Rosberg, Bottas, Hamilton e Ricciardo ganham nota 10 no GP da Alemanha
A análise com nota dos dez primeiros colocados no GP da Alemanha. Só não houve luta pelo primeiro lugar. Do segundo para trás tivemos duelos espetaculares, como o entre Fernando Alonso, da Ferrari, e Daniel Ricciardo, Red Bull, pelo quinto lugar. Enfim, foi uma bela corrida.
Nico Rosberg - 10
O piloto da Mercedes largou na pole position, assumiu a ponta e o diretor de TV só foi exibi-lo de novo na 67.ª e última volta, a cinco curvas da bandeirada. Ninguém ameaçou sua quarta vitória na temporada.
Pilota como um campeão. Simplesmente não erra. Nem mesmo nos momentos de dificuldade, como na oitava volta quando diz no rádio: "É impressionante o quanto o carro sai de frente". E na 40.ª volta, ao comunicar: "Graining, graining". Aqueles "rolinhos" de borracha que se formam na banda de rodagem dos pneus e reduzem a aderência.
E Rosberg fez apenas dois pit stops, diante de três de sete dos dez primeiros. Os outros com duas paradas foram Valtteri Bottas, Williams-Mercedes, segundo colocado, e Nico Hulkenberg, Force India-Mercedes, sétimo. Como a Pirelli tinha os pneus mais moles da sua gama, o macios e os supermacios, Rosberg teve de pilotar sem submetê-los a esforços extras.
Ok, dispõe do melhor equipamento, inquestionável, mas enfrentou problemas também. A prova de Hockenheim foi a primeira sem o Fric, sistema hidráulico que ajudava o carro ser mais equilibrado, o que exigiu dos pilotos e das equipes certo aprendizado, pois há três anos a Mercedes já o tinha no seu carro.
A diferença para Lewis Hamilton, o companheiro, subiu de 4 para 14 pontos. Niki Lauda, sócio e diretor da equipe Mercedes, afirmou ainda no começo do ano: "O campeão será o piloto mais inteligente e não necessariamente o mais veloz". Até agora, com dez etapas disputas, restam nove, Rosberg é quem melhor está se saindo no exame. Com todos os méritos.
Valtteri Bottas - 10
Tem 24 anos, apenas, e 29 GPs de experiência na F1. Mas pilota como um piloto no auge da sua maturidade. Que ainda não é o seu caso. No ataque de Hamilton, aproveitou-se bem da maior velocidade final da Williams para impedir a ultrapassagem. Obteve brilhante segunda colocação. Terceiro pódio seguido.
Nas últimas três etapas, Áustria, Grã-Bretanha e Alemanha, Bottas só não fez mais pontos que Hamilton. O inglês da Mercedes somou 58, de ser segundo, primeiro e terceiro, enquanto Bottas, 51, de um terceiro e dois segundos lugares. Até Rosberg obteve menos, 50 pontos, também em razão do abandono em Silverstone (câmbio). Daniel Ricciardo, Red Bull, somou 27, Fernando Alonso, Ferrari, 28, e Sebastian Vettel, Red Bull, 22.
Bottas reside em Mônaco, ao lado de Nice. Voamos juntos, quarta-feira, de Nice para Frankfurt. Enquanto fazia o check in começamos a conversar e o papo se estendeu na sala da companhia aérea no aeroporto.
É um pessoa simples, bem diferente de Kimi Raikkonen. Puxa assunto, não recusa expor o que pensa. Ele desejava saber como tinha terminado a história do Fric. E eu lhe disse não ter havido acordo entre as equipes, já esperado, e o recurso estava proibido. Me contou que isso ajudaria a Williams, pois o Fric melhorava muito pouco o tempo de volta do modelo FW36-Mercedes.
O piloto sabe exatamente o que faz. É metódico, estudioso, trabalhador. Sexta-feira, depois de ser apenas o décimo nos treinos livres, disse-me às 21 horas, quando deixava o autódromo, que teria de mudar muita coisa no carro. Até aquela hora estudava com o seu engenheiro, Jonathan Eddolls, bastante jovem também, o que fazer para começar o sábado com um acerto bem melhor que o da sexta-feira. Resultado: segundo no grid.
Bottas é rápido e constante, reflexo de um cidadão capaz de isolar suas emoções quando pilota. Não colocou uma roda fora da trajetória o fim de semana todo. E ainda começou tarde a preparação para a definição do grid e a corrida por a Williams, incrivelmente, ter cedido seu carro para Suzie Wolff pilotá-lo.
Para aumentar o show, deixou a Williams da esposa do sócio do time, Toto Wolff, também sócio e diretor da Mercedes, inicialmente com 40 quilos a menos de gasolina que Felipe Massa. Como seu tempo ficou a dois décimos do de Massa, a ideia que passou foi de uma superperformance. É necessário, dizer, porém, que apesar do handicap favorável, Suzie andou bem, em especial para quem não tem experiência.
