Cada vez mais precoces, pilotos sofrem para conciliar estudos e corridas
Eles começam no kart antes do 10 anos - no caso do prodígio Max Verstappen, piloto mais jovem da história a estrear na Fórmula 1, aos 4 - e, ao mesmo tempo em que iniciam cedo a conviver com a pressão e os compromissos da vida de piloto, precisam terminar os estudos. Afinal, abandonar a escola e apostar totalmente na carreira dentro das pistas é uma opção que nem todos podem fazer.
“Acabei o colégio e fiz os exames. Então, se eu quiser ir para a universidade amanhã, eu posso”, se orgulha Carlos Sainz, de 21 anos, em entrevista ao UOL Esporte. “Mas foi muito duro: lembro que foi o ano mais duro da minha vida, tendo de fazer ao mesmo tempo o último ano de colegial sem poder repetir e disputando todas as corridas. Mas eu sabia que, tanto a curto prazo, quando a longo, era algo que iria me ajudar.”
Sainz lembra de ter voltado das corridas no domingo e varado a noite para estudar para provas na segunda-feira. A ‘vida dupla’ também o deixava com mais trabalho nas competições de kart, pois tinha menos tempo que outros pilotos para treinar.
“Eu chegava às pistas na sexta-feira de manhã, enquanto outros pilotos estavam lá desde a quarta-feira, treinando. Se isso me ajudava a aprender mais rápido, eu acho que sim. Mas o kart é algo que você tem de encarar como uma escola, não pode ser a coisa mais importante de sua vida. Até porque do kart até a Fórmula 1 existe um mundo inteiro e você não sabe se vai chegar lá.”
Sainz trocou os karts pelos carros de fórmula aos 15 anos e passou a fazer parte do programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, mas ainda assim seguiu estudando, em Madri. “Hoje isso me ajuda a falar com pessoas como você de maneira mais madura, de ter cultura, de saber conversar quando tenho que sentar com um patrocinador e preciso falar sobre mais coisas do que apenas corridas.”
Mesmo tendo estreado na Fórmula 1 com 17 anos, Max Verstappen disse ter se formado na Holanda - e garantiu que não deixou a carreira atrapalhar suas notas. “Se eu quisesse, eu era um bom estudante. Sempre ficava em um nível alto, mesmo junto das corridas. Agora eu terminei, mas no final era muito difícil acompanhar, especialmente tendo uma chance como esta. É algo que só acontece uma vez na vida, então dá para terminar a escola depois. Eu sempre tive um plano: se não conseguisse chegar à Fórmula 1, correria em alguma outra categoria.”
Mas nem todos conseguiram o diploma. Fernando Alonso, que estreou na F-1 com 19 anos, é um dos que não terminou os estudos apesar dos esforços de seu pai, que viajava, de carro, por 2000km até a Itália na época de kart para que o menino estivesse de volta na segunda-feira de manhã depois das corridas.
Marcus Ericsson, da Sauber, é outro que foi obrigado a parar. “Eu fiz a escola até quando eu tinha 18 anos e depois mudei para o Japão para fazer a F-3 e parei de estudar, tive que focar apenas nas corridas. Não foi fácil. Desde os 13 anos, quando estava já no kart profissional, comecei a viajar muito. Até conseguia conciliar, mas em determinado ponto eu tive de decidir, foquei nas corridas, e acho que foi o certo.”
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.