencer a corrida também. O traçado é o mesmo deste ano. Naquela temporada, os motores eram V-10 de 3 litros aspirados e havia competição entre os fabricantes de pneus. A Ferrari corria com Bridgestone e a McLaren-Mercedes, do segundo colocado, Kimi Raikkonen, Michelin.
Agora todos os pneus são Pirelli e os tipos escolhidos para o fim de semana da oitava etapa do campeonato foram os mais macios de sua gama, os moles e os supermoles, os mesmos das etapas de Mônaco e do Canadá.
O modelo W05 Hybrid da Mercedes tem se mostrado veloz e confiável em todo tipo de circuito, haja vista que com Rosberg ou Hamilton venceu as primeiras seis etapas. Em traçado veloz e de muita aerodinâmica, como o da Malásia; de média velocidade, a exemplo de Bahrein; e de rua, Mônaco.
Mas se há uma condição onde o W05 Hybrid melhor pode expressar seus dotes de velocidade é nas retas longas, por causa da maior eficiência da sua unidade motriz, ou seja, o motor turbo V-6 de 1,6 litro mais os dois sistemas de recuperação de energia, como foi o caso do circuito canadense e, se der a lógica, no fim de semana na Áustria.
Mais novidades no carro
Para tentar tornas as coisas um pouco difíceis para a Mercedes, Adrian Newey, diretor técnico da Red Bull, introduziu mudanças no modelo RB10-Renault no Canadá e agora na Áustria, diante de milhares de funcionários da Red Bull que vão estar nas arquibancadas, o carro de Ricciardo e Vettel terá ainda novos componentes.
Apesar do avanço do RB10 no Canadá, ainda assim a diferença imposta pelo W05 Hybrid foi grande, mais de um segundo por volta, como os números demonstraram, daí ser pouco provável que o novo pacote da Red Bull a torne tão rápida quanto a Mercedes. Mas a história recomenda sempre prudência com os favoritismos excessivos. Na F1 vez por outra surge um fator novo, inesperado, numa determinada prova e geram grandes surpresas.
A Red Bull estreou na F1 em 2005 enquanto o último GP da Áustria foi disputado em 2003. O interesse pelo evento é enorme. A quase totalidade dos ingressos já havia sido comercializada há dez dias, segundo informaram integrantes da Red Bull no Canadá. O bom para o público também é que a previsão meteorológica hoje indica pouca possibilidade de chuva no fim de semana.
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