Como a Williams tem como meta ser vice-campeã entre os construtores e Bottas é o piloto que mais pontos traz para a escuderia, seria inteligente parar com esses shows e permitir ao finlandês trabalhar o tempo todo. Além de Suzie, o brasiliense Felipe Nasr também treina com seu carro esporadicamente. A Red Bull soma 188 pontos e a Williams, terceira, 121. Passou a Ferrari, agora quarta com 116, com o terceiro pódio seguido de Bottas domingo.
Lewis Hamilton - 10
Ao lado de Fernando Alonso e Sebastian Vettel forma o trio dos pilotos mais talentosos da F1. Velocidade por velocidade, em uma volta lançada, é provável que seja hoje o número 1. Comete, contudo, por vezes, alguns erros, por estar sempre exigindo o máximo.
Mas em Hockenheim não teve um deslize sequer. O acidente na classificação decorreu do problema com o disco de freio. Largou em vigésimo e com sua imensa habilidade ascendeu à terceira colocação. E não fosse a competência de Bottas em não errar quando era atacado, Hamilton teria sido segundo. Cruzou 1 segundo atrás do finlandês.
Hamilton sempre expressa nas suas feições o que sente. Depois da corrida, respondeu sempre de forma monossilábica e manteve ar carrancudo. Já se manifestou mais de uma vez questionando as razões de seu carro apresentar mais problemas que o do companheiro, Rosberg.
A ruptura do disco de freio dianteiro direito da sua Mercedes levou a equipe a substituir o do carro de Rosberg para a corrida também por o de outra marca. O inglês se sente, por vezes, uma cobaia do time. Não está convivendo nada bem com o fato de estar atrás de Rosberg, de quem sempre esteve na frente, desde os tempos de kart. "É este ano um adversário bem mais difícil de ser vencido", diz.
Na sua cabeça, quando viu a eficiência do modelo W05 Hybrid da Mercedes, já nos primeiros testes, a conquista do seu segundo título era uma realidade bem próxima. As quatro vitórias seguidas, na segunda, terceira, quarta e quinta etapas do calendário, ratificaram sua impressão.
Mas depois de Mônaco, primeira vitória de Rosberg com ele na pista, Hamilton viu que a coisa não é bem assim. O companheiro cresceu muito. Lá no fundo da sua consciência, ainda que não expresse, o alemão tem preferências na equipe. Quem está lá no autódromo, do lado de Hamilton nas entrevistas, sente isso. É a opinião, também, de experientes jornalistas ingleses com algum acesso ao piloto. Lauda desmente categoricamente qualquer tipo de diferença no tratamento a ambos.
Sebastian Vettel - 7
O bom em pilotos como Vettel é que quando compreendem que não podem tirar tanto do carro quanto o companheiro, no caso Ricciardo, conseguem a proeza de não se deixar afetar por regularmente ser mais lento. E a partir do momento que entendem que com aquele carro, aquelas reações indesejáveis ao seu estilo, procuram crescer passo a passo, sem exercer uma pressão desumana sobre si, o que o levaria a ficar ainda mais distante de Ricciardo e, provavelmente, cometer muitos erros.
Se Felipe Massa adotasse a receita de Vettel, se envolveria em bem menos acidentes, além de, com as provas, provavelmente passaria andar bem mais próximo senão na sua frente em algumas ocasiões.
O grande mérito de Vettel este ano é exatamente esse. "Daniel tira mais do RB10 do que eu. Estou entendendo melhor como ser mais rápido com o carro, de comportamento bem distinto dos nossos últimos modelos." Repare, é claro na interpretação de suas dificuldades. E inteligente na resposta.
Dentro do que se propôs a fazer no fim de semana em Hockenheim, curiosamente pista onde não se dá muito bem, apesar de estar a meia hora de sua cidade, Heppenheim, o domingo foi positivo para Vettel. Largou em sexto, uma posição atrás de Ricciardo, três décimos mais lento, mas por conta de o australiano perder muitas posições no acidente da largada, terminou na sua frente, quarto diante de sexto.
O GP da Alemanha da Vettel foi melhor que suas últimas corridas. Sem ser brilhante em nenhum momento, mas fez o que se esperava de quem tinha um carro mais lento que as Mercedes e as Williams. No Circuito Hungaroring, domingo, deverá ter carro para, possivelmente, lutar pelo pódio, pois a unidade motriz, diante da sinuosidade do traçado e ausência de grandes retas, tem peso menor na performance geral do carro.
Fernando Alonso - 9
No sábado, depois da classificação, afirmou sobre o sétimo lugar no grid: "Não há surpresa, esse é o novo nível hoje". Antecipou, porém: "Na corrida muitos fatores interferem e considero as Red Bull e as McLaren vencíveis aqui". Recebeu a bandeirada em quinto, atrás de Vettel. Alonso tira mais do modelo F14T da Ferrari que qualquer outro piloto. É sua característica. Consegue ser razoavelmente veloz mesmo com um carro não equilibrado.
A luta com Ricciardo pelo terceiro lugar levantou os poucos torcedores que estavam nas arquibancadas e prendeu a respiração de alguns milhões de espectadores pelo mundo. Por volta na 50.ª volta, a 17 da bandeirada, Alonso disse a Andrea Stella, seu engenheiro, que os pneus estavam acabando.
