Crítico da F1 atual, Berger admite que dorme durante GPs: 'Perfeito demais'
Dono de um currículo de 210 GPs, a maioria disputada em um período considerado áureo na história da Fórmula 1, ao lado de pilotos como Ayrton Senna, Alain Prost, Nelson Piquet e Nigel Mansell, o austríaco Gerhard Berger não esconde sua insatisfação com os atuais rumos da categoria. E admite que chega a dormir durante as provas.
“Na verdade, às vezes eu durmo vendo a corrida na TV, porque eu já sei, depois da primeira volta, quem vai vencer”, disse à Auto Motor und Sport. “O esporte está perfeito demais, controlado demais.”
Para Berger, o regulamento tem de mudar para fazer com que os carros sejam mais difíceis de serem pilotados. “Em 1986, pilotávamos um carro de 1.400cv [hoje a potência fica entre 800 e 900cv]. Sem ajudas eletrônicas. Sem uma aerodinâmica perfeita, como se pilotasse um carro em um trilho. Hoje as pistas são perfeitas e os carros poderiam ter mais potência. As corridas parecem uma exibição de patinação com uma tecnologia insanamente complicada.”
O piloto acredita que, “quando um piloto estreante fica a 0s3 do melhor tempo depois de um dia na pista, isso quer dizer que o nível não está alto o bastante. E isso precisa ser mudado. O carro tem de ter mais potência do que aderência.”
Perguntado se o atual período de domínio da Mercedes não seria semelhante ao que ele mesmo viveu ao lado de Ayrton Senna na McLaren, o austríaco citou algumas diferenças que considera importantes: “Pilotávamos no limite. As corridas eram imprevisíveis, porque havia muitas quebras. Ou porque muitas coisas podiam acontecer. Alguém fica sem combustível hoje? O esporte hoje é tão perfeito que um carro dominante afeta mais a questão do entretenimento. Os erros não eram perdoados. Quem estava rápido demais acabava no guard rail. Hoje eles escapam porque há várias áreas de escape.”
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