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'Ele era muito melhor do que eu': pilotos ressaltam talento de Bianchi

Velhos conhecidos de Bianchi, Maldonado e Massa estavam entre os mais emocionados no funeral de Bianchi - AP
Velhos conhecidos de Bianchi, Maldonado e Massa estavam entre os mais emocionados no funeral de Bianchi Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

23/07/2015 11h21

Um piloto admirado por seus pares, mas que não teve tempo de mostrar seu talento na Fórmula 1. É assim que os colegas descreveram Jules Bianchi nas primeiras entrevistas concedidas após a morte do francês, que não resistiu após nove meses em coma em consequência de um acidente sofrido no GP do Japão do ano passado.

Um dos mais abalados no funeral de Bianchi, que tinha 25 anos e não chegou a completar duas temporadas na Fórmula 1, sempre competindo pela pequena Marussia, Felipe Massa relembrou os feitos do francês. “Foi difícil estar lá na igreja e ver o que estava acontecendo. Mas tenho certeza de que ele está em um lugar bom agora. E desejo o melhor para sua família também”, disse o piloto da Williams, emocionado. “Jules era um grande amigo. Quando o conheci, ele ainda estava no kart, porque tínhamos o mesmo empresário [Nicolas Todt]. Era um menino fantástico, muito humilde, um ótimo piloto. Infelizmente, ele não teve a chance de mostrar seu talento em um carro competitivo – mas ele mostrou mesmo assim, como naquela corrida incrível em Mônaco, quando conseguiu pontuar com um carro fraco.”

Massa salientou que, quando os dois tiveram a oportunidade de correr com equipamentos similares, o talento de Bianchi ficou claro. “Corremos muitas vezes juntos, ele era o melhor kartista que eu vi. Era incrível vê-lo correndo. E, no kart, foi a única oportunidade que tivemos de correr em carros parecidos.”
Outro grande admirador de Bianchi é o também francês Romain Grosjean. “Acho que a primeira vez que ouvi algo sobre ele foi em 2003. Ele sempre foi muito melhor do que eu no kart, e ganhou tudo depois disso”, relembrou.

Roberto Merhi, que corre pela Manor, equipe que tem sua origem na Marussia, foi outro que conheceu Bianchi no kart – e também se impressionou. “Eu corri com ele pela primeira vez na Espanha, em 2002. Ele sempre era a referência, era o mais rápido. Fizemos algumas corridas juntos depois na F-Renault e ele ganhava tudo. Era o melhor talento que eu vi no esporte a motor. Na F-3, ele foi campeão com facilidade. É uma pena que não tenhamos visto o que ele seria capaz de fazer na F-1. Espero que ele esteja em um bom lugar agora.”

Felipe Nasr, por sua vez, viu de perto o talento de Bianchi apenas em uma oportunidade, durante o Desafio Internacional de Kart, evento promovido por Felipe Massa, e que teve o francês como vencedor, em 2013. “Só estive com ele na pista uma vez, em um evento de kart que o Felipe [Massa] fazia e tivemos a oportunidade de conversar. Dava para ver que ele era pessoa apaixonada, uma boa pessoa. Ele era uma grande referência em todas as categorias por que passou e tinha os ingredientes para ser um grande piloto e lutar algo maior no futuro na F-1.”

Naquela época, Bianchi era piloto de testes da Force India, equipe que conta hoje com Sergio Perez e Nico Hulkenberg. Ambos conheceram bem o francês: o mexicano esteve com ele na Academia de Pilotos da Ferrari e o alemão foi seu companheiro, tanto no time indiano, quanto na F-3 Europeia.

“Corri com ele na GP2, mas passei mais tempo com ele na academia da Ferrari. Dava para ver que ele era um piloto muito bom, mas também uma pessoa boa, porque todos gostavam dele”, testemunhou Perez. “Ele era humilde e humano. Acho que todos temos a mesma opinião: ele era um piloto especial que não teve a chance de mostrar seu valor na F-1. Não vê-lo nunca mais é muito chocante, é muito duro para todos, não apenas para o esporte. Porque você sabe que poderia ser você, poderia ser sua família. A família dele é a nossa família agora, estaremos junto com eles. E Jules sempre estará em nossos corações”, finalizou.

“Eu estava no meu segundo ano na F-3 quando ele chegou”, lembrou Hulkenberg. “E lembro de uma corrida em Mugello, quando eu larguei da pole e ele estava em segundo e lembro dele nos meus espelhos, forçando muito. Ele era muito faminto por sucesso, ainda que fora da pista fosse um cara muito legal. Todos vamos sentir falta dele.”

Os pilotos estão em Budapeste, na Hungria, onde disputarão a décima etapa do campeonato neste final de semana. As atividades de pista começam com duas sessões de 1h30 de treinos livres, com início às 5h e às 9h da sexta-feira pelo horário de Brasília. A largada é às 9h, no domingo. 

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