Topo

Fórmula 1

Estreia brilhante de Nasr na Fórmula 1 não é por acaso. Entenda por quê

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

15/03/2015 04h24

A chegada de Luiz Felipe de Oliveira Nasr, aos 22 anos, à Fórmula 1 está longe de ser uma coincidência. A carreira do brasiliense foi calculada meticulosamente e permitiu que o piloto chegasse bem preparado e com forte apoio financeiro em tempos em que a carência das categorias brasileiras faz com que seja mais difícil o aparecimento de jovens talentos nacionais.

Esse caminho foi traçado por seu pai, Samir, e seu tio, Amir, donos da Amir Nasr Racing, equipe brasileira com história na Fórmula 3 Sul-Americana, Stock Car e no Campeonato Brasileiro de Marcas, e começa em 2000, com a estreia no kart, quando Felipe tinha oito anos.

Os resultados não demoraram a vir e Felipe foi tricampeão brasileiro em 2004, 2006 e 2007. Chegara, então, a hora de dar o salto para os monopostos. Em 2008, estreou na Fórmula BMW com um terceiro lugar na corrida suporte da Fórmula 1, em sua única corrida até hoje em território nacional.

Sem categorias competitivas por aqui, Nasr foi para a Fórmula BMW europeia e dominou de forma impressionante o campeonato, ficando em primeiro ou segundo em 14 das 16 corridas. Conquistou o título com 392 pontos, contra 288 do vice Daniel Juncadella, que viria a ser piloto de testes da Fórmula 1.

O título teria dado a oportunidade de Felipe andar pela primeira vez em um Fórmula 1, pois parte do treino era testar com a BMW Sauber, mas a montadora alemã vendeu a equipe ao final daquele ano e a chance escapou.

Buscando um carro mais potente, Nasr foi para a Fórmula 3 Inglesa em 2010, correndo pela equipe de seu empresário, o mesmo que gerencia a carreira de Kimi Raikkonen, Steve Robertson. O brasileiro foi quinto, chegando ao título de maneira absoluta no ano seguinte, na equipe Carlin: sete vitórias e 81 pontos de diferença para o vice, seu então companheiro Kevin Magnussen, que está na F-1 com a McLaren.

Em 2012, foi para a GP2, que seria o último passo antes da Fórmula 1. Porém, enfrentou mais dificuldades do que o previsto. No primeiro ano, teve um segundo lugar na Bélgica como melhor resultado. Em 2013, mudou de equipe e foi quarto no campeonato. A primeira vitória, contudo, só viria em sua terceira temporada, quando chegou a lutar pelo título com Jolyon Palmer, mas perdeu o embalo no final e terminou em terceiro.

Juntamente à GP2, Nasr começou a parte final de seu plano: ganhar experiência com um carro de Fórmula 1. Um acordo com a Williams permitiu sua participação em testes destinados a jovens pilotos e em cinco sessões de treinos livres.

É com essa bagagem e o aporte de patrocinadores como o Banco do Brasil, que esteve com Nasr desde o início da carreira na Europa, que o brasileiro foi contratado para estrear como titular pela Sauber. O time, tradicional celeiro de talentos, vive uma fase difícil, com problemas financeiros, e vinha de sua primeira temporada sem conquistar um ponto sequer em 2014.

Com o quinto lugar de Nasr na Austrália, pelo menos essa escrita negativa está no passado. E o piloto, que fez a melhor estreia de um brasileiro na Fórmula 1, começa com o pé direito o último capítulo de uma caminhada que deve servir de modelo para os jovens pilotos brasileiros.

Fórmula 1