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Fórmula 1

De "playboy preguiçoso" a campeão, Button hoje luta contra aposentadoria

Do UOL, em São Paulo

06/08/2015 06h00

De prodígio a playboy, de 'nunca será' a campeão do mundo, Jenson Button viveu um pouco de tudo em seus 16 anos de Fórmula 1. E, sem contrato para o ano que vem, pode estar fazendo suas últimas provas na categoria.

O piloto mais experiente do atual grid, com 275 largadas, passou por um pouco de tudo na carreira. Foi vilão nos primeiros anos, perseguido pelos tabloides ingleses por seu gosto pela noite e mulheres, chegando a ser apelidado por Jacques Villeneuve de “garoto de boy band”. Correu por carros medianos até ir para a BAR em 2003 e começar a figurar nos pódios. A primeira vitória, contudo, demorou exatos 113 GPs para chegar - e aconteceu logo de forma espetacular, no travado circuito da Hungria e após largar em 14º, exatamente no dia 6 de agosto de 2006. “Que dia! Não poderia pensar em uma maneira melhor de ganhar minha primeira prova”, afirmou o inglês na época, naquele que seria apenas um dos momentos em que sua carreira parecia engrenar, mas não foi.

Button só repetiria o feito em 2009, após quase ter ficado desempregado pela primeira vez: só às  vésperas dos testes da pré-temporada fora confirmada a participação da Brawn, equipe formada a partir do espólio da Honda, que deixara a F-1 após uma série de fracassos. Sabendo que havia feito um carro forte, Ross Brawn, ex-diretor técnico da Ferrari, comprou o time que seria o dominante daquela temporada. E Button aproveitou a chance para vencer seis provas e conquistar o título antecipadamente.

Aos 29 anos, o inglês finalmente teria a chance de ir para uma equipe grande, a McLaren. Em cinco temporadas e meia, foram oito vitórias e resultados que, se não enchem os olhos, são sólidos, com destaque para o vice-campeonato de 2011, ano em que se tornou o único companheiro até hoje a superar Lewis Hamilton ao longo de um ano.

Porém, isso quase não foi o suficiente para mantê-lo na equipe de Woking ao final de 2014, com a chegada de Fernando Alonso. Aos 34 anos e sem ter o mesmo reconhecimento de outros campeões, como o próprio Hamilton, Vettel ou Alonso, teve de esperar até dezembro para ter sua vaga confirmada. E as especulações sobre sua continuidade em 2016 já começaram.

Playboy 'reformado'
Além de suas performances na pista, conta a favor de Button sua experiência e maneira de trabalhar. O inglês hoje tem fama de cavalheiro e de jogar pela equipe, além de ser um personagem querido no paddock. Não é incomum, por exemplo, ver pessoas usando a camiseta cor-de-rosa que serviu para homenagear seu pai, John Button, morto no início do ano passado. As camisas rosa eram marca registrada do ex-piloto de rali, presente em todas as corridas do filho.

Após a morte do pai, a família hoje é representada pela mãe em certas corridas e também pela esposa japonesa Jessica Michibata, parceira nos GPs e também em outra paixão do piloto: o triathlon. Button compete em nível profissional entre um e outro compromisso na Fórmula 1, resultado de um extenuante programa de treinos para manter a forma. Afinal, como, com 1,81m, é um dos pilotos mais altos do grid, Jenson tem de se manter extremamente magro para atender aos padrões da categoria, uma vez que o piloto é pesado junto do carro e as equipes trabalham o mais perto possível do peso mínimo regulamentar.

Mas Jessica também foi importante para Button abandonar de vez uma fama que lhe custou oportunidades no início da carreira. Quando estava na Benetton, Flavio Briatore o apelidou de “playboy preguiçoso”. E o próprio inglês não nega a fama. “Eu era jovem e estava curtindo. Admito que errei. Eu me deixei levar. Diverti-me muito mas não diria que perdi a mão. Ainda gosto de curtir, mas hoje sei que é mais seguro fazer isso a portas fechadas”, declarou.

Será que a maturidade e a experiência serão suficientes para salvar a vaga do piloto e deixá-lo próximo de se tornar o terceiro na história a ultrapassar a barreira das 300 largadas? Depois de tantas idas e vindas na carreira, ele já tem a receita: “Decidi no início do ano passado que viveria mais o momento, curtiria mais certos momentos, porque você dá algumas coisas na vida como garantidas.”

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