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Fórmula 1

Por corridas mais rápidas, pilotos comemoram volta do reabastecimento

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Monte Carlo (MON)

20/05/2015 14h31

As propostas radicais de mudanças na Fórmula 1 feitas pelo Conselho da categoria na semana passada foram bem recebidas pelos pilotos. A ideia de tornar as corridas mais velozes por meio de mudanças que aumentam a eficiência aerodinâmica dos carros e com o retorno do reabastecimento durante as provas deve trazer mais emoção, de acordo com os profissionais ouvidos pelo UOL Esporte no paddock do GP de Mônaco. Ainda que alguns tenham certas reservas.

"Obviamente há a questão da segurança - e foi por isso que o reabastecimento foi tirado das regras - e também o dinheiro, o custo", lembra Jenson Button, campeão do último ano em que os carros tinham tanques menores, em 2009. "Em termos de disputa, acho que era ótimo quando tínhamos reabastecimento. Se você tivesse um problema na primeira volta, você poderia mudar sua corrida, podia fazer algo diferente, enquanto agora é muito difícil."

Felipe Massa é outro que comemorou a proposta - ainda que acredite que é possível melhorar em relação ao que era feito até 2009. "O que seria importante é ter uma informação precisa sobre quanta gasolina cada carro tem, para ser algo mais inteligente em relação a quando tinha reabastecimento. Mas a questão é que todo mundo reclama que a corrida é lenta: para ela ser mais rápida, os carros têm de ser mais leves. Eu, pelo menos, como piloto, prefiro ter o reabastecimento", defendeu.

Estreando na Fórmula 1 neste ano, Felipe Nasr também se mostrou satisfeito. "Como piloto, acho que a Fórmula 1 pode ser mais rápida - principalmente nas corridas. O tanque cheio deixa as corridas bem mais lentas e acho que, não apenas nós, como também quem assistir, quer que os carros sejam mais rápidos."

CRIATIVIDADE
O venezuelano Pastor Maldonado, por sua vez, demonstrou apoio à possibilidade dos engenheiros terem mais liberdade no projeto dos carros. "As mudanças soam muito boas. Será importante trabalhar junto com a equipe para explorar algo diferente e inovar mais porque os carros estão cada vez mais parecidos um com o outro e acho que é a hora da Fórmula 1 liberar mais os caras espetaculares que trabalham aqui para explorar o topo da tecnologia. O reabastecimento também: por que não? Lembro que, no passado, isso estava fazendo com que o grid ficasse mais compacto, dando a chance para equipes médias competirem com as grandes. É algo a mais para a estratégia. Será divertido."

Experimente nesse tipo de mudança, com mais de 30 anos de Fórmula 1, o diretor técnico da Williams, Pat Symonds, contudo, prefere não comemorar antes da hora. "No momento, são apenas diretrizes. Como dizemos em inglês, o diabo está nos detalhes. É preciso saber exatamente como serão as regras, porque depende muito de como elas forem escritas. O que é importante, contudo, é pensar que não adianta voltar aos anos 80 ou 70. Temos de pensar em 2020 e no que as gerações mais novas querem ver", afirmou o engenheiro, com exclusividade ao UOL Esporte.

Outro que tem suas reservas é Fernando Alonso. O espanhol revelou que gostaria de ver o retorno da concorrência entre duas fabricantes de pneu.
"Acho que, se as mudanças acontecerem, vamos voltar a sete ou oito anos atrás, o que significa que fomos na direção errada nos últimos quatro ou cinco anos", lembrou o piloto.

"A competição entre duas fabricantes de pneu ajudaria a F-1 porque todos forçariam os limites. Poderia haver um pneu melhor para a classificação, outro mais forte na corrida ou em determinado circuito. Isso causaria resultados diferentes, e as pessoas gostam disso."

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