Na 55.ª volta, Alonso entrou nos boxes para o terceiro pit stop. "A estratégia original era de duas paradas", contou o espanhol. Com os pneus supermacios, mesmo usados já, na classificação, seu carro passou ser muito mais rápido que o Red Bull de Ricciardo, que havia feito o terceiro pit stop na 46.ª volta, portanto nove voltas antes, e colocou pneus macios novos.
Os dois ficaram lado a lado em várias ocasiões, trocaram de posição por vezes. Ricciardo não aceitava a derrota. Mas a condição de Alonso era mais favorável e conseguiu vencer o duelo por 82 milésimos de segundo. Alonso o elogiou bastante. Pela competência e lisura na pista. Era uma clara referência ao duelo com Vettel, em Silverstone, em que, para o piloto da Ferrari, o alemão não respeitou algumas regras.
Daniel Ricciardo - 10
Ao lado de Bottas são as maravilhosas surpresas da temporada. Grande pilotos! Aos 25 anos, completados dia 1.º, é veloz, constante, agressivo por vezes, comedido em certos momentos, enfim, maduro. O finlandês e o australiano formam a base da nova geração de campeões. Defender-se com precisão, lealmente, de um ataque de Alonso e dar-lhe o X, retomar a posição perdida, é para poucos.
Teve de perder várias posições da largada para desviar da McLaren de Kevin Magnussen e da Williams de Massa, que colidiram na sua frente. Caiu da quinta colocação no grid para a 15.ª ao final da primeira volta, com o safety car na pista a fim de que os comissários limpassem todo tipo de detrito deixado pela Williams de Massa.
Com uma corrida semelhante a de Hamilton, Ricciardo foi ultrapassando os adversários até terminar em ótimo sexto. A nova versão da unidade motriz da Renault rendeu menos do que o piloto esperava, disse. Mas representou um passo avante. Na Hungria Ricciardo tem grande chance de obter um ótimo resultado.
Nico Hulkenberg - 7
A exemplo de Vettel na Red Bull, correu no limite do equipamento e fez o que se esperava de um bom piloto como ele. Foi mais eficiente que o companheiro, Sergio Perez, já que terminou a corrida diante da sua torcida, pois é alemão, em sétimo e o mexicano, décimo.
Jenson Button - 8
Conquistar apenas o 11.º tempo, não passar para o Q3, sábado, sendo que o companheiro, o estreante na temporada, Magnussen, obteve excelente quarto lugar, aumentou a pressão para o piloto inglês na relação com o sócio do time, Ron Dennis.
Mas em condição de corrida Button é superior ao seu potencial nas classificações. Lutou com o MP4/29-Mercedes as 67 voltas, elevou bastante o preço das ultrapassagens que sofreu, como na luta com Hamilton, em que chegaram a se tocar.
No fim, às custas de muito esforço, Button conseguiu o oitavo lugar, uma posição à frente de Magnussen. O campeão do mundo de 2009, pela Brawn GP, saiu do carro satisfeito, mas não gostou da agressividade "excessiva" de Hamilton.
Kevin Magnussen - 8
Excelente na classificação, quarto. É inegavelmente um piloto rápido. Sobre o acidente na largada: nessa hora todos estão disputando posição. Colocar a McLaren por dentro da curva 1 é o que qualquer piloto faria, na tentativa de, no seu caso, tentar ganhar o terceiro lugar de Massa.
Quando Massa entrou na curva buscando a trajetória ideal, sua tangência, Magnussen estava lá. E os dois se tocaram. Os comissários não tinham mesmo de punir ninguém, não houve culpado. A questão que ficou no ar é: o acidente poderia ser evitado? Sim, com certeza.
O tema foi abordado com destaque no meu último post no Blog.
Ao longo das 67 voltas do GP da Alemanha Magnussen correu com a faca entre os dentes, já que ao fim da primeira volta era apenas o 21.º colocado. Tirou o máximo que o limitado modelo MP4/29-Mercedes da McLaren lhe poderia permitir e ainda chegou em nono, mas uma volta atrás de Rosberg, vencedor.
Sergio Perez - 7
Com certeza preferiria o calor arrasador da sexta-feira e do sábado na corrida, domingo. Com o asfalto a 58 graus, como nos treinos livres e na classificação, o GP da Alemanha seria uma prova de resistência extrema para os pneus. E nesse quesito Perez talvez seja o mais capaz dos pilotos, a ponto de orientar a definição da estratégia da Force India para explorar a característica.
Mas em Hockenheim não foi possível tirar vantagem maior porque a temperatura do asfalto, domingo, caiu para 32 graus, diferença de impressionantes 26 graus a menos. A expectativa, sábado, era de quatro pit stops, o que poderia ser bom para Perez, que faria provavelmente três, mas com menos calor os dois primeiros, por exemplo, Rosberg e Bottas, precisaram de apenas dois pit stops. Com três e sem um bom ritmo Perez foi apenas o décimo.
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