Conflito deixa acervo de relíquias de Senna à venda por R$ 100 mil
Foram quase três décadas de existência como o mais conhecido fã clube de um dos maiores esportistas e para muitos o mais carismático da história do país. Agora, são três meses de inatividade após a extinção.
A TAS (Torcida Ayrton Senna), fundada em 1988, meses antes de o brasileiro conquistar seu primeiro título na Fórmula 1, alega falta de condições financeiras para se manter e disponibiliza seu acervo de relíquias do piloto por R$ 100 mil. A ideia é vender tudo para um mesmo comprador, e não os itens separadamente.
O acervo tem aproximadamente 200 itens, como três capacetes de F1, das temporadas de 1987, 1993 e 1994, um óculos, uma jaqueta e uma camiseta, dentre os itens pessoais utilizados pelo ídolo brasileiro. Mas a maior parte é formada por fotos, livros e revistas. Alguns dos itens foram dados pelos pais de Senna, enquanto outros foram coletados em intercâmbio com torcedores do mundo todo que mantinham relação com a TAS.
O fim da torcida está relacionado a um conflito entre seu presidente, Adilson Carvalho de Almeida, e a família Senna, que pediu de volta o imóvel que sediava o fã clube oficial, em Santana. A fundação da TAS teve apoio de Milton da Silva, pai do piloto, que em 1992 cedeu um dos imóveis da família para que Adilson colocasse o acervo de Ayrton, parte dele também cedido por Milton, sem cobrar nada.
Segundo Adilson, a não cobrança do aluguel do imóvel na Vila Maria, zona norte de São Paulo, era um reconhecimento do pai de Senna pelo trabalho realizado. Até que em 2013 a casa foi pedida de volta, mas ele foi realocado em um imóvel menor, também de posse da família, desta vez no bairro de Santana. Em julho, foi avisado por Viviane, irmã do ex-piloto, de que precisaria deixar a casa porque ela seria utilizada pela família.
Desde então, alugou um espaço no bairro do Jaçanã apenas para deixar o acervo, que colocou à venda. "Infelizmente, sem a sede social, a torcida acaba. São coisas que eu fazia com prazer, não tínhamos patrocinador nenhum pra isso", explicou Adilson, ao UOL Esporte.
Ele ressalta ser grato aos pais de Senna, Milton e Neide, pela ajuda que deram durante o tempo em que a torcida existiu. Mas reclama do tratamento recebido quando Viviane, irmã do piloto, decidiu que ele deixasse a casa, se dizendo desrespeitado. Também afirmou que o Instituto Ayrton Senna, presidido por Viviane, não dava o devido valor ao fã-clube.
"Em julho, a Viviane me pediu pra sair de lá e falou que eu tinha um mês pra isso. Ponderei e disse que um mês era pouco para tirar objetos grandes, como quadros. Depois, ela me notificou por meio de um advogado para sair da casa. Achei deselegante. Reconheço o apoio da família Senna, pai e mãe, durante todos os anos eles foram impecáveis. Mas percebo que de uns anos para cá o Instituto Ayrton Senna não reconhecia mais a TAS como algo importante. Sempre fomos atuantes quando ele estava vivo. Não havia mais reconhecimento. Fiquei chateado com tudo isso porque há um mês saí da casa e ela continua fechada", desabafou.
O presidente da torcida também alegou ter sido criticado pelo Instituto pela venda de alguns objetos, e se defendeu. "O Instituto me procurou falando que não era para eu vender nada até eles darem resposta. E uma semana depois a Bianca, filha da Viviane, me ligou para fazer desaforos e reclamar por estar ‘oferecendo alguma coisa que eles estavam me dando’. Falei que, se eu estava vendendo isso, era porque foi um presente e eu faria o que quisesse. Ela falou: ´esperávamos no mínimo que você doasse pro Instituto´. Falei que não doaria para eles deixaram lá guardado."
O Instituto Ayrton Senna foi procurado para comentar o caso, mas preferiu não se pronunciar.
Custos
Adilson diz que precisa vender os itens para arcar com os custos do aluguel do local onde está o acervo, e também para suprir gastos que teve com cinco cachorros que, segundo ele, tomaram conta dos imóveis. "Esse dinheiro é para pagar despesas. Tenho o aluguel para pagar e também os cachorros, que são idosos. E fizemos uma exposição em que gastei cerca de R$ 8 mil para colocar painéis para as fotos serem fixadas", explicou.
Ele também explica o motivo de querer comercializar apenas o “pacote”. "Não quero vender peça por peça. Queria que alguém comprasse tudo de uma vez, é menos sofrimento levar dia a dia para atender cada um", explicou.
"O preço é esse, sem qualquer exploração. R$ 100 mil é pouco, quero esse dinheiro para pagar as despesas. Muita gente fala pra eu colocar em site de leilões que ganho mais. Mas o objetivo não é esse. É por na aplicação e pagar esse aluguel [do local onde estão as peças] durante três anos, pagar a aplicação. Esse acervo não pode ficar muito tempo guardado, pois a umidade pode danificar", concluiu.
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