Por que o formato do treino classificatório virou motivo de briga na F-1?
As equipes foram contra desde o começo. Os pilotos sempre deixaram claro sua indignação. E os fãs tiveram de concordar após dois sábados em que faltou carro na pista e emoção na definição do grid de largada das primeiras etapas da temporada da Fórmula 1. Então por que demorou quase dois meses para o novo formato virar peça de museu?
Toda a polêmica está intimamente ligada a uma disputa pelo poder que ocorre atualmente nos bastidores da categoria. Descontentes com a perda de poder decisório dos últimos anos, especialmente após a criação do Grupo de Estratégia, o presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Jean Todt, e o CEO da empresa que detém os direitos comerciais, Bernie Ecclestone, uniram forças para retomar o controle.
Os sinais do racha ficaram mais claros a partir do final do ano passado, quando Ecclestone ameaçou impor a adoção de um motor alternativo para competir com os V6 turbo híbridos em 2017. Porém, acordos que diminuíram o custo das atuais unidades de potência barraram a ideia.
Em fevereiro, quando as equipes já faziam a pré-temporada, uma nova decisão unilateral, da FIA, alterou a classificação, com a adoção de eliminações a cada 90s. Com a pole position sendo decidida minutos antes do final do treino na prova inaugural, na Ausrtália, e vários períodos em que a pista ficou vazia, justamente em decorrência da dinâmica do novo sistema, os times chegaram a entrar em acordo para retornar ao sistema de 2015 ainda em Melbourne.
Christian Horner, chefe da Red Bull, chegou a dizer na época que "deveríamos pedir desculpas aos fãs porque não fizemos um show. Tentamos e não funcionou. Acho que algo tem de ser feito antes do Bahrein [palco da próxima etapa, daqui a duas semanas]."
No entanto, nos dias seguintes, a FIA e a FOM convocaram as equipes para a votação definitiva a respeito da classificação, mas não deram como opção o retorno ao treino de 2015, como os times queriam. Assim, o formato de 2016 foi mantido para a segunda etapa, no Bahrein.
Após mais uma sessão morna, a pressão novamente foi forte para que houvesse uma mudança. Desta vez, a FIA acenou com a possibilidade da adoção de uma classficação com tempos agregados de duas sessões, algo que chegou a ser tentado em 2005, mas não funcionou.
Mais uma vez, o plano seria levar à Comissão de F-1 duas propostas, sendo que nenhuma delas seria o retorno ao sistema de 2015. Porém, desta vez os times se adiantaram e publicaram uma carta em que pediam, com uma unanimidade incomum na categoria, a volta do formato anterior. Acuados, FIA e FOM decidiram ceder e a classificação nos moldes do ano passado está garantida para o GP da China. Ou até que apareça mais um capítulo nesta briga pelo poder.
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