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Com venda 'para inglês ver', Lotus ainda está com o futuro incerto

Hoch Zwei/Xinhua
Imagem: Hoch Zwei/Xinhua

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

03/10/2015 06h00

A Renault anunciou a assinatura de uma “carta de intenção” para a compra da equipe Lotus no início da semana. Mas isso não quer dizer que o negócio vai sair do papel. Tudo não passa de uma manobra para evitar que a equipe, em delicada situação econômica, entre em processo de falência na Inglaterra.

Administrada pelo grupo de investimentos baseado em Luxemburgo Genii, que comprou a equipe da própria Renault ao final de 2009, a Lotus deve quase 1,4 milhão de dólares apenas em dívidas com o tesouro britânico e teria suas operações congeladas nesta semana caso não aparecesse um comprador ou outra forma de crédito. Com a divulgação da carta de intenção por parte da Renault, a corte britânica estendeu o prazo para que haja uma solução até o início de dezembro.

Segundo o documento, “o Grupo Renault e a Gravity (uma das empresas ligadas à Genii) se encontrarão nas próximas semanas para fazer desse empreendimento inicial uma transação definitiva, contando que todos os termos e condições estejam claros entre eles e outras partes.”

Preterida pela Red Bull, a Renault atualmente não tem nenhuma equipe contratada para o fornecimento de motores em 2016 e avalia sua posição no esporte no futuro. O presidente Carlos Ghosn já avisou que, ou a empresa volta a ser dona de equipe, ou se retira completamente da categoria.

Disk-pizza
As dificuldades financeiras da Lotus são conhecidas há pelo menos dois anos, quando os pilotos Romain Grosjean e Kimi Raikkonen tiveram atrasos em seus salários. A situação se deteriorou rapidamente nos últimos meses, com a presença de oficiais de justiça devido a uma pendência financeira com o ex-piloto de testes Charles Pic na Bélgica e o atraso para a chegada dos equipamentos da equipe para as provas da Itália, Cingapura e Japão.

Em Suzuka, a equipe teve de trabalhar apenas com parte das instalações disponíveis, fazendo com que mecânicos e engenheiros tivessem de recorrer à entrega de comida no paddock para se alimentar. Normalmente, cada equipe tem seus cozinheiros.

A situação é tão dramática que, no GP da Hungria, a Lotus não participou de um dos treinos livres por falta de pneus. A situação só foi normalizada depois que um débito com a Pirelli foi quitado.

Acredita-se que o promotor da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, esteja ajudando a equipe com a folha de pagamento. O inglês já adiantara em anos anteriores a parcela que cabe à Lotus pelos direitos comerciais da categoria. No entanto, se o time não fechar com a Renault, corre sério risco de extinção.

Primeiro time de Senna
A equipe atualmente conhecida como Lotus nada tem a ver com a histórica Lotus de Colin Chapman, imbatível nos anos 60 e 70. Ela tem sua origem na Toleman, pela qual Ayrton Senna estreou na Fórmula 1 em 1984. O time, hoje sediado em Enstone, Inglaterra, foi vendido para a Benetton e, posteriormente, para a Renault, chegando ao título mundial de pilotos em quatro oportunidades - duas delas com Michael Schumacher, em 94 e 95, e duas com Fernando Alonso, em 2005 e 2006.

A Renault é outro nome tradicional na Fórmula 1. Desde 1977, com algumas idas e vindas, os franceses foram fornecedores de motores. A empresa também foi dona de equipe em dois períodos, entre 1977 e 1985 e entre 2002 e 2010.

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