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Há 15 anos: Em GP marcado por choro de Schumi, F-1 vivia 1ª morte pós-Senna

Com a conquista no GP da Itália de 2000, Schumacher igualou número de conquistas de Senna - Mark Thompson/Getty Images
Com a conquista no GP da Itália de 2000, Schumacher igualou número de conquistas de Senna Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

10/09/2015 06h00

No GP da Itália de 2000, há exatos 15 anos, em uma época na qual a Fórmula 1 já acreditava ter aumentado significativamente sua segurança a ponto de deixar os acidentes fatais de lado, uma série de acontecimentos levou a categoria a conviver com a morte pela primeira vez após o acidente de Ayrton Senna, seis anos antes: atingido por um pneu, o bombeiro Paolo Gislimberti chegou a ser atendido, mas não resistiu aos ferimentos.

Gislimberti, de 33 anos, teve a morte confirmada logo após o final da corrida. De acordo com os médicos, o italiano, que além de bombeiro experiente era treinador de vôlei para jovens na região onde vivia, em Trento, teve uma parada cardíaca ocasionada pelo choque, além de lesões cranianas.

O acidente que causou a morte aconteceu na freada para a segunda chicane, ainda na primeira volta, e envolveu vários carros, entre eles as duas Jordan, de Jarno Trulli e Heinz-Harald Frentzen, e a Ferrari de Rubens Barrichello. Gislimberti, que tinha a experiência de ter trabalhado em 14 GPs como voluntário, não estava em sua posição usual, tendo parado para checar seu equipamento, quando foi atingido por um dos pneus que voaram com o impacto do acidente.

Com a força do impacto, seu capacete foi arremessado, tendo sido filmado dentro da pista. O acidente fez com que a Federação Internacional de Automobilismo revesse o sistema de braços de aço para prender os pneus aos carros no caso de acidentes, que havia sido implementado em 1999. Desde então, diversas tecnologias já foram usadas, diminuindo a frequência com que as rodas se soltam, mas o problema não está 100% resolvido até hoje.

Paolo Gislimberti - Arquivo/CEA Squadra Corse  - Arquivo/CEA Squadra Corse
Paolo Gislimberti (esq.) posa com Eddie Irvine
Imagem: Arquivo/CEA Squadra Corse
O acidente causou muita polêmica após a prova. Barrichello, que viu suas chances de título praticamente acabarem com o abandono, culpou Frentzen e pediu que o alemão fosse “banido por 10 corridas”. O piloto da Jordan, por sua vez, disse que o brasileiro antecipou a freada de propósito para atrapalhá-lo. A comoção pela morte do bombeiro também gerou críticas à segurança do circuito de Monza, com o promotor Bernie Ecclestone chegando a pedir que as chicanes fossem abolidas por serem “bobas e desnecessárias”. O então presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Max Mosley, prometeu rever as condições da pista. A direção de prova também foi muito criticada por não ter dado bandeira vermelha após o acidente.

O GP, contudo, acabou ficando marcado por outro episódio: ao vencer, Michael Schumacher igualou as 41 conquistas de Ayrton Senna e chorou na coletiva de imprensa. “Não tenho palavras para expressar meus sentimentos”, disse o alemão, então bicampeão do mundo.

Assim como na morte de Senna, chegou a ser cogitada a possibilidade de acusação de homicídio culposo por parte da família, mas o processo não foi adiante. No funeral, o caixão de Gislimberti, cuja esposa estava grávida de cinco meses, estava coberto com a bandeira da Ferrari. A cerimônia contou com diversas personalidades da Fórmula 1 da época, como o ex-piloto de testes da Ferrari Luca Badoer e o ex-chefe da Scuderia Stefano Domenicali. Frentzen, cuja roda acertou o bombeiro, também esteve presente, ao lado do italiano Jarno Trulli e do argentino Gaston Mazzacane.

A morte de Gislimberti também foi a primeira de alguém que trabalhava na pista desde o mecânico da Osella, Giovanni Amadeo, em 1981. Desde 2000, aconteceram outras duas fatalidades com fiscais: no GP da Austrália de 2000, Graham Beveridge também foi atingido por uma roda e, no Canadá em 2013, Mark Robinson foi atropelado por um trator.

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