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Fórmula 1

Canadá tem estrutura apertada e improvisada. Mas ninguém na F-1 reclama

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Montreal (CAN)

05/06/2015 06h00

Eles pagam uma das menores taxas de todo o calendário para ter sua corrida. Do ponto de vista da logística, as equipes têm de fazer malabarismos para transportar todo o equipamento para o outro lado do Atlântico em meio à temporada europeia. E a estrutura física não é nem ampla, nem permanente, obrigando equipes e profissionais a ‘se apertar’ no paddock. Mas o GP do Canadá é um dos mais esperados de todo o campeonato da Fórmula 1.

A prova é realizada no circuito Gilles Villeneuve, em vias que, no restante do ano, ficam abertas ao público em um parque, no qual estão localizadas atrações como o Casino e a Raia Olímpica. E é a raia, inclusive, que limita o crescimento do paddock, que tem parte de sua estrutura montada sobre a água.

Apenas os boxes são permanentes. Tanto o local em que as equipes guardam seu material, quanto as salas de análise de dados e de reunião ficam em tendas, recriando um clima de anos 1980. A renovação dos contratos é sempre uma novela, e acredita-se que os organizadores não paguem mais do que 15 milhões de dólares por ano - enquanto Abu Dhabi e Bahrein, por exemplo, pagariam mais de 40 milhões anuais. Isso, no décimo país com maior PIB per capita do mundo, segundo dados do banco mundial.

Outra questão é a logística. Parte dos equipamentos chega em cargueiros despachados ainda em março, após o GP da Malásia. A medida visa economizar, uma vez que a data tradicional do GP canadense, no início de junho, ocorre em meio à temporada europeia. Ou seja, as equipes têm de enviar a maior parte do equipamento de Mônaco para suas fábricas, poucos dias depois para Montreal e, logo depois, encaminhar tudo de volta para a Europa. A próxima etapa acontece em duas semanas, na Áustria.

Mas ninguém reclama. “Sim, é improvisado e apertado, sem dúvida, mas acredito que todos nós preferimos ir para um país em que você percebe que as pessoas se interessam pela Fórmula 1 do que ir para um lugar como Xangai, em que você sequer percebe que vai ter uma corrida quando anda pelas ruas. Aqui as pessoas entendem bastante, conhecem vários pilotos. Eu compararia com Silverstone [na Inglaterra] nesse sentido”, opina o jornalista suíço Mathias Brunner, que acompanha a categoria há 33 anos - e fez sua primeira etapa justamente no Canadá, em 1982.

Boxes apertados, estrutura arcaica de um lado, fãs apaixonados do outro. Dá para comparar com o Brasil? Os profissionais da Fórmula 1 dizem que não, por um motivo importante: a segurança. “Aqui você volta andando para o hotel depois de jantar e só há um centro, então está todo mundo”, diz Brunner.

Para Felipe Nasr, que corre neste ano pela primeira vez no circuito, mas já esteve em Montreal ano passado, quando era piloto de testes da Williams, os organizadores canadenses fazem um bom trabalho considerando o pouco espaço disponível.

“É um espaço limitado, é uma ilha. Acho que eles fazem até um bom trabalho aqui, até mesmo os boxes têm espaço suficiente. Fica essa cara de provisório, mas eu não sinto um ambiente apertado. É uma estrutura bem feita.”

As corridas, claro, são outro fator que contam a favor da prova canadense. Como os muros estão próximos, o traçado é de alta velocidade e a aderência é baixa, as provas costumam ser movimentadas. E mais emoção é esperada para este final de semana. As atividades do GP do Canadá têm início com os treinos livres desta sexta-feira, com duas sessões de 1h30 começando às 11h e às 15h pelo horário de Brasília. A classificação será às 14h do sábado e a corrida, às 15h do domingo.

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